quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Embriague-se de sonho, seja ele qual for!

O último texto do ano, escrito na mente antes de dormir. Não dorme, porque a mente borbulha. Antes do fim de ano, notícias fresquinhas que não saem nos jornais. Prefiro essas, porque normalmente são verdadeiras. Antes de tudo, a última visão da cidade de São Paulo, do décimo nono andar a imagem é panorâmica, uma parede de prédios mostra o que as construtoras são capazes de fazer com um bairro: destruição em massa. Quem mandou não ter regras ou mesmo bom gosto? Vai demorar mais dois séculos para o ser humano entender que dinheiro não é tudo, caráter sim.

Ela não tem medo. Gosto de pessoas assim, que batem no peito e enfrentam o que for necessário, que dão a cara para bater e reclamam daquilo que já estão pensando em como mudar. A faxineira que trabalha aqui em casa abriu uma loja no bairro dela. Vende tudo. Ela me olha, pede um nome para a loja e afirma: Eu não tenho medo não, Mariana. Nessa vida a gente precisa é tentar, nao é nao? No primeiro dia da loja acabou até o estoque. Domingo tava ali no centro às 6 da manhã comprando mercadorias.

Quem acredita, não para, porque não tem tempo.

A última notícia sem foto, sem manchete, sem julgamentos. Boca aberta ao ver a reação de um casal com mais de 60 anos. Ao saber, ela pula de emoção e ele toca violão. Modernos? Até hoje não sei, ela sempre quebra as barreiras, vem ai uma nova vida e a família cresce.

"Sonhe, busque, espere, ame e reame! Deixe sua alma voar alto, pegar carona com os fogos coloridos. Mentalize seus desejos mais íntimos e acredite: eles também chegarão ao céu. Irão se misturar às estrelas, irão penetrar no Universo e voltarão cheios de energia para tornarem-se reais. Basta você querer de verdade e ter... fé. E que seu ano seja plenificado de bênçãos e realizações".

FELIZ NATAL E UM PUTA ANO NOVO!
E não se esqueça de se embriagar de sonhos!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Isso é:




Efterklang & The Danish National Chamber Orchestra - Cutting Ice To Snow (live)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Antes de tudo...

Não vou esperar dezembro acabar para escrever um texto básico de fim de ano. Já faz um ano que voltei de Barcelona, o tempo passa, corre, voa. Só sobrevivi em São Paulo simplesmente por dois motivos: o primeiro porque me foquei em fazer tudo diferente, tudo aquilo que ainda não tinha feito na cidade, viver o novo em Sampa, foi viver de verdade e o segundo porque tenho eles por perto:

Nesse ano, conheci pessoas incríveis, que jamais vou querer perder o contato: Jonaya, Pâmela, Maria D’Cajas, Badah e Fê. Na boa, vocês mudaram muito minha vida, me acrescentaram muita coisa e a amizade que hoje existe é algo glorioso para mim.

Tive a presença de pessoas nesse tempo, que não tenho como agradecer: Lica e Fezão por estarem sempre juntas, na risada, na tristeza, na balada e em tudo, vocês são pistoleras natas de coração! A Cela, pela sua casa, pela sua irmandade, pelo seu amor e claro, por seus conselhos. O Salga, Zan, Delguis, Bovo e Brunão pela saudade matada, pelos encontros, pelas dicas, pelas risadas, pelas idéias. Antão pela recepção de todas as vezes que apareci em seu bar. Rafa pela nossa amizade continuar pura e linda. Spot porque você é um puta amigo e por cada dia que passa meu orgulho pelo seu coletivo na Galeria Experiência só aumenta. Gi e Gui, começando pelo casamento, pelas risadas, pela irmandade, pela confiança e pelos bebês. Ortiz pela amizade e por sempre estar disposto a disputar a pista de qualquer festa, Fê (sua mulher) por fazermos o escambo de línguas e aprendizado. Malu, por ser eternamente a fish. E Keke por seus conselhos lindos, mesmo que distante.

Amigos que voltaram de terras distantes e mudaram muito a minha rotina: Porto e Craide, obrigada por todas as vezes que apareci na sua casa, pelos chás, pelas conversas, pelas terapias e pelo descobrimento do amor pela Nikita!

E pessoas já conhecidas, mas que depois da viagem, sei lá porque, houve um novo reencontro e agradeço sempre por isso, porque hoje há uma amizade mais linda e mais pura: Feta, Bibi, Karina e Monica! Adorei ter conhecido novamente vocês. O Feta vale mais um agradecimento pela cura, pelo tratamento, pelo novo mundo e por toda essa energia acompanhada de ensinamentos, sem palavras mestre!

E antes de qualquer coisa, um agradecimento para duas pessoas que sem elas eu jamais vou conseguir viver: Rotta e Silvestri, vocês são sem dúvida, as pessoas mais importantes na minha vida. Se hoje estou aqui, é porque você são meus pilares! Patty, amiga de tanto tempo, separadas por mares mais que uma década, cada vez que vem, é mais um aprendizado, você foi essencial o tempo que passou aqui e graças ao universo, vem de novo para fecharmos e abrirmos mais um ano com chave de ouro. Alê, minha querida irmã, porque parece que veio ao mundo para ensinar como se deve viver; Marco, por ser tão paciente comigo na nossa sociedade e aos meus pais, que me enfrentam quase todos os dias, mas que me confortam sempre com seus dons e claro, por me provar todos os dias o que é ser uma família. Vocês dois são de outro mundo. Meu espanhol e minha italiana prediletos! Totalmente grata!

Aos outros amigos e colegas, muito obrigada por tudo e sem palavras para todos aqueles que acreditaram e acreditam nas minhas bolsas, muito obrigada!

Que o ano que vem não seja mais um ano de mudança e sim de puras realizações,
Que os sonhos saem da mente e convivam com a realidade,
Que a força nunca acabe e que a coragem transborde,
E que a felicidade sempre esteja dentro de você e não ao seu lado!

Obrigada a todos por esse puta ano, porque foi do caralho, um ano de crescimento, de tapas na cara e de vitórias, de muitas vitórias. Obrigada sempre. Valeu!!!!!!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sapos, o Novo e o Tempo

Eu sei que você ainda lê meu blog. Sei também que minhas palavras te confortam, e que por isso, você talvez durma melhor em sua cama. Desconfio que muitas vezes você olha para o telefone e engole a vontade de escutar minha voz. E que você nunca imaginou que eu, um dia, seria tão radical. Mas acontece que meu estômago não suporta virar um brejo para colecionar sapos, tem dias, que a gente precisa vomitá-los. Desculpe, se por algum momento, você escutou aquilo que não queria ouvir.

Desde o dia em que você partiu, eu esperava a próxima poesia no seu blog. Esperava também a próxima imagem sua tocando gaita ou sax. Com a música você não parou, talvez porque respire isso, mas desde o dia em que você foi embora, junto foram seus textos. Quero ver quem vai te inspirar daquele jeito. Quero ver você abrir as caixinhas e não encontrar o que deveria. Quero ver você transbordar paz e não ter os potinhos para preencher. Resolvi apagar os links do computador e da minha memória, não quero mais ler, não quero mais ouvir. Não quero mais saber. Nunca gostei de ser jornalista, mas sou. Sem você saber, eu já sei. O sexto sentido bateu antes na minha porta e enquanto você está indo, infelizmente, eu já estou voltando.

O novo vicia, sabia? Te envolve que nem o cheiro de um perfume e depois já não quer mais parar de sentir o cheiro. Só passa, quando acorda. Quando lembra que não é preciso ser dependente, nem de alguém e nem de algo. Parece complicado, mas é mais simples que parece. A fraqueza não existe, ela é criada apenas pela mente. E a mente também vicia. Quase um ciclo, que provavelmente se você está sóbrio, não gira, para!

Depois de um tempo, passa. Parece que a mente perde força, coloca as lembranças debaixo do tapete e sem querer, alguém aspira. Depois de um tempo, você entende que a gaveta de defeitos tem sempre que ficar aberta e que se a vida afasta alguém, é porque simplesmente ela não cabe no seu futuro.

O mais difícil é assistir Diário de uma Paixão e perceber que aos 27 anos, nunca amei ninguém na minha vida.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Des - pe - dida!

Nuns dias desses, eu andava pelas ruas de Barcelona me despedindo. Eu sabia que ia voltar, mas não entendia como viveria sem aquilo a partir de cinco dias. Eu não sabia como era volta e muito menos imaginava o quanto difícil mesmo, era se despedir. Perdi as contas quantas vezes fui ao Macba tentar viver o último momento, de quantas vezes desci na pracinha da minha casa para sentar no banquinho para admirar o que acontecia ali, de quantas desculpas inventei para passar só mais uma vez na La Pedrera. Os últimos olhares com Pablo, Keke, Tuany e Marcelo. Era o fim de uma vida e inicio de outra. Alguém apertando o play sem ao menos saber se você estava pronto. Na real, você nunca está pronto.

Até onde vai o seu amor?
O meu não passa dessa esquina.
Quero ler suas próximas poesias,
quero ver se elas continuam rimando dor com amor.
Não gosto de poesias que rimam,
Nem das que seguem regras.
Tão pouco gosto de pessoas que admiram só um movimento literário ou artístico.
Não suporto ver pessoas que discutem política numa mesa de bar e depois jogam papel no chão.

Não suporto, e se não suporto, me dê licença, eu preciso passar. Quem foi que disse que alguém um dia poderia ser um portão na minha vida? Eu pulo. Você sabe muito bem disso. Eu já pulei, pulo e pularei. Porque a vida meu bem, é curta. Se você tem medo, abaixe suas armas e se conforme com aquilo que te resta.

E se te conforta, saiba que de restos sempre viverá.

Tudo se resume num copo de cerveja com canudo. Quem conhece, espera que o copo seja da Zizia, o único ser até então, que bebe cerveja no canudo. O copo na mesa não era dela e sim de um sujeito que me respondeu assim:

- De Recife? Sou não, minha nega, sou de Olinda.

A figura é percussionista da Orquestra Contemporânea de Olinda e nos levou até um bar onde Da Lua, Toca Ogan e mais dois pernambucanos tocavam samba. Não tenho palavras pelo som, pelo achado, pelas conversas e pela ciranda dançada. Mais uma vez obrigada.

Dezembro está dando as caras e meus dias estão escorrendo. Eu olho para a rede e a rede me olha. A esquina, a casa, as pessoas, o parque. Tudo de novo. Eu não aprendi e talvez nem queira aprender a me despedir.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

N a e s p e r a d o m o m e n t o d o p u l o

Se eu pedisse para o bonde parar, ia ser no minimo estranho. De novo.
Por que tudo se repete em tempo real?
O bonde.
O caminho.
A certeza de que já não tem mais certeza de nada.
O sexto sentido esquecido. Não esquece, porque dói. Porque sexto sentido sempre dói.

Não encostei ninguém na parede para olhar olho no olho, estufar o peito e perguntar: e ai?
Tão pouco liguei,
tão pouco esperei.
Foi. É. Será.
Simples?
Não.
Não é nada simples. É complexo demais.

