terça-feira, 29 de julho de 2008

Costa Brava e o Oriço




No Hospital
A MarinaPaula e Alvaro no brinquedo radical no parque ...
e nós apenas assistindoO acampamento
O oriço
De novo a Costa Brava, mas dessa vez em família. Esse foi o programa: meus pais daqui de Barcelona o Má e a Tati e meus irmão mais novos Paula e Alvaro. Um passeio de dois dias de barco pelas rochas e águas turquesas. A primeira parada: uma cala na qual a Tati e a Paula não paravam de reclamar. Ok, era o sexto sentido. Lá estavam eles: o Má, a Tati e o Alvaro em cima de uma rocha para saltarem, eu fiquei no barco com a Paulinha que não queria ficar sozinha. Primeiro pulo, pega a caixa de primeiros socorros. Lá vinha o Má nadando me dizendo: Me fudi fudido! Sobe no barco e mostra o pé, uns 50 espinhos de um oriço. Quando saltou, enconstou o pé direto no oriço. Pega a pinça, não sai nada, a dor aumenta, vamos para o Pronto Socorro. Não tem nada para fazer, a não ser passar pomada no pé e não colocá-lo no chão. Voltamos para o barco, mais um passeio pelas águas cristalinas.

Quando anoiteceu fomos para a Praia D'Aro para jantar e levar os filhos para o parque de diversões. Para dormir, montamos um acampamento delicioso em pleno barco, os filhos mais novos no quarto e eu, o Má e a Tati lá fora dormindo sob um céu estrelado. No dia seguinte, o mar estava mais mexido, demoramos um pouco para achar uma cala mais tranquila. Pulo no mar, fico nadando de um lado para outro, bem do meu lado há um pai com dois filhos, todos de máscaras e com uma redinha, daquelas que Bob Esponja e o Patrick caçam águas vivas. Quando o maldito pai levanta do meu lado a redinha com um polvo quase caindo no mar e eu berro como nunca berrei, volto nadando rápido para o barco e todos me perguntam:

- o que passa?
- un pulllllllpo!!
- Donde?
- na redinha!!!
Todos me olham, reparam que o polvo é quase um filhote.
- É que eu nunca gostei de comer polvos e nem de vê-los.

É ai, que o Má tem uma idéia: Joga a redinha na mão do Alvaro e fala:

- Vai caçar um oriço que vou me vingar!!

Alvaro volta rapidamente com um oriço na redinha, levamos ele para o barco, analisamos, todos passam a mão, tiram fotos. Devolvemos o idiota para o mar e ele não afundava, só boiava. Acho que ele descobriu que existe vida em cima do mar.

domingo, 27 de julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

A crise, os amigos, Tropa de Elite e o mosquito hijo de puta

A crise econômica começou esse ano. É só ligar a TV ou ver as capas dos jornais, é só sobre isso que falam. Zapatero fala, fala, fala e recebe aplausos. E é impressionante como aqui há espaços para mostrar o que a oposição acha sobre o assunto, toda a reportagem mostra o Zapatero falando e depois o Mariano Royal criticando, criticando e criticando seu rival. Além dos meios de comunicação, a crise está em todas as partes. Os garçons são mal educados, sem paciência e sem sorriso no rosto. Na semana passada perdi as contas de quantas vezes senti vontade de enfiar meu leque na garganta deles. Ainda estou no momento de respirar e dar risada. Mas garanto que a próxima vez, ahhh a próxima vez eu conto depois. A explicação que já ouvi de alguns espanhois é que com a chegada da crise, as pessoas estão trabalhando mais e ganhando menos, assim descontam o seu bom humor nas pessoas.

O filme Tropa de Elite chegou essa semana nos cinemas europeus. As pessoas não param de elogiar a filmagem, a trilha sonora e a história. E pode escrever, chegou para ficar, como ficou Cidade de Deus. A parte chata disso é que sou eu que tenho que explicar se o filme é verdade ou não, se a Tropa de Elite existe, se a favela é assim mesmo, por que os políticos não combatem a violência e se nos bailes funk existe aquelas pessoas segurando aquelas armas. Haja vocabulário espanhol e haja modos de falar para não assustar os europeus. Sim, porque é demais para eles imaginarem que os roubos no Brasil são quase sempre com mão armada.

