CENA I
A menina está deitada de barriga pra baixo sob sua cama. Folheia a revista nova que acabou de comprar. Do lado esquerdo, a janela bem grande, está escancarada. Por ela, a menina consegue escutar um tango, puro, daqueles que tocam a alma. Ela levanta, dá as mãos para seu par invisível, caminha até o centro do quarto e juntos começam a dançar.
MENINA SUSSURA NOS OUVIDOS DO PAR INVISÍVEL:
- Apesar de sempre soar pela minha janela um jazz verdadeiro, daqueles que tocam o coração, o som que soa hoje é tango... um tango puro, daqueles que tocam a alma. A janela sempre traz a novidade: o presente. E por isso e por outros motivos, ela fica assim: aberta. O contato com o universo é essencial.
Quando termina a música, eles se despedem. Ela senta silenciosamente em sua cama e o olha. Sorri como de costume. Levanta da cama ao ouvir outro tango começar, estende a mão para o par invisível e começam a dançar:
MENINA SUSSURA NOS OUVIDOS DO PAR INVISÍVEL:
- Outro dia, a porta do quarto abriu sozinha. A porta sempre traz o que não importa: o passado. E por isso e por outros motivos, ela fica assim: fechada. Então, eu a fechei bruscamente com todo o peso do meu corpo, e depois tranquei com a chave. Pensei até em jogá-la pela janela, mas lembrei do futuro, e resolvi jogá-la na privada.
CENA IV
Ela anda de bike pela ciclovia da República do Líbano acompanhada de sua melhor amiga. Juntas já percorreram 10 km pela cidade de São Paulo naquela manhã de domingo. A menina então, para, desce da bike, olha para amiga.
MENINA:
- Alguma noite perdida por ai na Primavera, estava eu deitada sob o chão de uma das ruazinhas de Moema. O silêncio era nítido, a visão tomava conta de todas as minhas palavras... das brechas das folhas das árvores: a lua! Bem cheia, bem amarelada, com coelho estampado de ponta cabeça.
Ela recolhe a bike da ciclovia, apóia no gramado, coloca as mãos na cabeça e olha para amiga.
MENINA:
- A foto comprova o momento. E quem comprova o meu sentimento??? Quem??
Ela anda de um lado para outro com um tom de desespero. Olha para amiga com os olhos cheios de lágrimas.
MENINA:
- Os olhos!!! Que não eram meus.... mas sugavam dos meus..... a prova.
CENA XII
Deitada sob o chão de uma das ruazinhas de Moema, acompanhada do silêncio e da Lua, a menina levanta e encara mais uma vez a imagem que sempre se repete. Ilusão de ótica: a sombra da árvore remete a um graffiti no muro. A menina, chocada mais uma vez com suas verdades recém descobertas, caminha para frente e para.
MENINA:
Se muro existe, quem flutua é o graffiti! E faz sentido se agora existe muito mais arte que antes?
2 comentários:
Uauuuu A foto comprova o momento e quem comprova o meu sentimento????? Quemmmmmmmmmmm?????????
O verdadeiro sentimento nao precisa ser provado nem comprovado Maricota. Eu assim espero. No meio dessa loucura alguem a de captar.....
Se enquadrou na frase? ahahahahaha! Quem diria que estariamos na mesma fase?????
i love you!!!!!
beijos
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