Te convenci? Se tudo então, é uma incerteza, que eu desça do bonde nesse instante.

Há ou não lógica?

Claro que não.

Vou desistir de caçar borboletas e ir atrás da porra do planeta que desalinhou o universo. Isola! Boca fechada não engole mosquito. Por que será que eu não aprendo isso? Falando muito com vicio da tecla enter. Aiiiiii, se eu tivesse gravado. Tava tudo ali, não tava? Mas ta gravado na mente, do lado direito e com isso, o perdão surgiu lentamente, sem ao menos eu perceber. O choque e depois o alivio. “Saindo as palavras por uma porta e a vida por outra”. A vida se fez de louca e a loucura tem cura, ahh se tem.

Na espera de um show do mundo livre s/a naqueles lugarzinhos pequenininhos, bem aconhegante, com pouca gente e com cerveja de garrafa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eu não quero ver o seu olhar esbarrando no meu com sentimento de perdão. Porque ainda não sei se já assistiu ao espetáculo com o roteiro modificado. Não sei se gostou ou se odiou. Disse uma vez por ai, que não tinha mais nada para dizer, mas nesses dias, as coisas mudaram e a tentativa da aproximação, me incomodou. O mundo a tanto tempo de ponta cabeça, e você com esse atraso de visão. O roteiro original sempre esteve ali, ao lado do espetáculo. É um direito de qualquer cidadão ler a verdade. Nem todos querem ler. E isso é também um direito.

Alguém saberia me dizer que planeta que entrou em transe com Vênus? A posição com Libra, Lua e a Terra está um pouco desalinhada. Há faíscas onde nunca existiu... está quase em erupção. O frevo tocava alto no salão, todos de mãos dadas fazendo uma roda maior que o próprio espaço. As flores no chão, as velas nas paredes e eles no palco. Quem tocava o trompete?

Eis a questão.

Quem foi que disse que é melhor ficar com uma pergunta do que com uma resposta? Deve ter sido o mesmo louco que disse que toda mulher deve tomar hormônios todo o mês.

O muro não existe mais. Nem os graffitis invisíveis. Também não há mais jardim. Arranquei flor por flor e com machadadas quebrei o muro. Não há território, só um espaço vago. Por enquanto, permaneço deitada vendo as estrelas andarem pelo céu. A vida está em constante mudança.

O sofá tem que mudar de lugar,
a parede tem que mudar de cor,
temos que mudar de ideias,
de conceitos,
de sonhos,
de casas,
de baladas,
de amores,
de fracassos,
de erros
e de acertos.

Me assustam aqueles que não mudam,
porque se não mudam,
estão mortos.

Esqueci de brindar novembro e não quero esperar dezembro chegar. O céu anuncia que é mês de caimento das máscaras. A mentira escorre pela escada. Palavra serve apenas para criar falsas promessas. Porque palavras sobram na boca de qualquer um, mas atitude está quase em extinção!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fui pra Índia - parte II

Dessa vez, a noite não tinha uma lua amarelada e enorme, tão pouco um céu que borbulhava estrelas.... Numa noite de encontros e desencontros, o corpo suado, quente, ao som de ragga.... Tive que partir outra vez, perdoname.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

REW

E de repente faltou ar... daquele jeito que jamais achei que faltaria de novo. Confesso que achei que estava preparada, e percebi que quero tudo de volta. Tudo aquilo que te dei, tudo aquilo que sonhei, tudo aquilo que vivi. Se pudesse eu rebobinava a fita e colocava play bem no comecinho, e quando chegasse ao fim, rebobinaria de novo. E faria isso até meu dedo doer, até meus ouvidos cansarem, até eu cair no sono. Se duvidar, acredite, fiz mil cópias da fita original. Ainda não espalhei pela cidade, ainda não divulguei para todas as revistas, ainda não gritei pelas ruas. O muro comprova. Não existe mais a frase, só a imagem.

Em Giros

Hoje eu percebi que o mundo gira mais do que eu pensava que girava.
Gira de acordo com a situação,
Gira ao contrário de sua visão,
Gira com alguma complexa razão,
Gira para sempre girar.

Gira porque vivemos em segundos,
Gira porque estamos presos a retalhos...
A retratos...
Retratos de nossos sonhos,
Completamente visualizados e expostos a esse mundo
Que te pertence
E a mim também.

Porque somos cobaias do mundo.
Porque acreditamos em algum fim,
Mesmo não sabendo o que vem depois do fim.

E talvez por isso,
Nos encontramos onde estamos:
Parados no tempo!
Estacionados em nossos pensamentos.
Porque tudo é feito de momentos.
Somos reflexos de nossos sentimentos.

A hora?
Não existe...
Acontece.

Mari 16/01/03

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por las escaleras...




No momento de loucura, a escada.
Um degrau
Por
Vez.

É a vez
da
Des
ci
da.

Os pés
no chão.

A borboleta
na rede.

A consciência
da tecla
pause
apertada
invisivelmente.

Ninguém
precisa
saber.

O xadrez.

O plano
pula
o muro.

E cai
do
outro
lado
na
espera.

A caça
por
borboletas
pretas
ou
amarelas,
tanto faz.

O que importa
são as bolinhas brancas.

O muro,
a borboleta,
o xadrez,
tanto faz.

É a vez
da
Des
ci
da.

Um degrau
Por
Vez.

Os pés
no chão.


Mari 05/11/09

Imagens

Vejo o infinito,
Estou além de meus sonhos,
Estou de fato,
Criando...

O vento me faz lembrar do barulho quase esquecido.

Estou indo...
Caminho para o infinito.
Estou pedindo.....
Apenas eu...
O infinito é só meu!

Preciso colher meus sonhos.
Preciso de um bocado de silêncio.

Se eu pudesse escolher,
Não voltaria tão cedo....
Permaneceria aqui, apenas para me decidir
Preciso progredir no espaço da imaginação concreta.

Busco sentidos
Busco um equilíbrio
Para sorrir e para chorar nos segundos certos.

Quero andar lentamente e corretamente como as nuvens.
Quero ver e viver as novas imagens.

Mari

Farol de Santa Marta, 13 de janeiro de 2003.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Vontade - Bruno Morais!

"A Vontade” foi a música escolhida por Bruno Morais para o seu primeiro clipe. Como aconteceu em toda a concepção do disco 'A Vontade Superstar', Bruno reúne neste vídeo artistas de segmentos e linguagens distintas. “A Vontade” traz, por exemplo, no naipe de metais o músico paulista Bocato ao lado de Tony Chang, arranjador do coletivo neozelandez Fat Freddy´s Drop, que o cantor conheceu na Red Bull Music Academy em Seattle nos Estados Unidos.

Protagonizado pelo bailarino Jorge García que improvisa a coreografia misturando passos de dança contemporânea a movimentos de Le Pakour e musicais classicos hollywoodianos pelas ruas do centro de São Paulo, o clipe é dirigido por Rodrigo Grota e Pedro Molinos, com figurino de Silvana Moura.

A fotografia de Pedro Molinos é inteiramente em preto e branco em alto contraste garantindo atemporalidade às cenas. E que faz clara referência a César Vilela, diretor de arte do Elenco, selo que lançou os mais importantes discos de bossa nova nos anos 60.

Mais?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Adeu

Quando desci do carro, eu vi o ano de 2007 na minha frente. Não só vi, como resolvi abrir a porta e entrar. Era necessário voltar. Era necessário ver com meus próprios olhos o meu passado abandonado. E quando você volta para o passado, ou você reclama ou você agradece. E adivinha o que eu fiz? Chorei sem derramar sequer uma lágrima. Unicamente chorei com minha alma. Porque quando você olha para o relógio e reza para as horas voarem, isso é um assalto à mão armada a sua própria vida. E foi isso que fiz sem ao menos perceber, rezei para as horas voarem e agradeci. Agradeci pelo presente que é tão diferente de meu passado abandonado. Percebi que tenho em minhas mãos o pote de ouro do fim do arco-íris. “Vou me benzer, vou agradecer, vou rezar”.

Complexo? Não! Simples. O amor é simples, sabia? E por ser tão simples, às vezes eu duvido. “Não pense meu amor, não há tempo, não há o que pensar, hoje em dia, eu vivo em delírio por ti e nem sei disfarçar”.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"y este cuento se ha acabado"

No último segundo, me lavei de lavanda. Procurei o sal, mas não encontrei. Me restou o cheiro, da lavanda. E do cheiro meu cérebro bebeu a tal da lavanda. Não sobrou nada mais que um perdão. A tecla stop apertada. E do vazio, a lavanda preencheu o coração.

A ponto de explosão, com o choro engolido até o talo, ele me fala: aindaaaaa? E eu retruco: mas.... e ele grita: não existe o mas! E ai, eu comecei a correr, da vida, de mim e da raiva que habitava meu corpo e por incrível que pareça, habitava os meus sonhos também.

Só que quando você corre de alguém, esse alguém nunca fica parado, e pode parecer estranho, mas quando você corre de algo, esse algo também nunca fica parado. E lá ia eu, correndo na frente da minha vida, de mim mesma e da minha fofa e admirável raiva.

Digamos que no final, todo mundo já deve prever, que cheguei em segundo lugar, empatada de mim mesma. A minha vida me passou nos últimos metros da chegada e a minha raiva torceu o pé logo no começo do primeiro quilômetro. Conclusão da história? Abandonei a minha raiva bem perto da Bienal e voltei para casa mais leve.

Tudo seria lindo, se ela não fosse chata pra cacete e não insistisse em tocar o interfone, e me convencesse a descer e a escutar mais um pouco.

O role sempre te salva nessas horas. Deixei a minha tristeza escutando a minha raiva, aceitei o convite do Rolê e fui trocar idéia com ele. No vácuo do pensamento, o açúcar do suco. E se existe o açúçar, isso quer dizer que o amargo não existe mais, deve ter ficado ali junto com a minha raiva.

Se tenho muito pra dizer? Tinha. Não tenho mais. E no último segundo, me lavei de lavanda...
Procurei o sal, mas não encontrei....
me restou o cheiro, da lavanda.
E do cheiro meu cérebro bebeu a tal da lavanda.
Não sobrou nada mais que um perdão.
A tecla stop apertada.
E do vazio,
a lavanda preencheu o meu coração.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Linha

Só me importa o é,
o foi ja foi,
e o será, quem vai saber?
Você me olhou,
eu vi,
foi de um jeito nunca olhado...até então.
Pronunciou a frase que não quis falar,
disse com os olhos,
calados.

Não sei porque não disse.
Eu sei que era uma certeza.
boa ou ruim?
será, diria eu.
Meus olhos entenderam,
meu coração não.
parou pela novidade.
o novo.
de novo
Quem era você?

um teste!
Mais um...
Os olhos quase fizeram a boca se mexer,
quase fizeram ela dizer,
mas se perderam no sorriso,
inocente.
puro.

E se não for puro,
não me avise.
Continue então, tentando me dizer pelos olhos.
Eles entendem,
o coração não.

