Os lápis acabaram. Todos aqueles que estavam na caneca. Nova mania. Prender o cabelo com lápis. E assim, o lápis ganha vida. Às vezes é esquecido até em outras casas, em outros carros e em outras reuniões. Por isso, que quando você abre a bolsa, tem ali jogado uns dois, três lápis. E obviamente que esse é o motivo para eles terem desaparecidos da caneca. Virou rotina. Sentar, olhar para a caneca e ver que não tem mais um lápis para prender meu cabelo. Daí, toca eu sair pela casa em busca dos lápis perdidos. Porque sempre tem um na cozinha, uns três no quarto, um no banheiro, um na latinha do incenso, um no escritório, outro no carro. Daí, eles voltam todos para a caneca. Mas depois, ganham vida, presos no meu cabelo. E aí, ficam perdidos por algum canto.
Ele me liga quase todo domingo. E mesmo assim, toda vez que eu atendo ao telefone e percebo que é ele, fico surpresa. E ai, ele não para. Fala, fala, fala, fala e eu apenas fecho meus olhos e vejo nós dois descendo a Rambla, depois virando no Passeig de Colom. Ele me convencendo a entrar na lojinha perto da praia, comprando um guaraná e falando que ta matando a saudade do Brasil. Ai, a gente vai contornando a praia e ele vai discursando como aquilo tudo é bonito, como é ter qualidade de vida, como é grato por morar ali e como é feliz por poder aproveitar aquela tarde vendo o mar. Ele desliga falando que precisa trabalhar, que adorou conversar comigo e que com certeza a balada ia ser muito boa.
Da janela do meu quarto, com o telefone desligado na mão, eu vejo o meu caminho de volta até em casa. Com certeza, por alguma razão, eu me convenceria que era melhor voltar a pé do que pegar um metro. Escolheria alguma trilha sonora e subiria pelo Born; me perderia de propósito em algumas ruas só para ver novos restaurantes, novas lojas de chocolate, atravessaria o Gótico; cruzaria a Rambla xingando a bandinha dos peruanos e alguns turistas e cairia rapidamente no Raval. Subiria qualquer rua que me levasse até a Plaza da Universitat, andaria pela praça para ver se encontraria alguém conhecido, passaria ao lado da Universidade e dobraria a esquerda e depois à direita. Olharia para o portão do prédio, lembraria dos cinco andares de escadas e sentaria no banquinho da pracinha. Esperaria o tempo necessário para me convencer que lá na minha casa estaria mais atraente que lá embaixo e subiria.
Depois que a distância virou presente em nossas vidas, a gente continua unidas. Quase todos os dias falamos rapidamente sobre nossas vidas. Ultimamente, ela só me escuta falando que as coisas estão para acontecer e que tudo está indo numa onda. Às vezes ou muitas vezes, ela me ouve reclamando. Dizendo que tá massa, mas que preciso de mais dinheiro, que se acontecer isso, aquilo ali também, vira. E assim vai. E ela continua lá, firme e forte. Agradecendo sempre e vivendo junto de seu amor.
Mas hoje, foi diferente. Talvez só pra mim. Hoje eu tava sentada na sala trocando idea com ela e ai foi mais forte que eu. Dos olhos vieram as lágrimas. Vieram sutilmente, sem mesmo perceber que chorava de saudade. De saudade dela, de Antonio, de Tuany, da city e da movida. Chorava sem perceber, porque minha alma estava ali, sentindo tudo aquilo que já senti e hoje tudo aquilo virou apenas palavras. Palavras e memórias. É estranho pensar e sentir aquilo que eu pensava e sentia quando atravessava a Gran Via indo trabalhar na Rambla. Aquilo era tão lindo, tão solto, tão livre.
Cadê?
Eu tinha sede. E fui matá-la na casa de um amigo. Onde tinham outros amigos. E a agitação de dentro foi desaparecendo. Até que sumiu. Anestesiou. O novo; de novo. A porra do novo; que vem matando tudo que tem dentro de mim. Passa como um trator matando todas as minhas idéias antigas criadas a pouco de um mês. Vem cuspindo na minha cara que tudo já virou rotina, que tudo já dá pra controlar e que ta tudo assim meio preto e branco. Que na verdade, precisamos de mais cores, de mais lápis....
E a caneca está assim: vazia, sem nenhum lápis.
