terça-feira, 23 de agosto de 2011
Pela janela do carro, numa dessas noites bem frias, eu pensei:
domingo, 14 de agosto de 2011
Embora Parte I

Correu pelas escadas, passou pelo portão e desceu a rua, sozinha, embaixo de chuva. Não sabia que esse seria um caminho sem volta, e se soubesse, jamais teria descido. Não tinha mais volta. Seu cabelo molhado, seu tênis encharcado e sua mente cheia de pensamentos, ideias e revoluções.
Precisava andar muito mais,
precisava se molhar muito mais,
precisava sentar e chorar,
porque seu choro estava entalado,
porque seu choro doía.
Da rua, ela via o que já tinha deixado para trás.
Uma vida inteira, cheia de história, de momentos, de sentimentos.
Muitos amigos, pessoas queridas, tempos que ficariam apenas na memória.
Bastou.
A vida tinha lhe bastado.
Tudo fez sentido, tudo se encaixou perfeitamente, se acomodou, deitou no sofá, assistiu TV e gostou.
A vida passava pela janela e isso não incomodova.
A trilha sonora era a mesma e isso também não incomodava.
Aprendeu então, a apenas falar da vida dos outros, porque a sua já não era mais realidade, já tinha até perdido os sonhos, então se tornou a melhor crítica dos sonhos dos outros.
A vida por sinal, era a vida dos outros e assim acreditou que tinha chegado no topo do conhecimento. Esqueceu das novidades e acreditou.
Porque a vida é feita daquilo que você acredita.
No que você acredita?
Ela acreditou e desacreditou. Lembrou das novidades. Ficou sem ar. Abriu a janela, sentiu a vida passando pela janela e isso incomodou. E então, sem mais, tudo incomodou.
Levantou do sofá, abriu a porta e foi embora para nunca mais voltar.