Mari 16/10/09

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Janela do Tango

CENA I


A menina está deitada de barriga pra baixo sob sua cama. Folheia a revista nova que acabou de comprar. Do lado esquerdo, a janela bem grande, está escancarada. Por ela, a menina consegue escutar um tango, puro, daqueles que tocam a alma. Ela levanta, dá as mãos para seu par invisível, caminha até o centro do quarto e juntos começam a dançar.

MENINA SUSSURA NOS OUVIDOS DO PAR INVISÍVEL:
- Apesar de sempre soar pela minha janela um jazz verdadeiro, daqueles que tocam o coração, o som que soa hoje é tango... um tango puro, daqueles que tocam a alma. A janela sempre traz a novidade: o presente. E por isso e por outros motivos, ela fica assim: aberta. O contato com o universo é essencial.

Quando termina a música, eles se despedem. Ela senta silenciosamente em sua cama e o olha. Sorri como de costume. Levanta da cama ao ouvir outro tango começar, estende a mão para o par invisível e começam a dançar:

MENINA SUSSURA NOS OUVIDOS DO PAR INVISÍVEL:
- Outro dia, a porta do quarto abriu sozinha. A porta sempre traz o que não importa: o passado. E por isso e por outros motivos, ela fica assim: fechada. Então, eu a fechei bruscamente com todo o peso do meu corpo, e depois tranquei com a chave. Pensei até em jogá-la pela janela, mas lembrei do futuro, e resolvi jogá-la na privada.

CENA IV


Ela anda de bike pela ciclovia da República do Líbano acompanhada de sua melhor amiga. Juntas já percorreram 10 km pela cidade de São Paulo naquela manhã de domingo. A menina então, para, desce da bike, olha para amiga.

MENINA:
- Alguma noite perdida por ai na Primavera, estava eu deitada sob o chão de uma das ruazinhas de Moema. O silêncio era nítido, a visão tomava conta de todas as minhas palavras... das brechas das folhas das árvores: a lua! Bem cheia, bem amarelada, com coelho estampado de ponta cabeça.

Ela recolhe a bike da ciclovia, apóia no gramado, coloca as mãos na cabeça e olha para amiga.


MENINA:
- A foto comprova o momento. E quem comprova o meu sentimento??? Quem??

Ela anda de um lado para outro com um tom de desespero. Olha para amiga com os olhos cheios de lágrimas.

MENINA:
- Os olhos!!! Que não eram meus.... mas sugavam dos meus..... a prova.


CENA XII

Deitada sob o chão de uma das ruazinhas de Moema, acompanhada do silêncio e da Lua, a menina levanta e encara mais uma vez a imagem que sempre se repete. Ilusão de ótica: a sombra da árvore remete a um graffiti no muro. A menina, chocada mais uma vez com suas verdades recém descobertas, caminha para frente e para.

MENINA:
Se muro existe, quem flutua é o graffiti! E faz sentido se agora existe muito mais arte que antes?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

T T T (Turbo Trio no Tapas)

"Fronteiras e formas das coisas não prevalecem, e sim a essência das coisas. Nossa vida é um reflexo das nossas escolhas. Concentre-se na sua essência. Todo o ser humano tem o dever de evoluir, todo o ser humano tem o direito de se sacudir... Gosto não se discute, não gostou, aperta o mute, se não apertou, agora escute. Ta sobrando muita coisa e tá faltando atitude."

O show de ontem foi mais ou menos assim, muita coisa para escutar, pra guardar pra depois refletir. O Buda no palco. Quem sabe, sabe. O show ontem foi sensacional. Talvez um dos melhores que eu já vi do Turbo Trio. E por alguns motivos, claro. Primeiro porque estávamos bem na frente com um puta espaço para dançar. Segundo porque aquilo eu chamo de dança. As pessoas não eram enlatadas, graças a Deus. Terceiro porque depois o Curumim subiu no palco e mesclou com Turbo Trio. Quarto porque depois o Buda mostrou suas habilidades na pista. Quinto porque o Curumim começou a tocar o CD Enxugando o Gelo. Sexto porque o B Negão subiu novamente. Sétimo porque a festa não teve fim.

"Pra seguir tranqüilo na sua missão, pra se manter tranqüilo em qualquer situação, seja em casa, no trabalho, no trânsito, no mundo em que se criam as portas da destruição, se oriente sempre pela intuição, nossa arma é se a mira é certeira, nesse mundão onde a imagem é a verdade, quem enxerga mais, segue em frente, vai, sem neurose."

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Una extraña mañana en jardin

Se alguém me perguntasse o causador disso tudo eu teria apenas uma resposta: o jardim. Mais uma vez amanheceu, aquele céu cinza como se o mundo estivesse preste ao fim, nos deu bom dia. Confesso que fiquei pasma, porque simplesmente repetiu o amanhecer do primeiro episodio. Os sobreviventes não eram os mesmos, acredito que apenas dois ou três estavam vendo tudo de novo.

Uma estranha manhã no jardim foi o codinome usado para mais uma grande festa no deserto. Só algumas pessoas sabiam que tudo aquilo ficaria pequeno demais. Teve gente que aproveitou, teve gente que escapou. As pistoleras dominaram a pista “Pocos heridos, muchos muertos”. El justiciero fez sucesso, mas como de costume, sumiu como o Mestre dos Magos. Urso não dominou a pista, Zraide tentou mostrar porque veio, Zezão dominou o som. Ziwinsky atirou no alvo, Zitao deixou sua marca, Zoroastra mostrou o que um perfume é capaz de fazer, Zaria bailou su mejor flamenco para todos. Diz a lenda, que nas minhas festinhas de aniversário, os cupidos estão ali, bem pertinho flechando as pessoas. Dali, alguns foram direto para a igreja, outros já moram juntos, outros namoram e assim vai. Quem estava acompanhado, se deu bem. Zrá. E numa noite tão querida, o sorriso ficou maior quando vi a minha madrinha junto com papi. É, o amor estava por todos os cantos. Ainda não lembro de muita coisa, mas do que lembro, adorei. Obrigada Vitão, Mariano e Fezão por tomarem conta do som, Like por ter emprestado o som e obrigada a todos por terem dado o ar da graça no jardim!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Gracias!!

Depois de um ano, a resposta bateu na minha cara. Apesar do susto, depois veio a leveza, o alívio e o agradecimento. Naquele dia em Barcelona, só uma pessoa estava presente e até ela ficou chocada com o grito. O grito não foi tão alto assim, mas foi verdadeiro. Só que nem eu e nem ela estávamos preparadas para enfrentar o desejo. Até porque, ele era maior que meu próprio corpo, era maior que meus sonhos e era maior que a minha própria vida.

Durante alguns meses, eu fiquei pensando quem realmente tinha gritado aquele dia sentada no banquinho da praça em frente da minha casa. Quem foi que pediu olhando para o céu de Barcelona naquela tarde? O meu EU? O meu coração? A minha consciência? E lembro que tinha prometido pra mim mesmo que o dia que eu conseguisse responder isso teria certeza que o ciclo da evolução temporária que tinha ido buscar na Espanha, estaria fechado. Hoje, eu sei. Aquele dia olhando para o céu de Barcelona foi o meu sexto sentido quem gritou.

E isso explica o motivo do meu agradecimento diário. E assim será todas as manhãs, a leveza, o alívio e o agradecimento.

sábado, 26 de setembro de 2009

Somente isso para dizer:




En el mundo habrá un lugar
para cada despertar
un jardín de pan y de poesía

Porque puestos a soñar

fácil es imaginar
esta humanidad en harmonía

Vibra mi mente al pensar

en la posibilidad
de encontrar un rumbo diferente

Para abrir de par en par

los cuadernos del amor
del gauchaje y de toda la gente

Qué bueno che, qué lindo es

reírnos como hermanos
Porqué esperar para cambiar
de murga y de compás

Gotan Project

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O colecionador

Diria que é melhor você sentar, porque hoje tenho uma história para contar. “Pra começar, vai acabar, eu vou dizer, vai acabar, vai machucar, vai clarear a cabeça”. Podia começar pelo final dizendo que você simplesmente perdeu, como todas às vezes. Que quando acontece de fato, não existe DÚVIDA, não existe BRIGA e nem desentendimento. A pimenta no amor não está ai. Difícil de entender? Então vamos por partes.

Começamos pelo cenário: o inferno. Ele é vermelho como de costume, mas não é tão quente assim, tem dias em que a chuva domina e o vento espanta qualquer tipo de loucura tratada numa clínica. As coisas são simples, lembra? Além disso, no inferno existe música de um jeito que você nunca ouviu e nem imaginou. A música é vista de outro ângulo. Os quadros também. Atrás deles ainda existe a costura. Existem cores e estampas. Existe alegria. Existe vida. Quem foi que disse que o inferno é ruim? Prestes de chegar ao seu fim, já me bate saudade. Mas é a vida, né? Afinal, pra tudo na vida existe um prazo de validade, por mais que você acredite que será eterno, um dia tudo acaba.

O personagem no inferno é só um. Um colecionador de borboletas, que anda por ai em busca de espécies raras. As amarelas de bolinhas pretas ainda são as mais apreciadas. E com a redinha na mão, ele acabou encontrando outro tesouro por ai. A última aquisição foi um potinho de paz. Daqueles que você tem a chance de repor sempre na fonte. E quando subiu o último vale atrás de uma roxa, descobriu que não é só mais um colecionador de borboletas, agora ele coleciona momentos. E assim, se viciou na sua própria profissão. Jurou que não voltaria mais para a cidade. Amigos reclamaram, mas quando o vêm por ai atrás de momentos, juram que ele reflete e transborda cores e sentimentos. Aprendeu com o borbulho da mente a transbordar.

O tempo ainda é o presente. Porque de nada interessa o passado e o futuro. Da visão de cima, o inferno e o colecionador estão presos dentro de uma caixa. E você me perguntaria: Se está preso, onde estaria a sua liberdade? Eu responderia: nas asas, no ar, no som, no coração, na mente, no carinho, na nova história que estou adorando escrever.
Agora, olhe para o espelho.... se o reflexo conversar com você, saiba que está tudo bem. Mas se por um acaso, o reflexo te enfrentar ou começar a chorar, procure a sua vida o mais rápido possível.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A lágrima que nao escorre

Sentada na cadeira bebendo uma cerveja, ele ainda quer entender. Quer entender o que não tem nexo, o que nunca foi explicado e que jamais terá um fim. Mas mesmo assim, ele disfarça. Segura o choro como se fosse uma criança de cinco anos. Segura porque nem ele quer admitir que gostaria de chorar por você.

Desespero de querer te acordar. Ele ainda sente isso e se depara com duas estátuas em sua frente... elas não sentem, porque sabem que você já morreu... que vive ainda só para os cegos, que acreditam nos seus sonhos.

Mas você nunca teve sonhos, nem amor, nem amigo, nem mesmo uma conversa profunda sobre seu assunto preferido, porque tão pouco preferiu, tão pouco escolheu, tão pouco decidiu. Foi levado, assim, por caráter de outros, foi se baseando na personalidade de quem te apetecesse.

