quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Voltei...


Minhas férias voaram, assim como voei algumas vezes com alguns puxões errados que dei no kite da minha irmã num vento de 50 km por hora. O que importa é que aprendi a velejar de kite e acredito que foi o esporte mais legal que já fiz até agora na minha vida. Eu que estava apaixonada por tecido e trapézio, me encantei com o kitesurf! Além de Jeri, conheci uma praia chamada Barra Grande no Piauí. Um lugar lindíssimo ainda pouco desbravado por brasileiros. Apenas por gringos para variar. A praia ainda não tem quase nada, uma igreja, uma escola, três pousadas e uma padaria. Perfeito para quem procura ventos de 20 a 25 nos para velejar de kitesurf. No mar você encontra apenas três moleques: Piolho de 12 anos, Índio de 13 e Heton de 16. Esse último já foi capa de revista e pegou terceiro lugar no último campeonato de kitesurf que rolou no Piauí.

15 dias de férias sem ler nenhum jornal, nenhuma revista, sem ver televisão. Como isso faz bem para a mente. Escutei músicas apenas quando tinha bateria no meu ipod. O silêncio virou meu melhor amigo e o barulho constante do vento que já sinto saudade. Nesses dias, algumas pessoas se tornaram personagens nas minhas páginas do meu caderninho, como Dona Maria, a vizinha da minha irmã. Todas as tardes quando o sol teima em se pôr, ela abre o portão e sai segurando uma cadeira. Ao lado, sempre uma companhia, ou seu amigo, marido ou mesmo seu neto. A companhia normalmente também segura uma cadeira. Juntos andam quase quatro passos e posicionam suas cadeiras para a vista lateral da casa e admiram com muita conversa o sol se pôr no mar. Personagens que têm um hábito saudável e curioso. Pipoca é o apelido dela. Uma criança de quase cinco anos, nativa da praia do Preá, mais ou menos 12 km ao sul de Jericoacoara. Pipoca espera ansiosa todas as manhãs a Toyota da escola do Rancho do Kite passar em frente a sua casa. Quando escuta o barulho do motor, ela sai correndo de sua casa e corre até a frente do carro e faz um bloqueio na rua de areia pulando, pulando e pulando, depois disso, sai da frente do carro e dá tchau para os instrutores e alunos de kitesurf.

Quando você chega num determinado momento na vida em que descobre a certeza escondida dentro de você, é porque chegou a hora de abrir os braços para o mundo e sentir o vento da cidade. O vento que muda duas vezes de sentido no mesmo dia. E quando você compreende isso é porque chegamos na explicação da certeza.

Jeri um lugar difícil de se despedir...

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