quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Veeeeeeeeeeeeeeeeeeem

Não leia este blog, se você não quer sofrer. Já não devo mais nada. O mundo dá voltas. E ai pergunto se ele der mais uma, você suportaria? Não quero nem saber, eu levanto, me firmo, ai me passam a rasteira. Mas levanto de novo doido, aqui é mistura de sangue espanhol com italiano. O mesmo que fundou o Corinthians. Haja força. Mas dessa vez logo aviso, não tem capa e nem toro. Eu estou é com espada e escudo. De batalha em batalha, ganhamos a guerra e quero ver quem me derruba agora.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

La SaLa RoJa

A pista vazia. As luzes e as paredes vermelhas. O som a base de Fela Kuti. O DJ tocava só pra mim. E meu corpo refletia o som que entrava em meus ouvidos. Fazia tempo que precisava escutar um som assim. Na barra quatro chupitos de tequila. Na boca o sabor do limao. Na mente um texto pronto. O corpo mexia-se. O som tocava. O DJ entendia. Os olhos fechados. Um sorriso estampado. Antonio bebado no sofá vermelho. Convido. Antonio nao se mexe. Grito: Ou voce se levanta ou te aviso que meus dias estao acabando. Ele rapidamente começa a dançar. Pausa. Antonio é um dos meus melhores amigos daqui. Sábio, sincero, boca aberta, amigo, gay, brasileiro, trabalhador e festeiro. Dança como só ele. E a pista já está pequena. As pessoas dançam como se fosse o último dia. De Michael Jackson a Prince. A pista bomba. Um ar de madureira invade, convida e provoca. Encontros e desencontros. Barcelona é pequena. A imagem registrada é vermelha. Um copo amarelo e o outro incolor. Isso significa que eu e Keke estamos bebendo. O calor dentro. O frio fora. Sexta-feira. Toda sexta-feira é noite de sala roja.

Saudade Esquecida

Em dias nublados a gente espera um vento forte, para que passe, para que leve e para que clareie o dia e a minha mente que borbulha interrogações. Depois do vento forte, eu sei, serão apenas exclamações. Enquanto isso num frio gelado europeu, eles aparecem virtualmente com palavras surpreendedoras. Cada um numa vibe, num momento. Já parei de julgar. Cada um é cada um e ponto. Eu amo vocês absurdamente. E a saudade de vocês se misturou rapidamente com a minha saudade e foi tenso. E não há mais nada que possa escrever, quando eu já escrevi tudo há 6 anos atrás:

Eu tinha saudade.
Eu tinha saudade,
E não sabia.

Era isso o que me consumia.
Eu simplesmente não sabia,
O que me faltava era tão pouco.
Bastava apenas estar do lado,
Dizer algumas coisas,
Escutar algumas outras,
E sorrir do jeito que só nós sorrimos.

Eu tinha saudade.
Isso eu deveria saber.
Que era só a saudade,
Só a saudade que me faltava.

Só a saudade que me traz um bem,
A saudade que quero viver quase todos os dias.
A saudade que queria que muita gente conhecesse
E ao mesmo tempo, ninguém...
Basta nós!
Basta nós,
Nós que tínhamos saudade,
Saudade esquecida,
Saudade enriquecida.

Eu tenho saudade,
E gosto de té-la.
Agora eu sei,
Sei que não me falta,
Mas me falta de vez em quando.

Mari 09/06/02

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O senhor e a Guerra Civil Espanhola

O relógio marca dez horas da manhã. Ele está sentado num banquinho de uma praça. Parece até que espera ansioso alguém chegar. O senhor está com uma calça cinza, uma camisa azul bebê, um colete de lã bege por cima e uma boina xadrez. Com uma aparência de 87 anos, ele segura um jornal com uma mão e com a outra a sua bengala. O seu olhar só se desvia do jornal quando ela se aproxima. Ele sorri tranquilamente. Ela com aparência de 84 anos senta cuidadosamente ao seu lado e começam a conversar, entre tosses e risadas. Depois de vinte e cinco minutos, ela se levanta cuidadosamente, se despede e caminha uns 30 passos pequenos até a porta da sua casa, exatamente atrás do banquinho que estou sentada. Ele ainda a olha com um sorriso. São amigos, ou paixão nunca vivida. Ele volta a ler o jornal. Página por página. Quando termina, sou eu quem está sentada ao seu lado. Ele me olha com cara de espanto.