Não sonha, não realiza, não ama, não chora, não vive...apenas morre todos os dias quando deita em sua cama. E mesmo assim, ele ainda engole o choro. Pede socorro, e a gente mais uma vez, não ajuda. O mundo de ponta cabeça só pra você tentar provar algo, mas tão pouco você prova, porque tão pouco é capaz de fazer. Ele me olha e chora sem jeito.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Caçando borboletas...

Tem dias que o destino arromba a porta de sua casa e te olha na cara. E ai, você tem duas saídas: ou você paga pra ver ou você paga pra correr.

Preciso dizer que saída que escolhi?

Então siga os pontos... Sem dúvidas, eles te levarão para a resposta mais pura!

O vento remete a uma cena de filme...

Então siga os pontos e veja que existe alguma coisa além...

Cósmico?

Talvez! Porque o tempo não existe! E quando existe, já foi...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Bonde e os muros inexistentes

Se eu pedisse para o bonde parar, ia ser culpa do universo. Porque isso, automaticamente me lembraria daquele mesmo dia, em que eu pedia para o bonde parar em Barcelona no ano passado. Em direção ao Tibidado, eu tinha a certeza que não tinha mais a certeza de nada. E que se tudo então era uma incerteza, que eu descesse daquele bonde naquele instante.

Há ou não lógica?

Os muros não existem, os grafittis desgrudam dos muros inexistentes e flutuam pelo ar. Eu pedi tanto para não graffitar ali. Mas eu insisti, né? Eu sei. Fui assim, descendo a rua vazia, pulando a possa d’água, e tentando ver o coelho na Lua. O bonde. Setembro. Lua cheia. Lembrança. Novo. Reencontro, percebeu? Tudo quase da mesma maneira. Os mesmos tempos. Os mesmos ventos talvez, que me fazem querer parar o bonde.

E ai, quando acordo, já estou sentada ao lado da janela, olhando o horizonte passar. O balanço do bonde se torna leve, a sensação agrada, e quando vejo já deixei o bonde me levar.

Só não venha me perguntar o que vem depois disso. Porque eu também já não sei dizer.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Amsterdam, setembro de 2008

A foto, o momento e a história vivida.
Rodeada de bons amigos, de boas cervejas e de ideias inéditas,
a imagem mostra o início da transformação...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A caixa

O previsto aconteceria. Isso todos sabiam… menos eu.
Porque esqueci.

Então a janela abriu, assim bruscamente. Não foi o vento. Isso eles tinham certeza.
Foi o que restou. O resto do resto, apesar de mínimo, teve força para arrombar a janela e sair para nunca mais voltar... simplesmente se despediu. Isso ninguém sabia.... só eu.

Sabia que tudo se fecharia, que cresceriam paredes e teto. E que depois ainda colocariam um laço. Um perfeito embrulho; uma caixa; um presente.

O porta retrato não retrata.

O futuro. Alguém o viu? Alguém o viu passando por ai?

Avisem ele o mais rápido possível que o presente está na caixa, embrulhado, pronto para ser descoberto.

E que se por um acaso, ele cruzar o passado, avisá-lo que chegou tarde demais. Que o hoje veio substituí-lo, para voltar daqui um mês para o próximo teste.

Que chamei Agosto para dar um último role e quem sabe mais tarde, encontrar Setembro olho no olho e ver se é o destino que está se impondo, ou se é o inferno astral que está chegando.

sábado, 29 de agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Isto não é um cachimbo! Mas tenha certeza de uma coisa: eles morreram...

Se o mundo parasse por alguns instantes, eles não perceberiam. E se então, o mundo voltasse a girar, eles também não perceberiam. Porque estão todos mortos. Mortos de tédio, mortos de cansaço, mortos de morte morrida. Esqueceram que para tudo na vida existe um prazo de validade. Que a vida acontece fora de suas casas e que lá fora ainda existe ar novo. Que tudo está em mudança, mesmo que você não queira acreditar. Que o namoro vai terminar, que o namoro vai começar, que você vai ser contratado, que você vai ser demitido, que você vai gerar novas vidas e que alguém muito querido vai se despedir. Que você vai mudar de casa e que alguém vai habitar sua casa velha. E que você vai chorar e que depois vai sorrir. E que alguém vai te ensinar a viver, que alguém vai te machucar e que alguém vai fazer sorrir como você nunca sorriu. E que novos olhos vão tirar sua respiração e a sua respiração vai voltar leve como você nunca achou que voltaria. Que de repente você vai perder tudo e em questão de minutos, você vai receber muito mais. E ai você vai entender que não controla totalmente sua vida, que existe ali fora, alguém que não pára de girar a roda gigante e que você só está ao alcance de seus sonhos. Daqueles que você realmente acredita. Que as verdades, por mais que demorem, batem na porta de seus respectivos envolvidos. Que as mentiras tornam-se xícaras quebradas, sem utilidade nenhuma. Que a confiança depois de rompida deixa de existir e que o perdão chega no momento em que você nem mesmo acreditava. E que diante de tantas proibições, o fim não se aproxima, se distancia.

A noite de São Paulo vai bem com a lei anti-fumo. A fumaça e o cheiro ruim morrem dentro de ambientes fechados e renasce a balada da rua. Fumantes encontram-se nas portas das baladas, as ruas ganham mais movimento e esperto será quem vender cerveja gelada no isopor. A primavera se aproxima, o som do jazz de New Orleans se expande e o mar dá boas vindas. A energia ainda está canalizada, as risadas já explodiram e uma estranha manhã no jardim terá seu segundo episódio. E se você acha que não entendeu nada do que foi lido, está na hora de levantar de seu próprio caixão e sentir medo, porque uma hora tudo isso vai acabar, pode acreditar!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Guarujá, psicina e psicóloga

menina1: lembra quando a gente tinha 15 anos, falamos que iamos dormir na sua casa, pegamos um ônibus e fomos para o Guarujá só p/ pegar aquela baladinha?
menina2: putz! lembro! a gente era muito doida!
menina1: Muuuuuuuito! Entramos na balada, causamos, umas cinco da manhã pulamos na piscina da balada, lembra dissoooooo?
menina2: hahahaha. Obvio que eu lembro! Que coisa escrota!
menina1: Depois saimos molhadas, pedimos carona e fomos parar no apartamento daqueles muleques do Tortugas!!!!
menina2: Nossa! Lembra daquele apto? Nem lembro como saimos de lá!
menina1: Nem eu! Só sei que voltamos para minha casa, dormimos, acordamos e fomos embora para Sampa!
menina2: E vc falou para o porteiro: vc nao viu a gente, tá??? Nossa! a gente era muito trash!!!
menina1: Muito! Contei essa história para muita gente, já! Mas sempre pulo a parte da piscina, né?
menina2: Jura????? ahhahaha eu sempre conto a parte da piscina!!!
menina1: Nunnnnnnnnnnca!!! Contei essa história até para minha psicóloga!!!
menina2: Zuou?
menina1: Não!!!
menina2: E ai? Sua psicóloga falou o que?
menina1: Nada, né? Só ouviu!!!
menina2: Afffffffe, vc nao tocou no meu nome, né?
menina1: Claro que não, até porque não tive coragem de contar para ela que a gente pulou na psicina da balada!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Gostou? Eu gosto. Agosto!

Ah, agosto chegou! Chegou ensolarado, chegou comemorado com copos e copos de mojitos. No frio cansativo, brindei o verão. E foi assim que começou agosto. Recepcionado com boas-vindas mesmo sabendo que seria um mês difícil. Não tão quanto julho, mas sabe como é, o Sol posicionado na casa 9 e a lua ficando cheia tende obviamente a conflitos. Dizem que quando você busca o equilíbrio e você fica próximo dele, o equilíbrio então vira intensidade. Se tudo ficou normal, adianto que só vi conflitos, dúvidas, questionamentos e pensamentos. Mistura, mistura, mistura e depois grita. Agosto! Chegou assim tranquilo, e quando a tranquildade dorme, a inquietação dá bom dia. Se a promessa do ano era de mudanças e por alguns dias tive medo disso, hoje rezo por mais e mais. Bonito seria pedir menos e agradecer mais. Mas a sede parece maior e hoje comecei a acreditar que ela tem o tamanho certo.

Agosto veio com novidades, com desejos, com idéias e com vontades de criar. Veio com encontros agradáveis, com pessoas distantes, com segredos trocados, com a tristeza divida e com certos sorrisos tímidos. A trilha sonora conquistou mais alguns ouvidos, os museus abriram novamente as portas e as aulas serão novas. Resumindo, é quase um passeio de balão para ver os cometas en cielo! Bom agosto para você também!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Lápis, saudade e o novo

Os lápis acabaram. Todos aqueles que estavam na caneca. Nova mania. Prender o cabelo com lápis. E assim, o lápis ganha vida. Às vezes é esquecido até em outras casas, em outros carros e em outras reuniões. Por isso, que quando você abre a bolsa, tem ali jogado uns dois, três lápis. E obviamente que esse é o motivo para eles terem desaparecidos da caneca. Virou rotina. Sentar, olhar para a caneca e ver que não tem mais um lápis para prender meu cabelo. Daí, toca eu sair pela casa em busca dos lápis perdidos. Porque sempre tem um na cozinha, uns três no quarto, um no banheiro, um na latinha do incenso, um no escritório, outro no carro. Daí, eles voltam todos para a caneca. Mas depois, ganham vida, presos no meu cabelo. E aí, ficam perdidos por algum canto.

Ele me liga quase todo domingo. E mesmo assim, toda vez que eu atendo ao telefone e percebo que é ele, fico surpresa. E ai, ele não para. Fala, fala, fala, fala e eu apenas fecho meus olhos e vejo nós dois descendo a Rambla, depois virando no Passeig de Colom. Ele me convencendo a entrar na lojinha perto da praia, comprando um guaraná e falando que ta matando a saudade do Brasil. Ai, a gente vai contornando a praia e ele vai discursando como aquilo tudo é bonito, como é ter qualidade de vida, como é grato por morar ali e como é feliz por poder aproveitar aquela tarde vendo o mar. Ele desliga falando que precisa trabalhar, que adorou conversar comigo e que com certeza a balada ia ser muito boa.

Da janela do meu quarto, com o telefone desligado na mão, eu vejo o meu caminho de volta até em casa. Com certeza, por alguma razão, eu me convenceria que era melhor voltar a pé do que pegar um metro. Escolheria alguma trilha sonora e subiria pelo Born; me perderia de propósito em algumas ruas só para ver novos restaurantes, novas lojas de chocolate, atravessaria o Gótico; cruzaria a Rambla xingando a bandinha dos peruanos e alguns turistas e cairia rapidamente no Raval. Subiria qualquer rua que me levasse até a Plaza da Universitat, andaria pela praça para ver se encontraria alguém conhecido, passaria ao lado da Universidade e dobraria a esquerda e depois à direita. Olharia para o portão do prédio, lembraria dos cinco andares de escadas e sentaria no banquinho da pracinha. Esperaria o tempo necessário para me convencer que lá na minha casa estaria mais atraente que lá embaixo e subiria.