Uma das vezes que explicava a situação do Brasil, estava eu na casa de Cas - minha amiga inglesa de Londres. Por sorte, o seu amigo de piso era um argentino. A cada pergunta de Cas, eu e o argentino iamos explicando com calma porque o Rio de Janeiro era assim. Até que:

- Em Buenos Aires também tem favelas? - pergunta Cas
- Claro - respondo eu
- O Tevez era de uma - completo.
- Ahhhhh você conhece o Tevez? - pergunta o argentino
- Simmmm, sou corintiana.
- Hummm o corinthians é um bom time.

Cas fica um pouco quieta, balança a cabeça para cima e para baixo e fala:

- Londres é um pouco parecido com São Paulo. Sempre que chego em casa, tranco a porta. De madrugada não posso andar sozinha, é perigoso também. As pessoas podem te roubar, mas nunca com uma arma na mão. E aqui em Barcelona eu ando sozinha e nunca tranquei a porta da minha casa. Mas se a maioria dos roubos é com armas, como você consegue viver em São Paulo????
- Ah, mas não é tão assim. A gente vive, a gente desvia.
- Mas se às 3 da manhã você não pode voltar para casa andando, como vocês voltam para casa?
- Normal, a gente volta de carro. Em São Paulo todo mundo tem carro.
- E quando vocês estão bêbados?
- Voltamos também, ué
- Dirigindo?
- É, mas agora tem uma lei que não podemos. Mas eu não peguei ela quando morava no Brasil. É nova.
- A lei é novaaaaaa?
- É!

Kele é minha outra amiga daqui, brasileira, paulista e jornalista. Frequentava os mesmos bares que eu em São Paulo. Amiga de um amigo meu e por destino só nos conhecemos aqui em Barcelona mesmo. É com ela que tenho meus maiores ataques de risos. Trabalhamos juntas e não paramos de falar um segundo. E foi com ela que encontramos Antonio, poderia dizer que é a figura mais engraçada que já pude conhecer. Lotado de energia, dança como só ele e disposto a ajudar até uma formiga. Antonio é brasilero e gay, mora aqui há 5 meses e é louco pela rebajas. Por sinal estou dando graças a Deus que as rebajas estão acabando. Isso sim é liquidação, quase tudo pra baixo de 9 euros. Bolsa, sapato, casaco, saia, bermuda, colar, short. É uma loucura.

Sempre quando escrevo textos para o blog, o Pablo passa por mim e me conta algo que necessito sempre deixar escrito aqui no blog:

- Estou com tanto sono - diz ele
- Ué, mas eu voltei da balada ontem e vc tava dormindo, não?
- Sim, ou não. Não consegui dormir porque tinha um mosquito no meu quarto.
- Hahahaha vivo aqui 2 meses e nunca vi um mosquito.
- Sorte tua. Pq quando eram 2 da manhã acordei com ele picando minhas costas. Depois acordei às 3h com ele picando meu braço e quando eram 5h30 ele picou meu pé. Ai foi uma putadaaa!! Levantei, acendi a luz, peguei meu chinelo, y encontré el mosquito hijo de puta y lo maté!!
- hahaha mas por que tem mosquitos no seu quarto e no meu não?
- Creio que é porque tenho uma planta na varanda. Acho que é ela o problema.
- Joga ela fora, deixa ela na praça!!
- Tenho dó dela.
- hahahaha! Tive uma idéia!!
- Qual?
- Por que vc não a deixa na varanda só que na frente da porta do Raul?
- Hahahahahaha. Hóstia puta! Por que não pensei nisso antes?

terça-feira, 15 de julho de 2008

A praça, os patos e os 100 degraus



Eu já falei da minha praça? Acho que sim né? Mas vou falar um pouco mais. Ela é a continuação da minha rua e exatamente embaixo da minha casa não passa carros, apenas pessoas a pé, de bike ou de skate, por isso ela vira uma praça que é cheia de árvores e bancos espalhados. Ainda tem dois restaurantes com mesinhas para fora, duas galerias de arte e uma loja de skate e surf. De um lado apenas prédios coloridos de quatro ou cinco andares, do outro uma construção simpática da Universidade de Barcelona de Teologia. Toda vez que saio do meu prédio parece que há vida nela. Sempre cheia de pessoas, de cachorros. Mas garanto: Nem sempre ela é igual, há sempre pessoas e cachorros diferentes. Falo isso porque a praça á minha sala. É nela que sento para ler meu livro, que sento para observar, para pensar na minha vida, para receber pessoas, para beber uma cerveja, para ter ataques de risos e para descansar e me preparar para subir 100 degraus.