- Você é aquele menina jovem que estava sentada naquele banco! Fala ele apontando para frente.
- Sim, sou eu.
Ele olha para o banco vazio, arruma a boina e deixa o jornal de lado.
- Você tem cara de italiana!
- Haha! Que raro! Minha mãe é italiana!
- Acertei! diz ele com um sorriso de avó.
- Não. Eu sou brasileira! Minha mãe é italiana e meu pai espanhol.
- Teu pai é espanhol????
- Sim, de Zaragoza!
- Ah, ele é maño.
- Si!
- Os maños são assim: pessoas muito boas, mas tem uma cabeça turrona!
- É, eu sei.
- Você mora com seus pais?
- No Brasil sim, aqui não. Moro sozinha.
- E o que você faz em Barcelona?
- Vim dar um tempo, pensar na minha vida.
- E já pensou?
- Demais.
- O tempo que mais pensei na minha vida foi na guerra civil espanhola. Tinha 17 anos. Você sabia que aqui foi a primeira cidade espanhola atingida pelas bombas?
- Sei, tem até as marcas das bombas numa igreja perto de uma antiga escola, não?
- Isso! Lá foram as primeiras bombas. Eu morava ali do lado. Minha mãe estava comigo e com meus 2 irmãos mais novos. Aquele dia, meu pai que era republicano, acordou cedo e disse a minha mãe que maus ventos estavam chegando. E por isso pediu a minha mãe que ninguém fosse para escola naquele dia. Saiu de casa para ir até a casa do tio Jordi, que tinha um rádio e todo os amigos do meu pai e do meu tio, que eram também republicanos iam todos os dias lá para escutar as notícias. Foi bem nesse tempo, que os aviões começaram a soltar as bombas. A minha mãe já estava preparada com todos os colchões de nossas camas ali bem perto de nós na sala. Quando escutamos a primeira bomba, mamãe nos colocou embaixo de 4 colchões. Assim, se a parede caísse, não nos machucaria.
- A minha avó também fez isso!!!!!! A minha tia já me contou isso várias vezes.
- Mas em Zaragoza?
- Não sei direito. Porque meu pai morou aqui dois antes de ir para o Brasil. Se bem que meu pai não era nascido na guerra. Deve ter sido em Zaragoza.
- Você consegue imaginar isso daqui há tempos atrás cheio de gente se matando?
- Não. Deve ter sido muito triste.
- E foi. Porque a Espanha foi um palco da guerra. Porque Franco pediu ajuda para Alemanha e para Itália. E os republicanos aos russos. Imagina a baderna que virou a Espanha. Todo mundo aqui lutando. Muita gente morreu, mais de 1 milhão de pessoas!!! E dentro delas, meus dois melhores amigos.
- ahhhhhhhhh
- É nena, não precisa chorar e nem ficar triste. Já passou.
- Desculpe. Não me contive. É que imaginei eu perdendo meus dois melhores amigos numa guerra aos 18 anos. Acho que eu teria morrido junto.
- Você não morreria!
- Acho que sim!!!
- Não nena. Você faria como eu. Lutaria por eles. Lutaria para um país melhor. Lutaria para acabar com a vida daqueles hijos de puta malditos!
- E seus pais e seus irmãos?
- A minha família ficou bem. Passamos fome, ficamos pobres. Não podíamos nem falar catalão na rua. Sabia disso?
- Sabia! Eu admiro os catalaes por isso. Vocês passaram por tempos muito tristes e resistiram!
- Claro! Hay que luchar siempre! Até agora eu luto com essa bengala maldita.
- hahahahahaa
- Você ri né? Sinto saudade de andar por ai só com minhas pernas. E agora isso. O mundo de novo em crise. Onde vamos parar?
- Eu é que te pergunto!
- Eu já não sei mais nada. As pessoas todas estão loucas. Olha o cabelo dessa nova geração!!!
- É um pouco moderno demais. Falo eu
- Moderno? Isso é ridículo!!!
- hahahaha

Ele se levanta e se despede. Beija minha mão. Diz que tenho a idade de sua neta. Vai andando tortamente com sua bengala em direção a calle Diputacio. E eu fico olhando para os prédios, pensando que não deve existir coisa pior do que passar por uma guerra, mas que às vezes, depois que ela passa, coisas boas surgem. Há diferenças entre um povo que passou por uma guerra daquele que nunca imaginou que possa ter existido uma. E isso você só percebe quando vive num país pós-guerra.

