terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pela janela do carro, numa dessas noites bem frias, eu pensei:

Às vezes tudo faz sentido,
mas tem dias que ando no sentido contrário.

Sei lá porque,
um dia desses,
te entreguei meu coração,
sem você pedir,
e sem eu perceber.

A música pra mim faz todo o sentido.
é instrumento para alma se libertar,
e como podemos libertar juntos
em sons distintos?

hoje eu entendo,
quase tudo que não entendia quando tinha 25 anos.
a mudança era radical,
por isso tanta agressividade,
a vida foi me arrancando tudo aquilo
que me prendia,
tudo aquilo que não teria mais sentido,
foi brusco,
doeu,
mas hoje eu entendo.

Talvez vocês não entendam,
porque se trancaram em caixas fechadas.
e a vida acontece lá fora,
na esquina de qualquer avenida.

domingo, 14 de agosto de 2011

Embora Parte I



Correu pelas escadas, passou pelo portão e desceu a rua, sozinha, embaixo de chuva. Não sabia que esse seria um caminho sem volta, e se soubesse, jamais teria descido. Não tinha mais volta. Seu cabelo molhado, seu tênis encharcado e sua mente cheia de pensamentos, ideias e revoluções.


Precisava andar muito mais,

precisava se molhar muito mais,

precisava sentar e chorar,

porque seu choro estava entalado,

porque seu choro doía.


Da rua, ela via o que já tinha deixado para trás.

Uma vida inteira, cheia de história, de momentos, de sentimentos.

Muitos amigos, pessoas queridas, tempos que ficariam apenas na memória.

Bastou.

A vida tinha lhe bastado.

Tudo fez sentido, tudo se encaixou perfeitamente, se acomodou, deitou no sofá, assistiu TV e gostou.


A vida passava pela janela e isso não incomodova.

A trilha sonora era a mesma e isso também não incomodava.

Aprendeu então, a apenas falar da vida dos outros, porque a sua já não era mais realidade, já tinha até perdido os sonhos, então se tornou a melhor crítica dos sonhos dos outros.

A vida por sinal, era a vida dos outros e assim acreditou que tinha chegado no topo do conhecimento. Esqueceu das novidades e acreditou.


Porque a vida é feita daquilo que você acredita.


No que você acredita?


Ela acreditou e desacreditou. Lembrou das novidades. Ficou sem ar. Abriu a janela, sentiu a vida passando pela janela e isso incomodou. E então, sem mais, tudo incomodou.


Levantou do sofá, abriu a porta e foi embora para nunca mais voltar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tristeza Parte II

Tenho saudade,
maior do que vc possa imaginar.
Hoje eu chorei de novo,
porque a dor está atravessando meu peito,
e eu ainda prefiro chorar sozinha.

Está tudo bem,
só sinto saudades suas,
de você entrando por aquela porta segurando a raquete de tênis,
e falando que ganhou todas as partidas,
de você tocando boleros e tangos no violão,
de você abrindo o vinho e me explicando de onde vinha,
de você sentar na minha frente e pronunciar o nome do cara que eu estava gostando,
(até hoje eu não sei como você descobria os nomes deles)
de vc ficar na janela olhando para ver quem era o cara que ia sair comigo,
de vc arrasando na pista com a minha mãe,
de vc dançando comigo e depois, sempre depois, começávamos a dançar flamenco.

Cada dia que passa é como se a árvore fosse perdendo, folha por folha.
E que seu eu pudesse escolher, pegaria essa doença por você,
Porque sei que ia conseguir dar o gato na mente.