quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

M-A-M

Na dúvida entrei. Eram contemporâneas, mas tocava Oxford Comma de Vampire Weekend. As paredes eram todas brancas, às vezes eram pretas. Diante de telas que eu também saberia pintar, uma delas me chamou mais atenção, são essas que tiram minha respiração e sem fôlego olhei, para o lado. Encontrei os olhos que não eram pinturas. E esses olhos olhavam os meus. Me sugavam. Eu me encontrava ali no meio de telas contemporâneas ao som de Vampire Weekend, sem ar e sem meus olhos. É. Os olhos já não me pertenciam. Mesmo assim, quase sem jeito e sem movimento, consegui desviar o olhar e parar na frente de outra tela que devolveu meu ar. Essa até minha sobrinha pintaria. E pelo corredor fui seguindo as telas que não estavam nas paredes, estavam penduradas por fios, inexistentes. Insignificantes. As telas não se mexiam, nem com o vento, apesar de não existir janelas. Entre uma tela e outra, eu esperava o vácuo, mas não tinha vácuo, tinham os olhos, os mesmos, na mesma proporção. Eu de novo, sem meus olhos, roubados em instantes. Desvio, disfarço, viro, respiro. Procuro e encontro. Não os olhos, mas a tela que minha nonna com 85 anos também pintaria. O ar de volta. Que daqui a pouco some. E me deixa. S-o-z-i-n-h-a diante de telas c-o-n-t-e-m-p-o-r-â-n-e-a-s. A única parede vermelha do museu carrega o fim da exposição. Nada mais contemporâneo do que um espelho sob espelho pendurado ao lado do sino de vidro que não toca, porque se toca, quebra. O espelho sob o espelho na parede vermelha guarda um retrato: as minhas duas mãos ao lado de outras duas mãos. Truque, de mágica. Olhos nas mãos, mãos nos olhos, os mesmo olhos e eu sem fôlego.

3 comentários:

Anônimo disse...

uau!

Mari disse...

uau digo eu!!! Se os ventos continuarem nessa direção, diria eu que isto dai, se chama f-u-t-u-r-o!

beijo trouxa!

Anônimo disse...

que venha o futuro! mas nao esqueca do presente, porque num piscar de olhos ele ja se foi...amo-te