Mude-se

2008 o ano do rato, o ano de mudanças. Hoje entendi. O ano foi tão forte que embaralhou a mente até de uma formiga. Todo mundo mudou. Até o mundo, que aos poucos vai caindo conforme a economia que gira, que não gira, que se explode em qualquer esquina.

Um ano de esperanças, de casamentos, de filhos nascendo, de encontros desencontrados. Parece até que perdemos a hora. Está tudo de ponta cabeça e são poucos que plantam bananeira e caminham pelas ruas que estão sem semáforos. Sinalizar o que? Se já estamos sem ordens, sem sinais e sem direção. O ano que apontava soluções, cordões e mudanças para uma vida melhor, surpreendeu a todos. Quem disse que esse era o recado? Quem disse que passar por mudanças é fácil e leve? A cada mudança um coração partido, um bolso sem dinheiro, uma cerveja pela metade abandonada numa barra qualquer de um bar.

Se Einstein estivesse vivo nos diria que até o Universo mudou, que as estrelas moveram-se de lugar, por mais que estejam mortas. A lua, podem observar, fica no máximo fica 2 dias cheia. E entre tantas pessoas indo e vindo, e entre tantas bolsas subindo e caindo e entre tantas tentativas de registrar o momento numa câmera, eu posso dizer que mudanças são sempre bem-vindas. E que 2009 seja o ano de concretizações de boas idéias, porque ai só faltarão 3 anos para a limpeza total do universo, o calendário Maia.

Aviso aos navegantes desse mundo...

Existia dentro de mim duas Mari. A Mari que diz não e a Mari que diz sim. A mari que diz não cresceu comigo, perdeu muitas coisas por ser radical, mas é forte e tem um orgulho maior que minha alma. A Mari que diz sim nasceu aqui em Barcelona, ela é mais fraca, mais sentimental e muito mais na paz. Hoje numa conversa com um sábio Pai, eu assassinei a Mari que diz sim. E a única coisa que tenho para dizer é ME CAGO EM TUS MUERTOS. E cuidado, nunca diga isso a um gitano!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Desabafo, anjo e el niño de pijamas

Num dia em que muita gente te pede conselho, eu dou conselho para aquele que não quer ouvir. Na verdade não é conselho, é história. História que passou, que marcou e que machucou. A raiva só passou depois de 3 meses rezando quase todos os dias em desespero. Não é bom sentir raiva de alguém, bom mesmo é desejar sorte e sentir-se leve. Mas hoje, a casa caiu. Não para mim. Mas para alguém que devo. O anjo. O anjo que se abasteceu de raiva e de querer retribuir o que não se deve retribuir. Sacudo. Hoje é ele que precisa ser sacudido, não eu. Sacudo e imploro: me escuta!!! Sei que tenho menos 20 anos que você, mais isso aconteceu comigo. E vocês só vão se machucar, sociedade é assim. Se ele te cutuca, você sai por cima. Essa é a regra, por mais que seja difícil. Mas mesmo assim, ele não me escuta e vejo o anjo quase caindo no chão, sem asas para voar. A última tentativa: Já viu o filme El Niño de Pijamas con Rayas? Então, você não precisa fazer nada. A vida já faz. E ponto. Mas o anjo está cego, assim como eu estava. E isso me parte o coração. Sabe por quê? Porque ainda lembro da última ligação que recebi antes de pegar o avião pra cá. Seja humilde, dizia ela, seja humilde. Ela já tinha me ensinado isso, além de milhares de outras coisas que já me ensinou na vida. Mas essa frase entrou dentro do meu corpo e fez-se do meu corpo e da minha mente. Seja simplesmente humilde....E foi a humildade que lhe faltaram....