Ele me liga quase todo domingo. E mesmo assim, toda vez que eu atendo ao telefone e percebo que é ele, fico surpresa. E ai, ele não para. Fala, fala, fala, fala e eu apenas fecho meus olhos e vejo nós dois descendo a Rambla, depois virando no Passeig de Colom. Ele me convencendo a entrar na lojinha perto da praia, comprando um guaraná e falando que ta matando a saudade do Brasil. Ai, a gente vai contornando a praia e ele vai discursando como aquilo tudo é bonito, como é ter qualidade de vida, como é grato por morar ali e como é feliz por poder aproveitar aquela tarde vendo o mar. Ele desliga falando que precisa trabalhar, que adorou conversar comigo e que com certeza a balada ia ser muito boa.
Da janela do meu quarto, com o telefone desligado na mão, eu vejo o meu caminho de volta até em casa. Com certeza, por alguma razão, eu me convenceria que era melhor voltar a pé do que pegar um metro. Escolheria alguma trilha sonora e subiria pelo Born; me perderia de propósito em algumas ruas só para ver novos restaurantes, novas lojas de chocolate, atravessaria o Gótico; cruzaria a Rambla xingando a bandinha dos peruanos e alguns turistas e cairia rapidamente no Raval. Subiria qualquer rua que me levasse até a Plaza da Universitat, andaria pela praça para ver se encontraria alguém conhecido, passaria ao lado da Universidade e dobraria a esquerda e depois à direita. Olharia para o portão do prédio, lembraria dos cinco andares de escadas e sentaria no banquinho da pracinha. Esperaria o tempo necessário para me convencer que lá na minha casa estaria mais atraente que lá embaixo e subiria.
Depois que a distância virou presente em nossas vidas, a gente continua unidas. Quase todos os dias falamos rapidamente sobre nossas vidas. Ultimamente, ela só me escuta falando que as coisas estão para acontecer e que tudo está indo numa onda. Às vezes ou muitas vezes, ela me ouve reclamando. Dizendo que tá massa, mas que preciso de mais dinheiro, que se acontecer isso, aquilo ali também, vira. E assim vai. E ela continua lá, firme e forte. Agradecendo sempre e vivendo junto de seu amor.
Mas hoje, foi diferente. Talvez só pra mim. Hoje eu tava sentada na sala trocando idea com ela e ai foi mais forte que eu. Dos olhos vieram as lágrimas. Vieram sutilmente, sem mesmo perceber que chorava de saudade. De saudade dela, de Antonio, de Tuany, da city e da movida. Chorava sem perceber, porque minha alma estava ali, sentindo tudo aquilo que já senti e hoje tudo aquilo virou apenas palavras. Palavras e memórias. É estranho pensar e sentir aquilo que eu pensava e sentia quando atravessava a Gran Via indo trabalhar na Rambla. Aquilo era tão lindo, tão solto, tão livre.
Cadê?
Eu tinha sede. E fui matá-la na casa de um amigo. Onde tinham outros amigos. E a agitação de dentro foi desaparecendo. Até que sumiu. Anestesiou. O novo; de novo. A porra do novo; que vem matando tudo que tem dentro de mim. Passa como um trator matando todas as minhas idéias antigas criadas a pouco de um mês. Vem cuspindo na minha cara que tudo já virou rotina, que tudo já dá pra controlar e que ta tudo assim meio preto e branco. Que na verdade, precisamos de mais cores, de mais lápis....
E a caneca está assim: vazia, sem nenhum lápis.
Um comentário:
Claro que vc já leu ou ouviu que os olhos sao a janela da alma e que, portanto, o melhor mesmo é lavá-las de vez em quando de dentro pra fora. Eu também faço isso às vezes. Faz bem, né? Depois dá aquela sensaçao de alívio, de estar novinha em folha pra segurar outra onda. Jamais esquecerei também nossas noitadas, nossas confidências e mesmo vc estando aí e eu aqui, a gente vai sempre estar junta nos nossos grandes coraçoes. No meu cabe todo mundo e ainda sobra espaço. E no seu tenho certeza que também. Beijo graaande. Te amo, Mariiii!!!
P.S.: A Marina é uma gaúcha muito gente boa que vive aqui, mas agora está trampando em Ibiza. Certeza que vcs vao se adorar porque é claaaro que vcs vao se conhecer. Aqui na Barceloca.
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