terça-feira, 15 de julho de 2008

A praça, os patos e os 100 degraus



Eu já falei da minha praça? Acho que sim né? Mas vou falar um pouco mais. Ela é a continuação da minha rua e exatamente embaixo da minha casa não passa carros, apenas pessoas a pé, de bike ou de skate, por isso ela vira uma praça que é cheia de árvores e bancos espalhados. Ainda tem dois restaurantes com mesinhas para fora, duas galerias de arte e uma loja de skate e surf. De um lado apenas prédios coloridos de quatro ou cinco andares, do outro uma construção simpática da Universidade de Barcelona de Teologia. Toda vez que saio do meu prédio parece que há vida nela. Sempre cheia de pessoas, de cachorros. Mas garanto: Nem sempre ela é igual, há sempre pessoas e cachorros diferentes. Falo isso porque a praça á minha sala. É nela que sento para ler meu livro, que sento para observar, para pensar na minha vida, para receber pessoas, para beber uma cerveja, para ter ataques de risos e para descansar e me preparar para subir 100 degraus.

Nela não tem andorinhas voando, mas tem gaivotas e corujas. Mas só percebo isso de noite ou de manhãzinha quando parece que eles estão dentro do meu quarto. Principalmente porque as gaivotas fazem um barulho de patos. Siiiiiiiiim, eu descobri: Os patos são as gaivotas. Nunca contei isso aqui no blog, mas o som dos patos é um pouco assustador no começo. Quando o Lipe e a Fê estavam aqui a gente pirava nisso. Fiquei na missão de descobrir que pássaros eram esses, até que então, estava eu no barco numa cala da Costa Brava e escuto o som dos patos. Assustada, arremessei meu leque azul para o lado e andei até o fim da lancha e gritei:

- Os patooos!!
- Que patos? – perguntaram a galera do barco
- O som dos patos que escuto na minha casa!!!
- Esse som vem das gaivotas, mari! – responde minha prima.
- Lógico que não!!
- Mari, estamos na cala das gaivotas, olha quantas ali!!!
- Hummm, os patos são as gaivotas! – concluo.

Voltando para as corujas e as gaivotas. De noite eu escuto sempre a coruja e de manhãzinha as gaivotas, por sinal são elas que me acordam às 7 ou 8 da manhã e percebo que posso dormir mais um pouco.

Nesse momento estou sentada num banco da praça e paro de escrever, porque acabo de levar um susto do Pablo. Ele é espanhol e mora comigo. Na verdade para mim ele é o Rotta e o Raul outro espanhol que mora comigo é o Silvestri. Meus dois grandes amigos do Brasil. Eles são quase iguais, em jeitos, em palavras, em zueiras, mas apenas parecidos, longe de ser igual. Pablo senta do meu lado e pergunta se eu estava escrevendo meu livro. Digo que não, que estava escrevendo sobre a praça porque eu a amo. Ele ri, concorda comigo e pergunta se em São Paulo existem praças assim. Coço a cabeça, penso que vai ser tão difícil falar que tem, mas não como essas, e tão pouco você poderia ficar ali de boa, coço de novo a cabeça e falo:

- Tem, mas elas são diferentes. Normalmente tem monumentos no meio.
- Não tem bancos?
- A maioria não.
- As pessoas então não sentam em praças?
- Umas sim, outras não. Mas assim como essa não.
- Eu sempre sento aqui e descanso para subir as escadas. – diz ele
Eu tenho ataques de risos e falo super feliz vendo que não sou a única:
- Eu também!!!

3 comentários:

disse...

100?
acho que sao 1000!!

saudades da praça, das poltronas e das paviotas! hahaha

bjsss

In Cucina disse...

Que praça linda Mari!!!
Que vontade me deu de sentarme em algum banco dessa praça e ver a vida passar lentamente, sentir a magia que a gente sente só quando está viajando, descansando e aprendendo!
Aproveite bem e vê se escreve um livro. Tem tudo para isso acontecer.
Beijos, Mamãe

Anônimo disse...

Mari achei muito bacana a matéria que vc escreveu sobre a Praça, a sua praça. Assim deveriam ser as Praças em todos os lugares do Mundo. Local de descanso, meditação, reflexão, conversas e fazendo delas um pouco de seu escritório ou oficina como chamam os espanhóis, para escrever e colocar suas coisas em prática. É sempre importante observar as pessoas, os animais e as coisas. Costumes e atitudes dos frequentadores desses locais. Veja se consegue uma foto mais clara com sol e com mais vida.Um beijo, Aurelio