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Cantamos lo que somos y lo que se ha cantado, se ha dejado"

1,2,3 gravando!! A cada passo que dou pela rua, uma palma de flamenco, marca e soa o meu passo. Mas ai o jazz se mistura suavemente com o flamenco. E ai eu tenho certeza: estou numa película. De fato, só eu existo. Todas as outras pessoas são obviamente personagens da película. E com uma trilha sonora fatal. Tem horas que é hardcore, tem horas que é o reggae mais puro, tem horas que é jazz, é rap, é samba de raiz, é rock. Cada tempo tem sua trilha sonora. E a cada trilha sonora, uma sintonia com o andar das pessoas, dos carros, do vôo dos pássaros. Tudo anda e está conforme a trilha sonora. Até mesmo a expressão do meu rosto.

Quando eu estou conversando com você, eu estou de fato te provocando. Quando eu escrevo, eu te provoco. Quando eu bebo uma cerveja com você, eu estou te provocando. Quando te olho, eu simplesmente te provoco. Quando eu corro, quando te beijo, quando te abraço, quando eu danço, quando eu choro, quando eu sorrio, eu te provoco. E a música quando soa em meus ouvidos, é ela que me provoca. Deu para entender? É mais simples do que parece. Corta!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

De Barcelona à Jeri


O gosto amargo em minha boca e o medo que existe dentro de mim me faz correr até a praia. Assim numa tarde de uma terça-feira, numa praia vazia com um céu azul sem nenhuma nuvem e uma temperatura de 24 graus. Bocadillo e uma cerveja. Precisa de mais alguma coisa? Bem ali do lado um casal que admiro: Tati e Marcelo. O mar sem nenhuma onda, mas repleto de alunos de windsurf. Às vezes isso daqui me lembra Jeri...

domingo, 19 de outubro de 2008

O mundo infinito

A janela do quarto está aberta como todos os dias. Não importa se está calor ou frio, ela sempre está aberta. Através dela escuto quase tudo o que acontece no prédio. Quem está sofrendo subindo as escadas, quem está cozinhando e até quem está no msn. Mas hoje a janela me traz jazz. Um puro e suave jazz. Gracias vecino. O jazz entra no meu quarto enquanto uma frase martela a minha cabeça: Una pizarra mal escrita. Esse é o tema do meu primeiro relato em espanhol.

Sentada numa cadeira em volta de 15 pessoas, sou a mais nova e a única de fora da Espanha. Todos se apresentam e confessam que não conseguem terminar um conto, uma história. Querem saber porque um livro é tão bom e outro tão é chato. Eles têm tantas perguntas, que me assusto. Eles me olham... e eu não tenho perguntas, só tenho mesmo é falta de inspiração para meu livro.

Por que escrevemos? Foi a primeira pergunta que ele fez. E enquanto todos iam dizendo tudo que vinha na cabeça, eu fiquei minutos pensando. E eu só tinha uma resposta: Porque necessito! Porque necessito desabafar!! Mas a resposta correta não é essa. Escrevemos porque temos algo a dizer para alguém (leitor). Isso me fez lembrar da minha primeira aula de jornalismo. E isso me irritou. Maldito ciclo. Mas ai, ele me acordou: A literatura é um mundo infinito. Puta que pariu, a literatura é um mundo infinito na qual você caminha sem percepção de encontrar uma saída. Depois dessa conclusão, dei um passo à frente e falei para mim mesma: Bem-vinda ao mundo infinito Mari!

A literatura se divide em duas partes: superficial e profunda. Nunca tinha parado para pensar nisso e muito menos antes de começar a escrever. Sim, porque se você tem na cabeça a superficial e a profunda antes de escrever, você tem o que você quiser, um relato, uma poesia, uma narrativa, uma criativa, um romance, uma análise até. Foi aí que olhei para frente e vi o menino Lucas e o Urso me olhando. Eu sabia o que eles faziam ali. Eles queriam saber se eu tinha a superficial e a profunda. Tive vergonha. Desviei o olhar e comecei a pensar. Estou escrevendo um livro infantil. Meus personagens têm tanta vida que os vejo às vezes andando comigo por Barcelona. Pode ser um papo de louca, mas se um dia você criou personagens, garanto, eles tem mais vida que você possa imaginar. Eu tenho personagens vivos e nunca me preocupei com a superficial e a profunda. Analisei durante um tempo e olhei para eles novamente e só pude dizer: UFA! E eles sentados no chão no meio da sala se abraçaram e deitaram. Estavam mais aliviados que eu. Sem saber, eu tinha e tenho a superficial e a profunda! Olhei de novo para os dois, estavam ali no chão trocando altas idéias. Pedi para que saíssem. Sim, sou ciumenta. Não quero que ninguém dali conheça os dois assim tão rápido. Eles saem tristes. Volto a prestar a atenção na aula. As comparações já passaram por Cem Anos de Solidão e por incrível que pareça os contos infantis estavam por ali, agora falávamos do Patinho Feio e da Chapeuzinho Vermelho.

