terça-feira, 22 de julho de 2008

A crise, os amigos, Tropa de Elite e o mosquito hijo de puta

A crise econômica começou esse ano. É só ligar a TV ou ver as capas dos jornais, é só sobre isso que falam. Zapatero fala, fala, fala e recebe aplausos. E é impressionante como aqui há espaços para mostrar o que a oposição acha sobre o assunto, toda a reportagem mostra o Zapatero falando e depois o Mariano Royal criticando, criticando e criticando seu rival. Além dos meios de comunicação, a crise está em todas as partes. Os garçons são mal educados, sem paciência e sem sorriso no rosto. Na semana passada perdi as contas de quantas vezes senti vontade de enfiar meu leque na garganta deles. Ainda estou no momento de respirar e dar risada. Mas garanto que a próxima vez, ahhh a próxima vez eu conto depois. A explicação que já ouvi de alguns espanhois é que com a chegada da crise, as pessoas estão trabalhando mais e ganhando menos, assim descontam o seu bom humor nas pessoas.

O filme Tropa de Elite chegou essa semana nos cinemas europeus. As pessoas não param de elogiar a filmagem, a trilha sonora e a história. E pode escrever, chegou para ficar, como ficou Cidade de Deus. A parte chata disso é que sou eu que tenho que explicar se o filme é verdade ou não, se a Tropa de Elite existe, se a favela é assim mesmo, por que os políticos não combatem a violência e se nos bailes funk existe aquelas pessoas segurando aquelas armas. Haja vocabulário espanhol e haja modos de falar para não assustar os europeus. Sim, porque é demais para eles imaginarem que os roubos no Brasil são quase sempre com mão armada.

Uma das vezes que explicava a situação do Brasil, estava eu na casa de Cas - minha amiga inglesa de Londres. Por sorte, o seu amigo de piso era um argentino. A cada pergunta de Cas, eu e o argentino iamos explicando com calma porque o Rio de Janeiro era assim. Até que:

- Em Buenos Aires também tem favelas? - pergunta Cas
- Claro - respondo eu
- O Tevez era de uma - completo.
- Ahhhhh você conhece o Tevez? - pergunta o argentino
- Simmmm, sou corintiana.
- Hummm o corinthians é um bom time.

Cas fica um pouco quieta, balança a cabeça para cima e para baixo e fala:

- Londres é um pouco parecido com São Paulo. Sempre que chego em casa, tranco a porta. De madrugada não posso andar sozinha, é perigoso também. As pessoas podem te roubar, mas nunca com uma arma na mão. E aqui em Barcelona eu ando sozinha e nunca tranquei a porta da minha casa. Mas se a maioria dos roubos é com armas, como você consegue viver em São Paulo????
- Ah, mas não é tão assim. A gente vive, a gente desvia.
- Mas se às 3 da manhã você não pode voltar para casa andando, como vocês voltam para casa?
- Normal, a gente volta de carro. Em São Paulo todo mundo tem carro.
- E quando vocês estão bêbados?
- Voltamos também, ué
- Dirigindo?
- É, mas agora tem uma lei que não podemos. Mas eu não peguei ela quando morava no Brasil. É nova.
- A lei é novaaaaaa?
- É!

Kele é minha outra amiga daqui, brasileira, paulista e jornalista. Frequentava os mesmos bares que eu em São Paulo. Amiga de um amigo meu e por destino só nos conhecemos aqui em Barcelona mesmo. É com ela que tenho meus maiores ataques de risos. Trabalhamos juntas e não paramos de falar um segundo. E foi com ela que encontramos Antonio, poderia dizer que é a figura mais engraçada que já pude conhecer. Lotado de energia, dança como só ele e disposto a ajudar até uma formiga. Antonio é brasilero e gay, mora aqui há 5 meses e é louco pela rebajas. Por sinal estou dando graças a Deus que as rebajas estão acabando. Isso sim é liquidação, quase tudo pra baixo de 9 euros. Bolsa, sapato, casaco, saia, bermuda, colar, short. É uma loucura.

Sempre quando escrevo textos para o blog, o Pablo passa por mim e me conta algo que necessito sempre deixar escrito aqui no blog:

- Estou com tanto sono - diz ele
- Ué, mas eu voltei da balada ontem e vc tava dormindo, não?
- Sim, ou não. Não consegui dormir porque tinha um mosquito no meu quarto.
- Hahahaha vivo aqui 2 meses e nunca vi um mosquito.
- Sorte tua. Pq quando eram 2 da manhã acordei com ele picando minhas costas. Depois acordei às 3h com ele picando meu braço e quando eram 5h30 ele picou meu pé. Ai foi uma putadaaa!! Levantei, acendi a luz, peguei meu chinelo, y encontré el mosquito hijo de puta y lo maté!!
- hahaha mas por que tem mosquitos no seu quarto e no meu não?
- Creio que é porque tenho uma planta na varanda. Acho que é ela o problema.
- Joga ela fora, deixa ela na praça!!
- Tenho dó dela.
- hahahaha! Tive uma idéia!!
- Qual?
- Por que vc não a deixa na varanda só que na frente da porta do Raul?
- Hahahahahaha. Hóstia puta! Por que não pensei nisso antes?

2 comentários:

Anônimo disse...

Assim como eu, vc tb esqueceu de contar que fomos chamadas de "tia" por duas fofuras que se estapeavam no metro até a doce mamaezinha deles os ameaçarem com uma vara de marmelo (surreal!),
Faltou dizer que as rebajas sao tao boas quanto os brindes de verao das revistas daqui (nem mencionou a bolsa de 2 euros??? melhor parar de andar comigo),
E o que contar da praia do pepino? Minha visao tá no blog.
E pode se preparar que a noite vai render mais um post...certeza!
Beijos!

Gigia disse...

hahahahah adorei irmã! o post e o comentário da kele!!!! ora, mas então nem vou te mandar um presentinho pelo rotta...do jeito que estão as coisas vou pedir pra você me mandar alguma coisinha dessas "rebajas" que têm por aí, han???? hahahahah amo-te!