Depois que a distância virou presente em nossas vidas, a gente continua unidas. Quase todos os dias falamos rapidamente sobre nossas vidas. Ultimamente, ela só me escuta falando que as coisas estão para acontecer e que tudo está indo numa onda. Às vezes ou muitas vezes, ela me ouve reclamando. Dizendo que tá massa, mas que preciso de mais dinheiro, que se acontecer isso, aquilo ali também, vira. E assim vai. E ela continua lá, firme e forte. Agradecendo sempre e vivendo junto de seu amor.

Mas hoje, foi diferente. Talvez só pra mim. Hoje eu tava sentada na sala trocando idea com ela e ai foi mais forte que eu. Dos olhos vieram as lágrimas. Vieram sutilmente, sem mesmo perceber que chorava de saudade. De saudade dela, de Antonio, de Tuany, da city e da movida. Chorava sem perceber, porque minha alma estava ali, sentindo tudo aquilo que já senti e hoje tudo aquilo virou apenas palavras. Palavras e memórias. É estranho pensar e sentir aquilo que eu pensava e sentia quando atravessava a Gran Via indo trabalhar na Rambla. Aquilo era tão lindo, tão solto, tão livre.

Cadê?

Eu tinha sede. E fui matá-la na casa de um amigo. Onde tinham outros amigos. E a agitação de dentro foi desaparecendo. Até que sumiu. Anestesiou. O novo; de novo. A porra do novo; que vem matando tudo que tem dentro de mim. Passa como um trator matando todas as minhas idéias antigas criadas a pouco de um mês. Vem cuspindo na minha cara que tudo já virou rotina, que tudo já dá pra controlar e que ta tudo assim meio preto e branco. Que na verdade, precisamos de mais cores, de mais lápis....

E a caneca está assim: vazia, sem nenhum lápis.

domingo, 26 de julho de 2009

Fora do Ar !!

Se fosse mais simples, não existiria. E se fosse mais complicado, não escreveria. Nem mais, nem menos, a medida certa. Vai uma dose, aí? Depois de tanto tempo, você surge ao meu lado numa banca de jornal. E em segundos, desaparece. Antes mesmo de me entristecer, você aparece novamente ao meu lado sentado na mesa. Dessa vez, você permanece dez minutos e depois some. E assim vai e assim vem. Quando acordo, você me dá bom dia e antes dormir você também me dá boa noite. Quando eu tenho dúvida, você segura a minha mão e quando estou perdida, você aparece para me mostrar se é para esquerda ou para a direita. Estranho ou não, isso não é passado. E muito menos presente. Talvez seja o futuro, talvez não.

Era outono. As folhas das árvores da Gran Via já estavam amareladas. As bikes carregavam pessoas mais arrumadas com lenços coloridos nos pescoços. As entradas do Metrô já tinham mais bitucas e bem na saída da Rocafort ele estava lá, como todas às vezes, apoiado no murinho e o skate no chão. Ele não tinha ideia do presente que ganharia dessa vez. E muito menos, que teria mais motivos ainda para se orgulhar dele. Na troca de camisas de futebol, ele me leva para conhecer mais uma pracinha do seu bairro e se alegra quando me vê voltando a ser criança num gira-gira. Tira a blusa do Barça e coloca a do Corinthians. Será que ela ainda tem meu cheiro? Porque depois de um ano, a sua foi lavada diversas vezes e ainda tem o seu cheiro.

O jazz nunca existiu, mas sempre foi marcado na agenda. Os elogios e as vontades ficaram no ar, fora do corpo. Do meu e do seu. Já faz tempo, você cruzou meu caminho ditando passos. Cantou a fita de quinta-feira passada com a melhor descrição possível ao pronunciar duas sílabas em meus ouvidos: ha-xi. Boca marcada, boca mordida. O mesmo estilo, boné p/ lado, skate no pé e o mesmo som... versão brasileira? Esquece. O jazz nunca vai existir, e os elogios e as vontades continuarão vagando por ai.

Não é questão de diversão, nem de prazer, nem de paixão e nem de amor. Alguns se arriscariam dizendo que é Julho. Foram dois eclipses e a confirmação de Plutão que estamos mergulhados na crise, aquela mesma que há seis meses ele anunciou que estava a caminho quando entrou em Capricórnio. E se você trombar Agosto por ai, avisa que estou atrás dele, por favor.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Doutor, Eu e o Diabo

Sentada ao lado da janela, a mente vai longe. Lembra do prazer da liberdade, do suor escorrendo pelo seu corpo naquele verão. Que saudade do verão, que saudade daquela vida intensa com prazo de validade....

Eu: Acho que era isso, Doutor. Aquele verão que vivi no ano passado foi intenso porque tinha prazo de validade. E a minha vida aqui no inverno não tem prazo de validade!
Psicólogo: Claro que tem, Mariana. Ou você acha que o próximo inverno será igual a esse que você está vivendo?
Eu: Tem razão! Então eu perdi mesmo!
Psicólogo: Perdeu o que?
Eu: Essa coisa ai única que tinha trazido da Europa.
Psicólogo: Está saindo muito de noite?
Eu: Não! Só dando uns roles de leve!
Psicólogo: Está dormindo pouco?
Eu: esse é o problema doutor! Estou dormindo demais!
Psicólogo: E você fica cansada o dia inteiro?
Eu: Não! Fico super elétrica! Mas não consigo produzir, sei lá por que. Mas não consigo me concentrar, ainda mais com o facebook.
Psicólogo: o que tem o facebook?
Eu: descobri esses dias que o diabo tem facebook!
Psicólogo: Ah, o diabo tem facebook???!!?.... E vc é amiga do diabo?
Eu: claro que não, né doutor? Tô out dele!
Psicólogo: E o que tem demais o diabo ter facebook, Mariana?
Eu: Ah, não sei não, viu? Já sou amiga do Santanaz e o Diabo fica ali piscando todo dia querendo ser meu amigo!
Psicólogo: E o diabo e o santanaz não são as mesmas pessoas?
Eu: Claro que não! Eles não tem nada a ver!
Psicólogo: hahaha, sei. Vamos ver. O diabo tem namorada?
Eu: ultimamente desconfio que ele é gay. Outro dia, vi ele saindo com um cara.
Psicólogo: E o Santanaz?
Eu: Ah o Santanaz!!! Esse ai nunca vai namorar!
Psicólogo: Por que vc acha isso?
Eu: Ah Doutor, porque o Santanaz é um filho da puta!
Psicólogo: Literalmente!
Eu: Totallllll Doutor!!!!!. Cada dia ele ta com uma mulher diferente. Também gato do jeito que é.....
Psicólogo: O Santanaz é gato?
Eu: Muuuuuuuuuuuuito! Além de estiloso, charmoso e educado.
Psicólogo: Você já teve um caso com o Santanaz??????
Eu: Por que? Você conhece a mulher dele?
Psicólogo: Mas vc me disse que ele não tem namorada!!!!
Eu: É eu sei, mas desconfio que ele tem sim e por um momento achei que vc a conhecesse.
Psicólogo: Mariana, que mundo vc vive?
Eu: acho que no mesmo que o seu, não?
Psicólogo: acho q sim. Continue falando do Santanaz
Eu: A gente teve um caso sim. Uma puta história linda, mas pulei fora.
Psicólogo: Pulou fora de um cara tão gato, charmoso e educado?
Eu: Claro! Do jeito que tava doutor, eu ia me apaixonar perdidamente por ele.
Psicólogo: Puta que pariu! Tava indo tão bem Mariana. O que foi dessa vez?
Eu: Ele tem um grande defeito doutor.
Psi: Qual?
Eu: Ele é São Paulino!
Psi: E aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii?
Eu: Como e ai doutor? Sou corintianaaaa!
Psi: Mariana o que isso tem a ver? Vai deixar de namorar o Santanaz porque ele é São Paulino?
Eu: Claro! Imagina eu namorando um bambi? Quantas discussões ridículas por causa do futebol? Ah não dá. São Paulino e Palmerense não dá. Se fosse santista até dava para engolir, meu pai é santista e tals. Mas porco e bambi, não!
Psi: E se ele torcesse para o Grêmio?
Eu: Hummmm, sabe que nunca pensei nisso? Acho que passa. Mas ia ser um saco. Imagina ficar horas tentando convencê-lo que o Corinthians é o melhor? Não, não! Preciso de alguém que concorde com isso sempre: o Corinthians é foda e ponto!
Psi: A minha mulher nunca pensou nisso para se casar comigo!
Eu: Não?
Psicólogo: Não!
Eu: Que time vc torce?
Psi: São Paulo, claro!
Eu: e ela?
Psi: o que tem ela?
Eu: que time que ela torce?
Psi: Ela não gosta de futebol
Eu: Ah! Assim é fácil, porra.
Psi: Talvez seja a hora de vc ser menos corintiana, e aceitar o seu destino na vida!
Eu: Ah doutor! Na boa? Acho que nenhum homem vale esse sacrifício.
Psi: Jesus!
Eu: Nem ele!
Psi: Eu não tava falando dele como pessoa e sim como Meu Deus! Mas voltando ao tema principal, você acha que está dormindo muito e produzindo muito pouco?
Eu: isso!
Psi: Já tentou colocar horários na sua rotina?
Eu: Já!
Psi: E ai?
Eu: O sono ganha e preguiça domina.
Psi: Ta sem vontade de fazer alguma coisa?
Eu: Muito pelo contrário, minha mente não para quieta. Fica transbordando trezentas mil coisas. Quero fazer tudo ao mesmo tempo, sabe?
Psi: Sei.
Eu: E ai acabo não fazendo nenhuma direito.
Psi: Vou te passar uns florais e com certeza você vai melhorar.
Eu: Obrigada doutor.
Psicólogo: De nada!
Eu: Doutor?
Psicólogo: Sim.
Eu: Tem algum floral ou incenso que faça o Diabo parar de querer ser meu amigo?
Psicólogo: Marianaaa!!! Você precisa urgentemente de férias!
Eu: Também acho Doutor! Mas acho que preciso daquelas férias de 8 meses, sabe?
Psicólogo: Sei. E que tal umas férias de 8 meses com o Santanaz?

terça-feira, 21 de julho de 2009

Dose homeopática e algumas margaridas!

É aquela velha história. E acho que por ser tão velha, torna a história ainda melhor. Nem mesmo o frio espantou os sorrisos. E diante de tantos problemas, chateações e crises, quem foi que se lembrou e esqueceu de sorrir? Ninguém. Aposto todas as minhas fichas que ontem foi ao contrário: todo mundo esqueceu e lembrou apenas de sorrir enquanto estava ali. Dizer que foi uma dose certa na veia. E sem jeito e sem vergonha admito que me viciei. Me viciei nos olhares, nos copos de vinho, nos abraços esmagados, nos beijos carinhosos, nas idas a quadra, nas velhas lembranças, nos velhos amigos e nos recém-chegados de terras distantes. Aparentemente está como sempre foi. Mas garanto que está melhor. Não sei se alguém percebeu, mas a estrela tava ali em cima, brilhando. Acho que era saudade. E você ainda quer saber onde eu quero chegar? Essa é fácil! Quero chegar no meu jardim, só para mostrar que de ontem pra hoje nasceram algumas margaridas!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A queda do muro, o jardim e uma nova história

Um mês. O tempo exato para a queda de mais um muro. No vácuo existe agora um jardim. A flor se cansou, foi assim que tudo começou. Cansou de ser meiga demais, cansou de ser feita de bem me quer e mal me quer, cansou de ter espinhos que nada serviam. De tanto cansaço virou rocha. Tola. Esqueceu que rocha pode rachar. E rachou. Até chorou, chorou com culpa, chorou com dor, chorou depois de 5 meses.

