Numa tarde um pouco ensolarada, não há visão. Tudo porque a areia está no vento. E o vento percorre as ruas estreitas. Do chão, ele leva subitamente a areia até a altura de nossos olhos. Não há visão, apesar da descrição citada acima remeter a imaginação do leitor. Não imagine e nem tente visualizar. É pior do que querer ver com os olhos fechados. Apesar de não ser escuro e nem negro, é apenas um pouco ensolarado com grãos de areia voando, formando assim uma imagem meio turva. Pra que mesmo ver? Ver tudo aquilo que já vi? Ver tudo aquilo que ditei? Diante da imagem turva, nem os cavalos se mexem. Fica quase tudo paralisado. A não ser, aquelas pessoas encostadas no balcão daquele bar aberto, sem parede, com aparência de velho e um pouco sujo. Os copos no balcão estão vazios, e além de estarem vazios, estão quebrados. Se não existe líquido, o que bebem mesmo? Nada, diria o velho de camisa xadrez apoiado no poste. Nada? Pergunto eu ao velho. E o velho me responde: nada! O velho não existe. Assim como o líquido, o copo quebrado, as pessoas encostadas no balcão e os cavalos. E se mesmo assim, o leitor ainda achar estranho ou duvidoso, eu lembrarei novamente para o leitor um pouco esquecido que simplesmente não há visão!
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