Nela não tem andorinhas voando, mas tem gaivotas e corujas. Mas só percebo isso de noite ou de manhãzinha quando parece que eles estão dentro do meu quarto. Principalmente porque as gaivotas fazem um barulho de patos. Siiiiiiiiim, eu descobri: Os patos são as gaivotas. Nunca contei isso aqui no blog, mas o som dos patos é um pouco assustador no começo. Quando o Lipe e a Fê estavam aqui a gente pirava nisso. Fiquei na missão de descobrir que pássaros eram esses, até que então, estava eu no barco numa cala da Costa Brava e escuto o som dos patos. Assustada, arremessei meu leque azul para o lado e andei até o fim da lancha e gritei:

- Os patooos!!
- Que patos? – perguntaram a galera do barco
- O som dos patos que escuto na minha casa!!!
- Esse som vem das gaivotas, mari! – responde minha prima.
- Lógico que não!!
- Mari, estamos na cala das gaivotas, olha quantas ali!!!
- Hummm, os patos são as gaivotas! – concluo.

Voltando para as corujas e as gaivotas. De noite eu escuto sempre a coruja e de manhãzinha as gaivotas, por sinal são elas que me acordam às 7 ou 8 da manhã e percebo que posso dormir mais um pouco.

Nesse momento estou sentada num banco da praça e paro de escrever, porque acabo de levar um susto do Pablo. Ele é espanhol e mora comigo. Na verdade para mim ele é o Rotta e o Raul outro espanhol que mora comigo é o Silvestri. Meus dois grandes amigos do Brasil. Eles são quase iguais, em jeitos, em palavras, em zueiras, mas apenas parecidos, longe de ser igual. Pablo senta do meu lado e pergunta se eu estava escrevendo meu livro. Digo que não, que estava escrevendo sobre a praça porque eu a amo. Ele ri, concorda comigo e pergunta se em São Paulo existem praças assim. Coço a cabeça, penso que vai ser tão difícil falar que tem, mas não como essas, e tão pouco você poderia ficar ali de boa, coço de novo a cabeça e falo:

- Tem, mas elas são diferentes. Normalmente tem monumentos no meio.
- Não tem bancos?
- A maioria não.
- As pessoas então não sentam em praças?
- Umas sim, outras não. Mas assim como essa não.
- Eu sempre sento aqui e descanso para subir as escadas. – diz ele
Eu tenho ataques de risos e falo super feliz vendo que não sou a única:
- Eu também!!!

Um pouco de catalão

Ainda é difícil entender o que duas pessoas estão falando em catalão. Só consigo ler por enquanto e também não tenho muita vontade de aprender a falar essa língua de turco. Essa língua é uma mistura de espanhol, italiano, português e francês. Dizem eles que tem 6,5 milhões de pessoas no mundo que falam em catalão: na Espanha na região da Catalunia, em Mallorca e ao norte da Galícia, no sul da França, e num pedaço da Itália. É o que dizem. Bom, enquanto isso incorporei algumas palavras bonitinhas no meu vocabulário espanhol:

Carrer - Calle - Rua
Bona Nit - Buenas Noches - Boa Noite
Adeu - Adiós - Tchau
Mercy ou Gracies - Gracias - Obrigada
Bon Dia - Buenos Dias - Bom dia

Catalão, espanhol, português

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Costa Brava












Quem trabalha mesmo na sexta-feira??? Nós não e por isso aproveitamos o dia para andar de barco na Costa Brava. Não tenha dúvidas, a Costa Brava é um dos litorais mais bonitos da Espanha, localizado ao norte de Barcelona, quase chegando na França. Esse é um dos motivos para a paisagem ser tão encantadora, estamos à uma hora dos Pirineus, então só vemos rochas e água cristalina, numa mistura de azul com um verde turquesa.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Bons ventos


Os ventos mudaram de direção e pelo que eu soube não foi só aqui em Barcelona não. Cada um no seu canto, cada um no seu momento, cada um com seu vento. É julho alguns diriam, eu até concordo, adoro julho, mês do signo câncer, tenho vários amigos que ficam mais velhos esse mês. Todos especiais e cada um bem diferente.