Fim. Saio de lá e vou direto na Casa Portuguesa. Algo me diz que os dois estavam lá. Dito e feito. Seca para comer um Pastel de Belém, o menino Lucas me avisa que não tem mais nenhum dos 30 pasteis de Belém, porque estão todos no estômago do Urso. Acho que é só nessas horas que você tem vontade de que seus personagens não sejam tão vivos assim....

sábado, 18 de outubro de 2008

Quinta visita

Quem mora fora sabe: não existem palavras que possam transmitir o sentimento de rever amigos na nossa atual cidade. Uma mistura de saudosismo com nacionalismo do novo país. E quando você tem um casal de amigos que só sabem transmitir paz, é paz que você tem. E assim foi, de bar em bar, de bairro em bairro, tudo a pé. Começamos no Raval e paramos no Gótico e depois de não sei quantas margueritas blue, uma caminhada pelo Passeig de Colom na alta madrugada! E pra variar, eu já estou com saudades!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Recado está dado...



Elizeth Cardoso espanhola...

No a los 1.680 despidos en Nissan, sí a un plan industrial

Acordo com gritos, buzinas e um barulho de helicóptero. Quinta-feira, 16 de outubro, às 11 da manha. Resolvo descer. 400 pessoas estao na frente de uma loja da Nissan na rua Paris. 400 pessoas gritando, jogando ovo, tomate e farinha na vitrine da loja. Motivo? A demissao de 1680 trabalhadores. A crise mostra seu poder a cada dia que passa, mas os espanhois também mostram força. Entre homens e mulheres todos carregam no peito: No a los 1.680 despidos en Nissan. Eles estao rodeados de milhares de jornalistas, de policiais e de lixeiros. Todos assistem a manifestaçao. Se é ovo que querem atirar no vidro, atirem. Se é tomate, atirem. Ninguém joga pedra, ninguém quer quebrar a vitrine, só querem mostrar que tem gente que quer trabalhar. Fim da manifestaçao, a hora agora é da BCNeta (pessoal da limpeza das ruas) recolher os tomates e os milhares de papeis do chao.

Nissan ha producido en España en los últimos tres años 622.000 vehículos en España.
Nissan ha ganado en los últimos 3 años 227 millones de euros en sus operaciones en España.
En los últimos cuatro años Nissan ha presentado tres expedientes de despidos en Barcelona, uno de 800 personas, otro de 450 y actualmente ha presentado uno de 1680 personas.
Con el dinero de los consumidores españoles, Nissan pretende dejar sin trabajo a 1680 familias y miles de trabajadores de las empresas proveedoraas.
Exige con nosotros que retire los despidos antes de darles tu dinero comprando un coche. Debemos inyectar a la multinacional la responsabilidad social que debe con su entorno social.

Quase no mesmo horário, na Plaza Catalunya tinham 1500 pessoas reunidas para começar la marcha en la calle: 'No a los 1.680 despidos en Nissan, sí a un plan industrial'

domingo, 12 de outubro de 2008

O tempo escorre pelas minhas mãos

Quando você aperta o pause engana-se que ele não tem tempo determinado. E foi você mesmo que o determinou. Escolhas e decisões tomadas que o tempo leva junto com o seu decorrer sem você perceber. É tempo que você quer e um dia o tempo acaba. Assim como acaba uma vida, um sonho, uma idéia. Mas a saudade e a lembrança permanecem...em algum lugar da sua mente. Não há como apagar, nem mesmo em brilho eterno de uma mente sem lembranças. Só se for temporário, mas depois volta...tudo volta.

O tempo escorre pelas minhas mãos. É hora de apertar o play novamente, mesmo que tudo ainda não esteja concluído. A vida é assim. Lugares que poderiam ser do presente, se tornam futuro, porque afinal não dá para fazer tudo num tempo determinado, é melhor às vezes deixar para frente. Assim, Egito e Índia novamente serão futuro.

