sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Uma galeria de arte a céu aberto ...

Ainda lembro daquela noite como se fosse ontem. A gente tava sentado ali no MACBA curtindo o céu estrelado. Era verão. O calor continuava batendo 30 graus no termômetro, mesmo com o sol dormindo. Já tinha perdido as contas de quantas vezes o paquistanês passou ali e deixou uma cerveja p/ mim. Então eles tiveram a idéia de me mostrar quase todos os grafites do Raval. E em Barcelona para admirar algum grafite, o rolê tem que ser mesmo a noite quando as lojas estão todas fechadas. Barcelona não tem muro. Cada loja fechada, um grafite. E a cada grafite, uma explicação. Quem grafita pelo Raval normalmente mora pelo bairro e isso quer dizer que quase todo mundo se conhece. Pelo rolê eles me perguntam se os grafites de Sampa também são assim. E aí, o sorriso ficou maior que o meu rosto, os olhos ficaram brilhantes, o peito estufou... satisfação em sair da minha boca que os grafites na minha cidade estão nos muros, assim como deve ser.

Hoje acordo novamente no verão. O céu azul, mas agora já pra lá de branco. O calor não chega perto dos 30 graus, mas está abafado. No jornal a machete: SP quer mais grafites no Minhocão. Uma proposta da Prefeitura de São Paulo pretende transformar o vão livre do Elevado Costa e Silva (o Minhocão) em uma galeria de arte. Mas na proposta não existe a idéia de patrocinar os grafiteiros e nem o material (tintas, sprays e pistolas). Ainda não, quem sabe um dia. Enquanto isso, o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, pretende fazer um catálogo (roteiro) com todos os grafites existentes na cidade. Além disso, cada grafite será identificado com placas com os nomes dos grafiteiros. Assim quem sabe as empresas terceirizadas que prestam serviços de manutenção para São Paulo saberão que os muros estão grafitados (e autorizados) e não pintarão de cinza, como o grafite dos Osgemeos na Radial Leste.

3 comentários:

Kel disse...

Quem disse mesmo que odiava o jornalismo? Tsc...tsc...já te vejo trabalhando na divulgaçao dessas paradas. Por que nao te ofreces para ajudar nisso, Mari? É a tua cara, vc bem sabe. Aqui estamos longe, muito longe dos trinta graus, mas nosso céu continua abençoado com muito sol durante o dia e todas as estrelas durante a noite.
Beijos!

Luís Pereira disse...

Não sei não ... Não sei até que ponto tal projeto obstrua uma das características principais do grafite: a paisagem urbana em constante transformação e renovação.

OBS: importante não esquecer dos pixadores. Por mais que sejam odiados por muitos, eles continuam existindo.

Mari disse...

eu, eu, eu. Nao volto tao cedo. Adoro escrever, adoro falar, adoro contar mas só no meu blog!!! Aqui nem sempre tem estrelas... e nem sempre sol sem nuvens!!! Mas tem um monte de amigos que amo muito.

Osama, concordo plenamente com vc. Mas lembra daquela exposição que fomos do osgemeos???? Imagina aquilo fora do museu e nas ruas??? E aquele barco, aqueles quadros sempre ali num muro????? eu agradecer todo dia em que passasse por ele. ou nao, vai saber!

beijo p/ os dois!!