quarta-feira, 25 de abril de 2007

O jornalismo de hoje não é o mesmo de antes

O jornalismo de hoje não é o mesmo de antes. Mas também não é muito diferente. Antes, Oswald de Andrade, Augusto de Campos, Niermyer escreviam nos jornais. Antes, a burguesia Nacional havia chamado este mesmo arquiteto para um projeto moderno-maluco: Brasília. Antes, os estadistas investiam em Estatais e as lutas sociais ampliavam os direitos democráticos dos cidadãos e do trabalhador. Hoje, o Estado Mínimo.

Algo mudou.

A história não chegou a fim, como diz Fukoyama ("O Fim da História"), e nem configura-se uma realidade democrática tal que não haverá mais conflitos fora da área da cidadania. E este não pode ser apenas um processo das inovações tecnológicas e da nova ciência da comunicação. Configura-se, na verdade, um período de total consolidação do capitalismo como modo de produção, junto aos regimes democráticos capitalistas e envolto em certa ideologia de transparência e respeito internacional aos direitos humanos. Mas isto, às custas de maior aperto nas contas do Estado, (diminuição do Estado), e nas contas do capital acumulado. a margem de lucro das empresas é cada vez menor, e portanto, o corte nas despesas é cada vez maior. E a riqueza que apresenta maior potencial de variabilidade é a mão-de-obra, o salário do trabalhador. Não à toa, as reformas trabalhistas, a flexibilização dos direitos, o aumento do desemprego e a tendência à concentração ainda maior de capital.

O jornalismo entra nesta chave.

O jornalismo não pode mais dar-se ao luxo de ter repórteres em excesso, de pagar muito por colunistas, de arriscar-se com seu público-leitor com posicionamentos próprios etc. O jornalismo cortou gastos de maneira radical e mudou sua forma-conteúdo para uma mais rentável em uma época de arroxo econômico mundial.

O jornalismo também cresceu, por outro lado, com a rapidez e a profissionalização de um jornalismo rápido e prestador de serviços. Muitas revistas internacionais hoje trocaram sua fonte principal de lucro do material impresso para a internet. As pessoas conseguem facilmente achar informação gratuita na internet. Vende-se, hoje, PV (page views) de banners de publicidade.


Ainda assim, jornalistas dedicados, interessados, meios menores, fazem um jornalismo mais aprofundado e de debate. Mas já sabe-se que o jornalismo precisa de informação ágil e que as pessoas consomem isto.

Bem sabemos que se uma matéria sobre celebridades atrair mais o público que uma matéria sobre o mercado de trabalho, será priorizada. Sem romantismos...

A tendência é o jornalismo de revistas, se tornar via web. Revistas como Vogue, Time, e outras, estão fazendo esta transição. A Abril ainda não entrou nessa por incompetência. Os jornais impressos já consolidados, como a Folha e o Estado, devem continuar a vender seu material impresso, pois as pessoas não gostam de prestar atenção em letrinhas na tela do computador, (isso ocorre com os livros).

Mas, para onde vai, não sabemos, ainda que eu ache que não vai para lugar nenhum se a sociedade não for junto!

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