Mas existem lugares que você necessita que seja simplesmente o teu presente, assim como Londres, Figueires, Madrid, Sul da Espanha, Sul da França, Sala Apolo, Razzmatazz, Otto, Roxy e o Labirinto. Talvez mais alguns por ai, que agora já não consigo lembrar.

Quando você pensa na tecla stop dá vontade de sair correndo atrás de uma pipa que ainda voa pelo céu, mas que daqui alguns minutos vai cair no chão. Depois do pause, o stop e depois, o play e assim por diante. Só não vale rebobinar. Porque simplesmente já foi.

Ah, e para aqueles que me julgaram quando apertei o pause, só posso dizer que precisa ter muita coragem de apertar, de seguir e de não se perder. É necessário saber a hora que deve-se voltar. É, não é para qualquer um, mas mesmo assim é o único conselho que posso dar. Apertem o pause, é necessário.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Quando você abre a porta...

É fato. O sol muda o meu dia. E quando acordei, senti uma leve necessidade de pegar um trem. Fui aqui do lado, numa cidadizinha encostada a Barcelona. Parecia a Holanda. Até que dei de cara com uma placa: Bem-vindo a cidade do nunca! Não precisei de fato decidir, a placa já tinha me convencido a entrar. Rodeada de árvores, banquinhos de madeira, senti saudade. Tentei cosmicamente sentir vocês dois do meu lado, mas não consegui. Três pessoas distanciadas por um risco. Mas isso nunca foi problema. Porque quando a gente abre a porta do universo, a gente se tromba diante de tantos planetas. E foi aí que ele apareceu. Nosso mestre. Ele estava velho demais, com cabelos brancos e a camisa meia aberta, suja de tanta terra. Eu o olhava e ele me olhava. Queria dizer tanta coisa, que me calei. Eu prefiro ouvir. Mas ele também não falou nada. Apenas sentou ao meu lado e ficou admirando os pinheiros repletos de pinhas. O meu coração estava acelerado... e acho que ele percebeu, colocou levemente suas mãos em meu ombro, deu três tapinhas e falou:

- Declame!

E eu comecei bem devagar a declamar aquilo que conseguia lembrar:

- Bom, bom, bom!! Esse é o barulho inicial e continuo da Pós-Modernidade.

Olhei para ele e falei baixinho: - Eu disse Pós-Modernidade, a quebra de todos os conceitos da modernidade, arte que revolucionou a realidade.

Ele sorriu e completou: - Xiuuuuuu! Agora homens e mulheres estão trancados em seus apartamentos. Assistem a realidade pela televisão ou Internet!

Olhei para o céu e gritei: - Estão todos conectados na atualidade, porém estão trancados em suas jaulas!!!

E ele gritou mais alto: - Individualismo!!!

Eu justifiquei: - Isto é conseqüência do rompimento e do esquecimento de conceitos revolucionários.

E ele concluiu devagarzinho: - Porém somos mais que Pós-Modernos. (Espero eu)Porque somos Uni. Porque somos Versos. Porque pertencemos ao Universo.

Eu apenas sorri e disse: - Seremos causa para depois sermos efeitos. Misturam-se as realidades. E Einstein mostrou a Teoria da Relatividade.

Ele tossiu. Já está velho demais e mesmo assim falou a mesma frase que já afirmou mais de 300 mil vezes: - Dependemos de algo para sermos o que somos.
Fiquei em silêncio. A teoria da relatividade é bem mais que números. Pena que não são todas as pessoas que conseguem entender isso.

Mais um tapinha nas costas.

- Porém a Pós-Modernidade apaga isto de nossas mentes! Aqui, agora dependemos de dinheiro e tecnologia para sermos cidadãos pertencentes à sociedade. Pós-Modernidade. O Moderno só nos traz conforto. Nos traz o aborto. O aborto de nossas vidas.

Abri os olhos aliviada. Fazia tempo que não tinha conversas sobre o universo com as pessoas. Quando fui agradecer, ele já não estava mais lá. Olhei para o céu, já estava de noite e vi como de costume, as estrelas moverem-se de lugar e isso só acontece, quando nós nos encontramos perdidamente entre o universo. E ai, eu simplesmente só fechei a porta.