Teve que ir de novo até o fim para ver que o final estava agora bem perto, do jeito que um dia imaginou. Do jeito que não queria chegar, mas chegou. É lei. Pensou, realizou. Dessa vez, a culpa era só sua. Procurou um médico. Recebeu a notícia de um tratamento urgente. A base não era remédio, e antes que alguém se surpreenda, a doença tinha cura.
Convencido, entregou-se de olhos fechados, e conseguiu por um instante dormir. Acordou depois de um mês. O tempo exato para a queda de mais um muro. Já não sorri como sorria antes. É preciso ainda adubar a terra, e depois regar diriamente. Mas sabe e prevê que os sorrisos antigos já devem voltar.
O jardim. Outra vez uma dedicação ao jardim. Podem apostar! Ele está escrevendo uma nova história.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Agradável...

- Agradável! Diria ele. E diria mais. Diria que o céu não está tão diferente daquele de oito meses atrás. Está na verdade, igual! Que o inverno chegou suavemente em um dos últimos ventos de outono. E que de tarde, num calor gostoso, todos se encontram no parque. Sempre depois da siesta. E como não há nuvens, a paisagem então, se torna cartão postal. Logo ali, exatamente ali, depois das 15h30 da tarde.

- Isso não é agradável? Perguntaria ele. – Nãooo! Responderia ele, antes de qualquer outra resposta possível da platéia. – Agradável é você sair do parque no fim da tarde, e ver a noite nascer. E não existe lugar melhor para admirar a noite do que a rua entre a Matias Aires e a Antonio Carlos. E sabe-se lá porque, essa rua, mais conhecida como a vila azul, não aparece nos guias da cidade de São Paulo e nem no Google Maps. Estranho ou não, lá você admira a noite nascer. Senta no banquinho da pracinha e acompanha a vida daquela pequena vila acontecer. O primeiro sempre a acender as luzes é o homem do sebo de livros, depois logo em seguida é dono do bar. Depois o da pizzaria, a casa das meninas Maria e Pri, a lojinha de culinária. Os outros estabelecimentos e as outras casas acendem as luzes depois de mais ou menos uma hora. Os últimos a acenderem são sempre também os mesmos: a casa do fotógrafo e a Kombi de hot-dog do Seu Pedro. Quando isso acontece e o céu está limpo, a lua fica exatamente entre as duas casas, a da lavanderia e a da sorveteria. Coincidência ou não, as duas casas são brancas com o mesmo telhado e as luzes estão apagadas. Porque antes de anoitecer, o expediente já terminou e ninguém precisa acender a luz. Talvez a lua saiba que ali ela fica mais bonita. E por ser tão vaidosa, atrai um publico na medida certa para admirá-la. Não só admiram, retribuem ao bom som ao vivo, tranqüilo. As pessoas interagem, os estabelecimentos funcionam e a vizinhança adere. A vila toma vida e é ai, que você percebe que a noite só começou...
- Mas, agradável mesmo, é terminar a noite na casinha roxa e acordar só quando o sol bate na janela e me diz bom dia.

domingo, 14 de junho de 2009

Ella está de paso

Voltou. Acordou. Doeu. Aguentou. Gostou. Tudo tem seu preço. Veste um par de tênis novo, só para caminhar solta e sola pelas ruas de São Paulo. A noite cai, ela sorri mais uma vez. Fica acordada só para ver o sol nascer. Depois que nasce, decide então, dormir. O rosto fica quase exatamente a um travesseiro. Quando acorda, pula, decola. Abre suas asas e voa. Paga caro pela liberdade, mas cada dia, o amor aumenta. Mais liberdade. Paga juros e se endivide. E paga mais. O vicio, a liberdade, o amor, que de tanto, tanto, tanto, se prende. E volta tudo para a primeira questão: liberdade x prisão. Do que mesmo ela gosta? De palavras, diria alguém. Esse era mais um vicio adquirido em pouco tempo de vida. Amava juntar palavras, assim uma do lado da outra. Gostava de dizer coisas através delas. Radicalmente e cansada, largou o vicio. Viajou. Mudou. A liberdade estava escrita atrás da novidade. E a novidade então, passou a ser mais um vicio. E desse, ela quase se entregou de olhos fechados, com braços esticados e com a cara no chão. Ah, se não fosse o tempo. Se não fosse o tempo, ninguém saberia de nada disso acima. Seriam apenas suposições, hipóteses. Mas não! De fato existiu. É um relato, que sobreviveu pelo tempo.

Prendeu-se outra vez. E perdeu também o controle da sua respiração. O amor novamente já era maior que seu próprio corpo. E o vicio, o vicio já fazia parte de seu corpo. Buscou então, histórias parecidas, nos livros, nos museus, nos LPs, nas ruas, nas praças, na sala. Encontrou fatos. Encontrou até histórias mais tristes que as suas. "E olha só quem encontro no cruzamento da Brigadeiro Luis Antonio com a Avenida Paulista pensando... simplesmente, pensando..." Diferente. Desvia o olhar. O par de tênis molhado pela chuva permanece molhado. Volta o olhar e encontra um vácuo. Olha então para o lado oposto, e cai pela estrada novamente. Sorri, abre os braços e sente o vento. O caminho só tem um fim: mais um vício, conhecido como liberdade. O mesmo e velho vicio. A novidade transborda pelo ralo no sentido contrário. O sol nasce de novo, e a camada de poluição não incomoda; agrada. As cores se multiplicam e a porta da imaginação abre. O tempo passa. A cidade volta a ficar pequena. Diante de tanta gente conhecida, as entradas dos bares ficam mais amigáveis, numa tentativa de fuga. Entra por uma porta, sai pela outra e pula a situação. A direção ela sempre coordenou. Até o dia que encontrar a placa. Ai quem sabe, ela para.

A última notícia foi que tinha tirado o pé do acelerador. Pior que tirou mesmo. Virou comentário. E quando tava quase no auge, pegou a curva, e na curva sempre tem alguém que te convence em pisar mais fundo. Virou noticia de novo. Encontrou a novidade e bebeu liberdade. Abraçou o vicio de novo e entendeu que veio mesmo somente para voar. Devolve então o par de tênis. Resolve andar pouco, mas prefere agora andar descalça. Segura forte a mochila na mão e pede carona. Não adianta! Ela nasceu para desfrutar de seus vícios, maiores que seus amores. E eles só sabem que ela partiu, quando reparam no mesmo recado em muros diferentes do bairro da Bela Vista: “Anote outra para seu livro de memórias conjugais: vou respirar e não volto nunca mais”.

Ouça!

terça-feira, 26 de maio de 2009

"Você ainda não me viu de pijama sorrindo, a brincar ... eu vou te amar (sharararara)"

Podemos dizer que o negócio foi longe. Podemos dizer também que foi profundo. Durante alguns minutos não era eu. Era qualquer resquício que sobrou de uma tentativa concreta e abstrata de lavagem. Faltou o sal, a água da chuva e as pétalas de qualquer flor. Mas sempre tem algo ou mesmo alguém que faz a transformação. Dizem por ai, que já transformaram a água em vinho. Hoje, pegaram a minha única e pequena semente que restou em meu próprio corpo e transformaram em árvore. Não é religião, não é crença, não é fé. Tão pouco é amizade, coleguismo ou confiança pura. Não é mentira e nem verdade. E muito menos ensinamento. É cósmico, apenas e somente cósmico...

Que o circo ainda está com suas diárias apresentações, e eu continuo vendendo os ingressos com 50% de desconto e que, no fim do espetáculo, eu não estarei gargalhando e nem batendo palmas, estarei apenas espalhando pétalas de qualquer flor pelo chão, se possível, onde os pés do público pisarem. Porque enquanto tem gente rindo em conjunto, eu prefiro rir sozinha em silêncio, e guardar o riso no baú, onde estão todas as cartas. Já que não são escritas por mim e não serei eu que as levarei aos destinatários. Que eles venham ao encontro delas na hora certa.

O desabafo virou recado. Assim, num estalo de dedos. E ninguém procurou saber se aquilo mesmo era um recado. Como ninguém procurou seus devidos problemas, apenas a pedra mais próxima. E não só a pegou, mas como a atirou...no alvo. É fácil apontar. Difícil é escrever sua própria história com o mesmo lápis sem precisar se viciar no apontador. Meia palavra basta.

No ralo: histórias que escorrem. Quem ficou? Você conseguiria me responder? Conseguiria? E quem acreditou? Em pequenos gestos, a estampa no rosto: o caráter. As pessoas mudam e muito. Tenho exemplos concretos de amigos que mudaram da água para o vinho e de vinho fraternizaram-se; e amigos que de vinho foram para água, e mesmo assim, não secaram a sede de quem mais precisava se hidratar. São fases e elas passam. Que eles continuem na batalha, que assim, no final do ano, provavelmente eles sairão do rebaixamento para a primeira divisão. Pode acreditar! Tem gente que veio ao mundo ensinar como se vive. Alá! Eu não vim! E sou grata por isso.

Na placa da estrada: Lo que no se puede decir no se dice y lo que no se pueda contar no se cuenta! Sem preconceitos e sem medo, retire da manga o Às de Copas, e guarde o Às de Espadas. Um dia alguém me deu essa dica. E lembre-se que isso não é um recado, nem uma história e nem um drama. Isso é apenas algo lá de cima, onde “até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas." Charles Chaplin

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"Que é bom desconfiar dos bons elementos"

Ela avisa num tom de ragga: Que é bom desconfiar dos bons elementos! Se eu fosse você eu já teria descofiado, até porque quando a máscara cair, confesso que não gostaria de estar na sua pele. Cada um com sua escolhas. E a Céu soube muito bem escolher suas novas músicas. Passa lá e escuta!!!

