quarta-feira, 12 de maio de 2010

Barcelona, outubro de 2008 + São Paulo, maio de 2010 = tempo inexistente

No vácuo desse tempo que não existe, existe saudade. Saudade de dias que andávamos pelas ruas de Barcelona em pleno outono, e você me apresentava a cada amigo seu que esbarrávamos, sempre com palavras doces, dizendo que eu era a sua brasileira. E depois daquele dia, que me levou até a boca do metrô do Passeig de Colom, no qual viajamos sem sair do lugar para o Marrocos e nos deparamos com a pilula vermelha e com a pílula azul, tudo ali fez sentido, apesar de nunca ter te dito isso. Alí, as suas palavras entraram pelos meus ouvidos e ficaram guardadas dentro do meu corpo, como as sua letras de músicas.

Depois, como de costume, me puxou para o Raval, e ficamos ali horas e horas andando pelas ruas, você me traduzia tudo de catalão para o espanhol e eu de português para o catalão. Viramos a esquerda, e você me empurrou para um bar, no qual tinha um borracho falando mal do Zapatero. Sentamos na mesa com ataques de risos, pedimos duas cañas para o garçom, um porro feito na mão. Olhou nos meus olhos e me explicou que as paisagens mudam sim em cada estação, e se elas mudam, por que o homem não mudaria? E foi alí, que mais uma vez, tudo se encaixou em seu devido lugar, mas eu não quis acreditar, quis pagar pra ver e você como sempre, me esperou.

Me esperou até na surpresa do meu aniversário, e eu sem saber, não fui para o Underground. Mudei de planos, e você ali, sentado em frente a barra me esperando. Depois nos encontramos na praça num frio que brindamos com vinho Rioja (o meu favorito). Brindamos a vida, aos planos, a distância que poderia ser rápida ou não. Brindamos ao encontro, ao underground e ao sangue espanhol. Brindamos ao tempo e as mudanças. E finalmente ao MACBA.

Não sei se ainda me espera, porque talvez eu também não te espere. Mas no vácuo do tempo inexistente, existe a saudade de alguém que me tratava como rainha, diferente dos outros loucos que me rodeiam. Se pudéssemos escolher por cinco minutos um lugar e uma pessoa, nesse exato momento, estaríamos no MACBA vendo a vida passar.

2 comentários:

Anônimo disse...

hehe, depois de ler o texto todo, fez sentido... descobri do que se trata :P
Ia ser legal mesmo se a gente ao menos ver esses momentos passados.
Bjos idiota mor... love you
ahrm
primo

Mari disse...

viuuuuuuuuuuuu? vc sempre acha, sei lá porque, que vou cair onde não devo! hahaha
Jodida, pero contenta!
beijo, te amo!