sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lá do alto, as coisas são mais simples

Resta carinho, eu sei.

E isso não me causa nada, por incrível que pareça.

Previsível. Isso você sempre foi.

Posso aqui cantar a bola de como será o resto de seus dias.

Mas tenho coisas mais importante para fazer.

A questão é que depois de tudo, queria te agradecer.

E não vou justificar o por quê.

Você sabe.


Se pudesse, te levaria para a montanha mais alta do mundo e te deixaria ali sozinho durante 30 minutos olhando a vista e sentindo o vento gelado.


Deixaria você em puro silêncio, prestando atenção somente no som da natureza, e você repararia na vida que existe ali, na calma em que as coisas acontecem.


Talvez você entenderia que viemos dali, da natureza, e se viemos dali, como podemos modificar tanto a nossa vida, como conseguimos dar atenção a tantos problemas inexistentes.


E ai, numa breve e curta respiração, tenho certeza que você também prestaria atenção na sua respiração, coisa que nunca parou para sentir.


E depois de tudo isso, eu sei, como você também, que choraria, e muito.


Só depois de tudo isso, eu me aproximaria e te perguntaria: o que acha da sua vida?


Sei que me olharia durante cinco minutos e não conseguiria responder, ou então, preferiria não responder.


Depois íamos permanecer durante duas horas olhando ao nosso redor.


Eu levantaria e estenderia minha mão, você aceitaria, me abraçaria e me diria obrigado.


E então, íamos descendo pelo caminho, você voltaria, olharia pela ultima vez aquela vista, me abraçaria outra vez e diria: obrigado mesmo, obrigado por me trazer aqui.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Branca de Neve e seu Pudim

Sentada num café da Vila Madalena, uma menina loira de mais ou menos quatros anos se aproxima e fala:

- Você não pode tomar café aqui no banco, só pode ser na mesa!!!
- Quem te falou isso? pergunto eu irônicamente
- Eu!!! Café só pode na mesa! - grita a menina
- Como você se chama?
- Braaaanca de neve! responde ela
- Branca de neve? Hahahaha. Você é amiga dos sete anões?
- Eu cozinho bolos e tortas para eles, pra minha mãe e pro meu pai!!!
- Você cozinha BOLO? pergunto eu indignada.
- Não! Pudim!!!!
- Pudim???
- Puuuuddim!

A menina olha pra mim, prende o cabelo, limpa a boca, caminha, senta do meu lado no banco e fala:

- Tem uma cabana lá em casa, que cabe pessoas adultas que nem você!
- Você vai me convidar para um dia eu conhecer? - pergunto eu
- Nãããão!
- Não? Eu nunca poderei ir na cabana?
- Pode!
- Quando?
- Quando você quiser! Você não precisa ser convidada. - fala ela irônicamente
- Vai ter pudim?
- Vai e bolo!

A menina vira de costas, sai correndo até a saia da mãe.