"Você não sabe quanta coisa eu trouxe de lá, de onde você nunca vai estar"

Vontade. Com ela eu resumo tudo aquilo que gostaria de explicar. Se você tem vontade, meu amigo, pode ter certeza que já é meio caminho andado. Depois da vontade, vem o esforço, o suor, a correria, o empenho, e quem sabe, o dom. Quando a gente fala da Vontade Superstar, pode até vir esforço, o suor, a correria e o empenho. Mas eu afirmo que depois dessa vontade, antes de qualquer esforço e suor, vem à palavra dom seguida diversas vezes. Vem comigo. É mais ou menos assim: O mundo passa por mim todos os dias enquanto eu passo pelo mundo uma vez... Atenção! O foco não é aqui. Transporte, por favor, o seu olhar até o palco. Vale a pena, e muito. De baixo de luzes, quatro chapéus e atrás daqueles cinco personagens, um filme. Bem do tipo gangster. Mas o filme é só imaginação, atrás disso tudo, está no palco Bruno Morais e sua banda. Sentada na platéia do Teatro do Sesc Pompéia, eu não parei de aplaudir. Fazia um bom tempo em que eu não via algo tão bom ao vivo. Bruno mostra que presença de palco é pouco para ele. Bruno é o dono do palco e sabe muito bem dividi-lo com sua banda, que por sinal, é sensacional. É, a vontade está no altar e viva ela…

O show acontece por um motivo: lançamento de seu segundo disco A Vontade Superstar. O teatro está cheio e chove muito lá fora. As letras cantadas por Bruno viciam: Super poderes você não tem mesmo, é você quem não quer superar, você provavelmente deve ter vindo do inferno para me atazanar, você vai ver, gente assim não vai pra frente, estaciona, para, não sai do lugar. A ordem das músicas no show é a mesma que no CD. Até porque, existe uma ordem que faz todo sentido. O que não faz sentido é você ainda não ter escutado o CD e não ter se viciado. Abra os olhos, reconheça, há de ventar... abra os olhos, reconheça, vento bom há de ventar....

segunda-feira, 18 de maio de 2009

E lá vamos nós!

Faz mais ou menos um ano em que me joguei pelo mundo em busca do que eu faria. Se não fosse jornalismo, seria o que? Durante sete meses resolvi viver minha vida bem vivida, daquele jeito que você experimenta quase de tudo, trabalha pouco - de preferência bem longe de um escritório - vai a praia quase todos os dias, frequenta quase todas as noites diversas baladas, viaja bastante, bate cartão todas segundas-feiras na champanheria e fica bêbeda por 5 euros. Quando voltei para o Brasil jurei de pé junto que tiraria o pé do acelerador. Mas não teve jeito: foram mais quatro meses de pouco trabalho e de muita festa. A única promessa comprida foi que eu voltaria a São Paulo para viver bem diferente de todos os 25 anos que eu tinha vivido. Taí a receita. A cidade de São Paulo não me stressa mais e muito menos me entristece. Tudo de fato mudou. A mudança era radical, já tinham me avisado, era simplesmente o fechamento de um ciclo para o início de outro. E de repente mais uma idéia. Novamente não tenho chefe e agora com um sorriso maior que meu corpo, também não tenho que ir a um escritório! Entre dizer e fazer, há com certeza uma grande diferença: Os passos! Quem faz, anda e quem só diz, vira estátua! Com um nome provisório apresento: elas! E com menos de um mês, só posso agradecer a todos meus amigos, sem vocês isso estaria estocado! Muito obrigada mais uma vez por terem acreditado em mim!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tempo contra Tempo

Se você ainda tem dúvidas, avisarei novamente: é no contra tempo que as coisas acontecem. Você foi embora aquele dia, sem ao menos me dar tchau. Eu sei, foi o troco. Daquele dia em que você me procurou na sala e não me achou. Depois daquele beijo, eu corri. Confesso que tive medo. Achei melhor me trancar no quarto sem fazer barulho algum, parei até de respirar, e esperei lentamente você ir embora. Quando escutei o barulho da porta, sai do quarto devagar, quase parando, fui até a janela, vi você entrando no carro e dando a partida. Fui até o bar, preparei un gin com muito gelo, coloquei a música que dançamos pela primeira vez e gargalhei. E ai, o sol nasceu. Entende agora, meu bem? É simplesmente no contra tempo. Diante de uma felicidade plena, ainda pago com juros a porra da minha ansiedade. Dizem que todos os jornalistas sofrem com a maldita ansiedade. Da varanda da minha casa, eu vejo a estrada. A mesma estrada que vi muita gente partindo para um pueblo vizinho ou até um pouco distante. A casa está limpa e um pouco grande até. Pero no pasa nada! Me quedaré aqui solita, a ver cuando vosotros volvéis!!! Y lo prometo: estaré en el lugar de siempre, en la misma ciudad y con la misma gente, para que vosostros a volver no encontréis nada extraño!! Y ahora se queréis saber algo nuevo: Do desabafo ao livro

terça-feira, 5 de maio de 2009

Zrá!

Dia 5 de maio de 2009 vai ficar pra história. Se existe dia de sorte ou se isso é mais conhecido como colher as sementes plantadas, podem anotar: hoje é mais que sorte. Diante de tantas notícias boas, mais uma vez um sorriso. Um sorriso calmo e com leveza. Medo de achar que alguma hora essa alegria toda acabará. Mas não acaba, porque a cada dia, mais uma notícia, boa. Depois de 7 meses em busca do que fazer de profissão na Espanha, há um mês e pouco, descobri que estava mesmo na Itália. Antes de dormir, os pensamentos que me consumiam ligados a release, reunião, deadline, matéria publicada morreram. Hoje, eles se misturam como tintas frescas numa tela em branco, diante de cores: criações. Existe vida até aqui. Se a vida imita a arte ou se arte imita a vida, tanto faz. Sábado será melhor ainda, estarei rodeada de irmãos, mais um presente, mais uma notícia boa. E pra fechar, a praia tá ficando mais perto ainda! Feliz dia 5 de maio para todos. O dia oficial do deserto!

terça-feira, 28 de abril de 2009

"Deus deu asa aos cobras"

Não tente ver...

Numa tarde um pouco ensolarada, não há visão. Tudo porque a areia está no vento. E o vento percorre as ruas estreitas. Do chão, ele leva subitamente a areia até a altura de nossos olhos. Não há visão, apesar da descrição citada acima remeter a imaginação do leitor. Não imagine e nem tente visualizar. É pior do que querer ver com os olhos fechados. Apesar de não ser escuro e nem negro, é apenas um pouco ensolarado com grãos de areia voando, formando assim uma imagem meio turva. Pra que mesmo ver? Ver tudo aquilo que já vi? Ver tudo aquilo que ditei? Diante da imagem turva, nem os cavalos se mexem. Fica quase tudo paralisado. A não ser, aquelas pessoas encostadas no balcão daquele bar aberto, sem parede, com aparência de velho e um pouco sujo. Os copos no balcão estão vazios, e além de estarem vazios, estão quebrados. Se não existe líquido, o que bebem mesmo? Nada, diria o velho de camisa xadrez apoiado no poste. Nada? Pergunto eu ao velho. E o velho me responde: nada! O velho não existe. Assim como o líquido, o copo quebrado, as pessoas encostadas no balcão e os cavalos. E se mesmo assim, o leitor ainda achar estranho ou duvidoso, eu lembrarei novamente para o leitor um pouco esquecido que simplesmente não há visão!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Devaneios

De repente o tempo para.
E a respiração também.
Não existe ar que circule no corpo.
Se existe, não circula, pois não há quem ordene.
Se tudo faz sentido, eu permaneço sem entender.
Se a vida é linda, simples e curta, aviso que falta mais um adjetivo: frágil.

O varal de roupas continua intácto. Quem vai retirar as roupas secas?
Se a janela ficou aberta, aberta ficará.
E se lhe faltou ar, eu também estou sem.
O meu relógio ainda marca o tempo, mas tão pouco sei se quero mais tempo.
A mente ao invés de parar, borbulha mais uma vez e vai longe como talvez nunca foi.

Se somos donos de nossas vidas,
Como alguém pode decidir a hora que vai e a hora que fica?
E se ela chega assim de repente em desordem,
De que vale mesmo a vida?

Um leve tapa no rosto,
Mas um tapa que dói,
Que faz a mente reiniciar,
Que nos faz descer se estamos no topo...
Só para começar de novo...
E ver com a plena certeza que um dia o nosso tempo acaba, sem ao menos pedir licença.

A licença agora que peço para quem me lê.
Porque hoje meus versos são tristes.
E para terminar essa tristeza, peço somente mais duas coisas baseadas em esperança:
Que o vizinho chegue rápido onde deve chegar e descanse em paz,
E que a bela adormecida acorde tranquilamente de seu sono profundo.


Mari 22/04/09

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Verdade seja dita: o tempo ainda não está na velocidade da luz, por pouco tempo!

Barcelona, agosto de 2008

É no mês de agosto na Europa que você entende o porque todo comércio fecha para férias e todo mundo viaja. Se estiver 35 graus de dia, pode ter certeza que às 2 da manhã estará 30 graus. Numa dessas noites calorosas, eu andava lentamente com meu celular na mão até a Plaza Univesitat. Eu tinha dúvidas. Não sabia se era realmente isso que eu queria. Talvez a única coisa que me convenceu a encontrá-lo, foi que depois teria histórias para contar. Atravessei a Gran Via tentando localizá-lo no meio de tantos skatistas, quando finalmente cheguei na Plaza, a primeira pessoa que me pegou pelo braço foi um vendedor de rosas, no qual eu e Keke apelidamos de Turco. O Turco vende rosas a noite na Rambla e acredita até hoje que eu e Keke nascemos em Istambul, Turquia. Na minha penúltima noite de Barcelona, encontrei o Turco e repeti umas 300 vezes que estava indo embora e que na verdade eu era brasileira. Mas ele achava que eu estava mentindo. O vendedor de rosas me pegou pelo braço para me contar o que acontecia logo ali do lado e no meu outro braço, o skatista puxava querendo me apresentar seu melhor amigo: Pako. Pako era alto, loiro, com cabelos bem catalão e me abraçou como se eu fosse sua prima. Ele estava irradiante: ele seria pai!!! Sua namorada tinha acabado de saber que estava grávida e ele naquela noite era o homem mais feliz do mundo e sem dúvidas, o homem mais bêbado e chapado de Barcelona.

Eu e Pako ficamos sentados no banco da praça, enquanto o skatista, obviamente, andava de skate com os outros amigos. Enquanto isso, Pako me contava que se fosse menina, ela teria o nome de Janna (em espanhol se pronuncia Ranna). Depois de alguns porros, eles me levaram pela primeira vez no MACBA.... e numa sequência de esquerdas e direitas pelo Raval chegamos na calle Luna, entramos num barzinho marroquino, onde só podíamos entrar descalços. Foi numa mesinha baixinha que Pako bêbado e chapado discutiu comigo sobre os famosos e desconhecidos plânctons. E foi ali, que comecei a imaginar o que eu estaria fazendo quando sua filha nascesse. Encontrei diversas vezes Pako ainda no verão e no outono do ano passado. A última vez que o vi, ele queria desesperadamente a camisa do Corinthians que eu tinha dado para o skatista.