Tentei tirar fotos da cidade do nunca, mas a bateria da máquina acabou bem ali. E foi ai que entendi.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Apresento à vocês El Raval

Numa tarde de domingo, resolvi registrar algumas imagens do Raval. Um bairro que no século XIV não fazia parte de Barcelona, pois estava depois das muralhas. Durante muito tempo foi conhecido como o bairro chinês. Passou por um processo de renovação. Graças ao MACBA e o prédio de Geografia e História da Universitat de Barcelona, o Raval tem novos ares. Apesar de ainda ser conhecido como um bairro perigoso, sujo, feio, com ruas cheirando a xixi e um local dos marroquinos e paquistaneses, o Raval tem duas caras para mim. O Raval de dia e o Raval de noite. Quando o Sol dá as caras, o bairro fica charmoso, aconhegante, cheio de restaurantizinhos lindinhos espanhalhados nas ruazinhas estreitas. A noite quando as lojas estão com as portas fechadas é a hora de admirar os grafittes, de desviar dos marroquinos e dos paquistaneses vendendo cerveja, das manobras radicais dos skatistas em frente ao MACBA e a cada rua cruzada, uma descoberta de bares alternativos sempre escondidos. Se você quiser comer um bom kebab, não tenha dúvidas, vá para a Rambla do Raval.


MACBA






A Rambla do Raval...

cheia de árvoves

O gato chinês

O melhor lugar para comer um kebab



A Universitat de Barcelona
A Plaza da Universitat

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Flutue e seja bem-vindo...

O despertador toca. Acordaaa! Logo aviso, eu não escrevo para todo mundo. Escrevo só para aqueles que necessitam ler isto. E tenho muito a dizer. Pela primeira vez na minha vida eu não odeio o meu chefe. Eu amo. Extremos diriam alguns. Outros diriam que seria evolução. Eu diria duas coisas: libriano e santista roxo. Isso lembra um pouco meu pai. Hoje foi sua festa e minha última comemoração dos meus 26 anos. Fechei eu com chave de ouro. Fazia tempo que não escutava um eletrônico bom, desses de flutuar. Sim, depois de cinco meses, flutuo de maneira leve, às vezes levo as mãos com um leve movimento de flamenco. Quando você mistura, você começa a abrir a mente para outras coisas. Faz tempo que converso sobre política internacional e não mais nacional. Faz tempo que bato no peito com orgulho de ser brasileira e rebato aos gringos que Amazônia é muito pouco para saber do Brasil. Espanhóis vão até a América Latina e depois dizem que é legal. Engulo para não brigar. A vontade é: Ah vc achou legal como ficou depois que vocês massacraram o povo de lá? Outro dia um deles me falou: Os índios têm uma vida de puta madre. Eu só olho para o teto e pergunto por que tenho que escutar isso?? E escuto: é evolução mari! É evolução. A gente precisa entender as mentes dos outros. A gente precisa aprender a escutar. Não adianta discutir. Lembre-se: às vezes o melhor é escutar. E tem horas que é melhor explicar.

Hoje na balada do chefe, o cara no palco pergunta tem brasileiro ai? Eu grito: sim, tem Corinthians!!! Ele ri e fala: em todas as partes do mundo. Sim, Corinthians é foda. Mas tenho que admitir que trai o timão. Depois de 25 anos vestindo a camisa do Corinthians e da seleção Brasileira, vesti a do Barça. Estranho. Mas é impressionante como o time mudou depois da troca do técnico.

Às vezes você não quer sair, mas ai te invitam a uma copa, ou a várias. Hoje foi assim: copas e copas. Morri na pista. Dancei, dancei, dancei acompanhada da Keke, do Joselito, do Txiste, da Tati, do Marcelo, da Déia, da Érika e do Toh. Érika é uma garotinha carioca, flamenguista que adoro. Ela olha para mim e repete toda vez: Aqui é parceria. Flamengo com Corinthians, São Paulo e Rio. O Toh já é daqueles irmãozinhos que a gente adota por ai. Menininho, jogador de futebol, mulherengo e já um pouco evoluído. Já passou por muitas durante seus 3 anos fora do país. Joselito e Txiste são companhias para dançar até morrer. Um de Mallorca e namorado da Kele, outro de Pamplona com veia do País Vasco, talvez um dos caras mais doidos que já conheci na minha vida. Os dois são trixistas. É estranho, ou, já é normal fazer umas baladas dessas em plena segunda-feira. Barcelona é assim, todo dia é dia de festa. Basta você querer acordar ou dormir. Você escolhe sempre. Ninguém decide por você. A sensação de liberdade é absurda. Volto a pé para casa à cinco da manhã de boa. Sem olhar para trás., porque simplesmente nada acontece.

