sábado, 29 de novembro de 2008

Ensaio das últimas cenas

Acordei hoje com o barulho da chuva. A previsão estava certa. Ia chover o dia todo. Tempo feio. Nuvens carregadas cobriam o céu. Chovia forte. Grudei meu rosto na janela com um ar de tristeza. Pablo veio até a mim. Ele também grudou o rosto na janela e me olhou. Barcelona está triste Mari. Você está indo embora e ela está chorando. Eu sorri e resolvi então andar pela chuva. Fui me molhar com as lágrimas e diante de tanta chuva pedi para o céu o sol. Queria ver Barcelona feliz. Depois de algumas horas, o céu estava sem nuvem nenhuma e com um sol de puta madre. A previsão errou e Barcelona sorriu.

As despedidas começaram já faz algum tempo. Tem gente que prefere não me ver, não quer dizer tchau e nem até logo. Tem gente que não fala nada, só me abraça. Tem gente que jura de pé junto que ano que vem estarei aqui. Tem gente que só me olha e aperta minha mão. O argentino quase uruguaio não me conhece direito, mas ele só me abraça quando me vê sorrindo. Ontem me abraçou pedindo para eu sorrir. Hoje abracei o MACBA por dentro. E diante de tanto amor por um museu, ele me regalou a tarde. Assisti Freak Orlando de Ulrike Ottinger. E desculpe. Vocês terão que assistir. É impossível descrever a tamanha loucura.

Chegou à hora. A volta deveria ser mais fácil que a ida. Mas não é o caso. A volta guarda mistérios. Todos relacionados a mim mesma. Mais uma mudança pra fechar o ano. Depois de 2 verões, 2 outonos e 1 primavera. Cadê o inverno? Viramos a página. É a hora de verão. Os carneiros já não são mais nuvens. Viraram gotas. Caíram por ai. Nasceram novamente. Como tudo deve ser, ou não, vai saber. Chegou à hora. A hora de voltar pra casa. Levo comigo o meu único tesouro. E de um pote de interrogações virei um livro de contos. Contos que serão contados para aqueles que quiserem ouvir e que tiverem tempo para ouvir. A gente se tromba por ai, em qualquer esquina, em qualquer bar. Coloquem as cervejas na geladeira, eu to chegando...

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito Mari, vc escreve muito fácil, e é gostoso de ler. As chegadas são fáceis, duro é partir, deixar para tras tantas coisas lindas, locais amigos, museus amados e trabalhos árduos.
Cidades companheiras, bares de meditações, bairros que parece que fazem parte da nossa vida. LEMBRANÇAS PARA RECORDAR TODA A VIDA.
Até logo, 3a.feira lhe espero.
Beijos, Aurelio

Rob disse...

inspirador

Luís Pereira disse...

Barça vai chorar, Sampa vai sorrir e a cerveja já está gelando. Hoje faz um belo sol aqui, como há tempos não via.

Anônimo disse...

Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão
preto, eu to voltando!
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de
cama, eu to voltando!
Leva o chinelo pra sala de jantar...que é lá mesmo que
a mala eu vou largar!
Quero te abraçar, pode se perfumar porque eu to voltando!
Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de
flor, que eu to voltando!
Pega uma praia, aproveita, ta calor, vai pegando uma
cor, que eu to voltando!
Faz um cabelo bonito pra eu notar que eu só quero mesmo é despentear!
Quero te agarrar... pode se preparar porque eu to
voltando!
Põe pra tocar na vitrola aquele som, estréia uma camisola,
eu to voltando!
Dá folga pra empregada, manda a criançada pra casa da avó, que eu to voltando!
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar, telefone não deixa nem tocar... Quero lá.. lá.. lá..
ia.....porque eu to voltando!
AAAAAAAAAA!! É MEIO LÉSBICA ESSA MÚSICA...MAS GOSTARIA DE TE TE ESPERADO BÊBADA NO PORTÃO...PENA QUE OS PLANOS FORAM UM POUCO ALTERADOS PELO DESTINO...O DESTINO SEMPRE NOS PREGANDO PEÇAS...MAS AMO-TE SEMPRE IRMÃ!!! MINHA IDIOTA LINDA!!! MARI NOVA, VIDA NOVA!!