terça-feira, 24 de abril de 2007

Modelo francês de fazer jornalismo !

Roberta Namour de Montpellier - França


Febre nacional! Nos transportes coletivos, nas ruas, nas escolas e faculdades. Os jornais gratuitos invadem a Europa. Uma receita de sucesso que tem sido a salvação dos grandes grupos de mídia.

Na França, o impacto é ainda maior. Detentora de índices vergonhosos sendo o país europeu que menos lê jornais, o fenômeno dos gratuitos chegou em boa hora na terra do croissant. Matin Plus, Montpellier Plus, Metrô ... jornais que atingem em cheio um nicho até então mal explorado: os jovens.

Face a crise nacional que domina os principais meios de comunicação, os franceses decidiriam aderir à moda. No cenário geral, jornais em recessão, em baixa de vendas ou estagnação. Como “salvá-los” custa caro, a idéia mais plausível se traduziu em distribuir informação gratuita. Eles chegam aos leitores em formato de tablóide, bem ilustrados e com um poupourri de atualidades. 20 minutos é o tempo suficiente para percorrer todas as páginas e para se sentir bem-informado.

Logo nos primeiros meses de distribuição, o prognóstico dos grandes grupos se confirma: um sucesso absoluto. Todo mundo conhece, todo mundo lê!
Que bela merda... quanto desgosto.

O jornalismo francês ajoelha ao capitalismo. Diria mesmo que ele se prostitui. Ingênuo são os que pensam em democracia da informação: jornais grátis ! De grátis, só têm o nome. Por trás de cada exemplar, uma máquina de fazer dinheiro. Jogam nas ruas tablóides de péssima qualidade que evaporam em segundos. Anunciantes que disputam cantos de páginas do produto popular em questão e um esquema financeiro de dar inveja.

Os jornais pagos de nível nacional não correm nenhum risco com a chegada dos gratuitos, pois são eles mesmo que os mantém. Montpellier Plus é mantido pelo jornal Midi Libre, que por sua vez é controlado pelo Grupo Le Monde.

Um poder que se rende às regras do capitalismo. Uma geração desinformada. Um país equivocado.

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