A questão é que os ventos trouxeram paz e felicidade para todos. Eu aqui em Barcelona encontrei um anjo no qual me descolou dois empregos, entregar flyer na praia e fazer assessoria de imprensa para show do Natiruts em agosto aqui na city. Lá em Jeri a minha irmã está voando de um lado para outro num dos momentos mais especiais, a Zizia se encontrou novamente na Califa, a Guer trua a cada segundo em São Paulo, a Fezão prestes a ensinar os argentinos como realmente é a dança do ventre, a Fê totalmente decidida em Lisboa. Os ventos também trouxeram notícias excelentes de novas visitas no meses de agosto e setembro.

Vale lembrar que eu vou por aqui e vocês por ai, sempre pela paralela!

domingo, 6 de julho de 2008

Um menino chamado Rafa


Faz mais ou menos uns quatro anos quando meu pai me apresentou o Rafa. Eu tinha 21 e ele 18 anos. Fiquei mais ou menos cinco minutos olhando para ele. Era diferente de tudo que eu já tinha visto, espanhol, gato, cabeludo, forte e com bermudas até o joelho, estava prestes a ganhar o primeiro Roland Garros. Hoje Rafael Nadal é tetra campeão do Roland Garros e acaba de ganhar o Torneio de Wimbledon pela primeira vez na sua carreira, deixando Federer para trás depois de uma partida de 5 horas. Aqui ninguém chama ele de Nadal, como chamamos no Brasil. Aqui na Espanha ele é o Rafa. E a torcida grita: Rafa podemos!!! Depois de uma semana em que a Espanha ganhou a Eurocopa, Nadal traz alegria de novo para seu país.

Um jogo super disputado por 3 sets a 2, com parciais de 6-4, 6-4, 6-7 (5-7), 6-7 (8-10) e 9-7. Um orgulho para a Espanha, já que fazia 42 anos que nenhum espanhol ganhava o Wimbledon. Desde a primeira vez que vi o Nadal jogando jurei de pé junto que ele era corintiano. Só isso me explicaria a tamanha raça do menino. Um menino de 22 anos que chorou igual uma criança quando ganhou o jogo hoje, que escalou os bancos para abraçar seus familiares, que andou por cima de tapumes para comprimentar os príncipes da Espanha, que sentou na cadeira e chorou novamente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Quando (3)


Quando você pede para o verão chegar e quando ele chega você quase morre de tanto calor...

Quando você sabe que seus carneiros são o teu tesouro, teu amigo pergunta onde eles estão e você tem a plena certeza que eles viraram nuvens...

Quando você vai responder em espanhol e responde metade em inglês e metade em italiano....

Quando tua amiga passa cinco dias com você, vai embora e só lhe resta a praça ....

Quando alguém fala em catalão com você e você jura de pé junto que é turco ...

Quando você consegue admitir que é melhor se jornalista do que ser garçonete ...

Quando você já tem certeza que é outra pessoa ....

Quando você deseja só por uma noite estar em São Paulo e sabe que ainda faltam 5 meses...

Terceira Visita

Não tenho palavras para essa terceira visita. Foram 5 dias sensacionais lotados de ataques de risos, de abraços, de lembranças e de muito papo. Quero de novo!
Fê com os copos do restaurante Egípcio

Na praça Ataques de Risos

Na praia de Barça

Em Sitges

Campeones!!!

Desde quando cheguei em Barcelona escuto que eu trouxe a chuva para a cidade. Confesso que durante muitos dias permaneci quieta por saber que não chovia assim há 30 anos. Depois de domingo posso dizer que eu trouxe a chuva e também toda a energia positiva para a Espanha ganhar na Eurocopa. hehe

Domingo foi um dia que eu não esperava. Quando começou o jogo ainda estavámos andando para a casa e as ruas estavam lotadas de pessoas tomando cerveja e nem se preocupando com a final!!! Quando acabou o jogo, a cidade explodiu, fogos de artifícios a cada 30 segundos e um buzinasso absurdo. Resolvemos então sair e fomos até a Praça Catalunia. Uma festa linda vermelha e amarela.



terça-feira, 1 de julho de 2008