Sento no banquinho. Meu coração pulsa. Só por uma razão: Me sinto calatã. Perdoname Brasil. Sou brasileira até morrer, mas esse povo só me faz apaixonar. Para aqueles que falam mal.... falta um pouco de evolução. Eu vim em busca disso e sinto que cada dia que passa, estou mais perto de agarrá-la definitivamente. Mercy. Mercy.

É melhor pular e sair descabelada da balada... porque diria eu que quem dança, seus males espantam.

Porque no final de tudo, quando você tira o pré da frente do conceito, você entende o que é evolução.
O despertador toca novamente, mas dessa vez prefiro dormir...

sábado, 4 de outubro de 2008

Tim tim um brinde pra mim

Desde quando eu nasci, escutei minha mãe dizer que todo dia 3 de outubro chove. Eu passei 25 anos na minha vida confirmado isso no Brasil.. Mas aqui em Barcelona eu nem lembrei disso....até quando deu duas da manhã e choveu, de leve, mas choveu. 26 anos. Não sei por que, mas estou me sentindo totalmente uma mulher. Raro dizer isso, porque quem me conhece sabe que sou a menina mari. A que pula, que dança, que é viciada em desenho animado, a que sempre teve certeza que ainda tinha seus 19 anos. Hoje me olho no espelho e me vejo mulher. Talvez porque quando eu olho para o passado, vejo que sempre que abri minhas asas para voar, voei. Aquela que depois de ficar horas e horas tentando decidir, quando decide, se joga de cabeça, mesmo quando bate o medo. Atitudes que me fizeram crescer, evoluir e me tornar sempre uma pessoa melhor. Estranho depois de 10 anos comemorando meu aniversário em bares repleto de amigos, festejar com poucos. Não quis organizar nada, quis apenas ir andando, vivendo o que Barcelona estava disposta a me dar. O melhor presente é quando ele vem de família. Falo da minha família daqui. A Tati (mãe), Marcelo (pai), Beto (chefe) me levaram para comer num restaurante do século XI. Pasmem. Sentada na mesa de uma antiga construção de defesa de possíveis ataques feudais nos anos 1000, fazendo meu próprio pão com tomate, saboreie um arroz negro com sepias e gambas, regado a um delicíoso vinho tinto. E para finalizar crema a catalana com café solo. Um jantar que jamais vou me esquecer, obrigada, obrigada e obrigada. Jantares com a família enriquecem a vida. Saudade dos almoços de domingo. Depois que minha mãe me contou que meu pai quando pequeno morou com meus avós e com seus irmãos durante dois anos em Barcelona, comecei a entender algumas coisas. A primeira porque me dou tão bem com essa cidade, a segunda porque amo tanto esse povo que transborda personalidade e a terceira porque tanto me inspira.

A última balada dos meus 25 anos foi ao som de hip hop, regada a vodka e cava que se resultou num book de fotos. Família Bikini reunida. E meu último dia foi ao encontro do encontro. O bairro de Grácia com certeza aparecerá aqui quase na mesma intensidade que o Raval. É nele que está a minha escola. Um cantinho de escritores repleto de livros. Sai de lá com a certeza que o menino Lucas viverá em outros mundos, em mentes de pessoas distintas. Parei na Casa Portuguesa para tomar um café e comer um pastel de Belém. A virada foi regada mais uma vez com vodka em volta de amigos num papo cabeça. Quando acordei, eles mais uma vez, me seqüestraram para comer no meu primeiro dia de 26 anos as melhores patatas bravas de Barcelona.

Simplesmente obrigada!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Cuando conquistemos la mente con las dudas, el corazón con las ideas, el presente con la infancia, los sueños con un par de zapatos usados y a los desconocidos con una conversación de silla de miembre bajo la mirada de una higuera, cuando respiremos todo y ya no queremos estar en otra parte, justo en ese momento, habrá llegado la hora bruja"
Silvia Manzana Hidalgo