São Paulo, março de 2009

Ainda é verão, o outono chegará em poucos dias. As grandes festas já passaram e eu continuo do lado de fora de minha casa. É na rua que minhas ideias fluem, se conectam e se proliferam. A mudança está por vir, e mais uma vez, a mudança será radical. É nessas horas que você vê quem realmente são seus amigos. Desculpe pela arrogância, mas grandes amigos eu tenho muitos, por isso esses que me escapam pelas minhas próprias mãos não são brothers, são talvez colegas. Boca aberta, como diria o Laércio. Quando chego em casa, abro meu gmail: um email do skatista com uma foto de Janna na maternidade! Se o tempo voa? Difícil dizer quando pra mim a Janna surgiu na barriga da mãe no final do verão e nasceu novamente no final do verão...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Graffiti brasileiro ganha medalha na França

Lembram daqueles elefantes no qual eu tinha me apaixonado? Pois é, os franceses também se apaixonaram. O graffiteiro Andrea Brandani recebe no próximo mês a Medaile de Vermeil, da Academia de Arts Sciences e Lettres da França, pelos serviços prestados a arte na rua para a população.
Andrea é conhecido por graffitar os elefantes nas portas de comércios e paredes do bairro de Ipanema, Botafogo e Copacabana. E também pelas esculturas em troncos de arvores na rua Barão da Torre e Vinicius de Moraes em Ipanema.
Depois de receber a Medaile da Academia, o artista abre a mostra L’univers Bresilien na galeria Everarts em Paris com outros cinco artistas brasileiros.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cinco semanas e um novo bubbaloo de tutti frutti (ahrm)

Ela vai. Leva junto uma parte minha.
Sempre levou. E sempre devolveu.
Devolve em dobro, como se estivesse pagando juros.
Mas não paga, porque entre nós, não existe dívida.

Chegou no momento certo.
E só se despediu quando tirou meu curativo.

Se existe uma explicação? Não!
Nem sequer uma justificativa.
E podem anotar: Isso só existe porque há uma distância!
E se não houvesse a distância, o mundo teria sentido e a vida seria ainda melhor.

Mas é na existência da distância que o tempo se torna único,
que os dias conjuntos são mais que vividos,
e que tudo na realidade remete a um sonho.

Coisa igual eu nunca vi e tão pouco ouvi.
Não é amor, não é amizade, não é irmandade...
É além...

Ela vai. London a espera ansiosamente.
E eu espero tranqüilamente a próxima devolução!


Mari 13/04/09

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Do pranto fez-se o riso ou Da noite fez-se o dia

De repente amanheceu. E foi assim, num estralo de dedos, estava sol. Os sobreviventes caminharam até o jardim, dançaram, brindaram e riram. Riram como se fosse a última vez, mas não era a última vez. Sensações assim, a gente reza para vir quase todos os dias. O episódio foi apelidado de: Uma estranha manhã! Até porque é estranho mesmo pensar que os sobreviventes estavam mais loucos do que naquela tarde típica Poderoso Chefão em pleno jardim. Dizem por ai, que loucuras assim só acontecem mesmo em jardins! Agora além de um otorrinolaringologista, procuro também jardins!

Tire essas rugas da testa e abra um sorriso! Porque eu vendi os ingressos do seu show a preços populares. E você queria o que, meu bem? Depois que você convenceu a todos que devia alterar o roteiro original, eu lavei minhas mãos e liquidei os ingressos. "Compre 2 ingressos e ganhe 5" Não sei se alguém te ensinou que obras de arte não se modificam. Você pode até se inspirar ou até recriar, mas alterar nunca. Mas mesmo assim, eu estarei na platéia, porque se ninguém bater palmas, fique tranqüilo, eu baterei palmas até minha mão arder e rirei até meu abdômen não suportar mais a dor.

E no novo mundo, as idéias são costuradas atrás dos quadros. A música continua no mesmo estilo, mas os novos álbuns estão viciantes. E como o mundo é novo, não existe divulgação, só pinceladas e uma pitada de graffiti!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Procura-se

Sentada na mesa de um restaurante espanhol, comemorando o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida, acompanhada de sangria e pessoas incríveis, cheguei a conclusão que estou à procura de um otorrinolaringologísta! Deadline: 6 meses e não me pergunte por que!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Inclusive, eu tive lá e não te vi lá

O circo continua! Talvez só tenha mudado de nome. A rua Augusta sempre diz alguma coisa no meio da madrugada, basta só abrir os olhos. Duas da manhã, horário certo para o show começar. Na pista, a sede de dominá-la. Ganjaman dava a canja. DJ bom é outro papo. O grau já tinha vindo, até porque Echo Sound System entraria no palco, e o reggae, dub, ragga explodiria nos ouvidos até de quem quisesse dormir em sua cama quentinha em algum lugar perto da Augusta. Microfone, luz. A polícia está lá fora e a prefeitura está lacrando a casa!!!! Poxa! Mas que horário digno para se lacrar algo!!!! Convide os nossos amigos da PM para relaxarem ao som de um reggae. Chamem nossos colegas da prefeitura, que provavelmente já estão no décimo terceiro sono, para conhecerem o ECHO SOUND SYSTEM! Nada feito. Todo mundo pra fora! Paguem só o que consumiram. Polícia invade. Lá fora um ar, polícia querendo bancar pressão e no fundo, atrás deles, a luz vermelha do puteiro ilumina a night. Só lacra esse aqui hein campeão, aquele ali na frente, nem pensar!
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Enquanto isso nos bastidores...
- Ei me cago en tus muertos!!!!!!

Tradução Ortiz Português:

- "Filho da Puta, vai tomar no meio do seu cú, você, toda a sua geração, inclusive os que já morreram"

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aos criticos de plantão...

No meio de tanta crise financeira, percebi que fomos invadidos e dominados por 300 milhões de tipos de crises. Acredito até que cada um deve ter adquirido uma crise pessoal em alguma liquidação no ano passado. Se quase todo mundo tem uma crise, please, não a divida comigo. Não direi aqui o que é certo ou errado para fazer nessa vida, até porque, Deus nunca me avisou e nem me deu dicas. Mas comigo é assim, ele não fala e nem dá sinais. Só me tira do abismo quando vê que estou bem perto da queda. Parei de falar até o necessário, porque depois só sobra o resto. E de resto eu não vivo. Essa história que tudo está em crise e de crise nada surge, pensem então no MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York), surgiu em plena crise de 1929. Talvez para você seja um exemplo pequeno, mas se compará-lo as suas críticas, verá que seu mundo é que está pequeno. Não, pra que acreditar que existe sim um problema? Melhor é fechar os olhos e fingir que está tudo bem, ameniza! E diante de tantas críticas, tantas reclamações e tanto desgosto pela vida, resumo tudo o que eu queria dizer com um vídeo de um moleque de 20 anos que baseia sua vida numa frase de Albert Einstein: “Diante de toda dificuldade há uma oportunidade”.

Mais?


sexta-feira, 20 de março de 2009

Quando você olhar a lua, você vai lembrar de mim!

Não me pergunte o motivo exato. Até hoje procuro saber e continuo sem saber. Existem até algumas explicações astronômicas. Mas acho que esse amor vem desde quando eu era pequena. Eu tinha a plena certeza aos quatro anos de idade, que a Lua me seguia. Eu estava de pijama dentro do carro indo para Vinhedo e achava fabuloso ver que mesmo indo tão longe, a Lua continuava ali no mesmo lugar no céu. Minha mãe, geógrafa, explicava que a Lua não me seguia, ela até se mexia, mas dava voltas no planeta Terra. Mas mesmo assim, eu preferia acreditar que ela me seguia e ficava com os olhos bem abertos grudados na janela, admirando aquela bola branca fosforescente no meio daquela imensidão preta. Depois de algum tempo, mais crescida, minha mãe nunca tinha conseguido ver o coelho na Lua. Até o dia em que estávamos indo para Bélgica. Abro a janelinha do avião e qual é o meu maior presente? A lua gorda e cheia bem do meu lado. Dava até pra desenhar o coelho. Naquele dia, minha mãe e meu pai deixaram de pensar que eu era tão maluca assim. Eles viram o coelho. Depois de umas semanas, estávamos na Calábria, Itália - terra da minha mãe - e descobrimos mais uma magia da Lua. Admirávamos a lua decrescente. E nossos primos italianos riam e falavam: crescente!!! E nós: imaginaaaa, está formando um D, por isso ela está decrescente. Depois de muitas analises, percebemos que o hemisfério norte vê a lua na posição oposta do hemisfério sul.

Essas são algumas explicações físicas de minha paixão pela Lua. Existem as abstratas que são super concretas. Quantas vezes deixei de andar, sentei e desencanei de meus compromissos, só para admirá-la em Barcelona? Quantos espanhóis me chamaram de maluca por ver o coelho? Quantas vezes deixei pessoas falando sozinha, porque eu dava mais atenção ao vê-la percorrendo o céu do MACBA? Keke também não via o coelho. Viu na minha última Lua cheia de Barcelona. Naquele fenômeno maluco, no qual a Lua estava bem no meio do céu e em sua volta tinha arcos brancos! Outro dia, um deles me falou que não via nada demais na Lua. Com a tamanha provocação, confesso, não resisti. E foi bem nesse dia, que a vi sorrindo para mim no meio de uma madrugada. Uma noite acabou a luz da cidade de Jeri. Advinha quem nos salvou? A lua cheia iluminou aquela vila de pescadores até o sol acordar. E depois de muito tempo, descobri que minha lua é em Áries. E isso fez todo sentido. Mas não se assuste, se por um acaso você olhar a Lua e lembrar de mim...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Adormecido

Tentei procurar o que
Ninguém encontrou.
Espalhei fotos por toda cidade,
Jurei até recompensa...

Mas parece que você soube desaparecer!

Aquele dia depois do entardecer,
Eu ainda pensava que ia te esquecer.

Não sei se fui cega demais
Ou se mesmo fui surda a mais.

Deveríamos ser cegos de vez em quando,
Poderíamos ser surdos de repente,
Acreditaríamos mais em todas as mentes.

Por que mentes?
Por que tu mentes?

Seria aconselhável
Se fossemos mudo em alguns instantes.,

Mas se depender das circunstâncias,
Eu ficarei na estante
Como um livro qualquer,
Admirado por pessoas
E não por leitores...

Eu tentei encontrar o que
Ninguém procurou.
Espalhei cartazes por toda cidade
Jurei até, recompensa maior...

Mas a recompensa é só minha
Por ter demorado tanto tempo
Para descobrir que o meu amor
Por você, adormeceu
.

Mari 12/03/02

Graffiti Fine Art no MUBE


sexta-feira, 6 de março de 2009

Eu, a Cartola e o Coelho!

Temos aqui de fato três personagens num cenário amarelo. Mas, se o amarelo cansar sua vista, não desista. Concentre-se apenas na cartola, no coelho e em mim. Estou sentada no chão com as pernas esticadas; ao meu lado está a cartola de cabeça para baixo e o coelho está sentado em sua borda. Suas patas balançam insuportavelmente como se fosse um pêndulo. O coelho está irritado. Ele me olha, tira um kitkat do bolso, morde e pula dentro da cartola. Ele não é um personagem principal. Na verdade, ele só aparece para me dizer coisas que nem ele mesmo gostaria de contar. Já a cartola tem um papel fundamental, ela é a minha nova paixão.

Há tempos eu repetia uma frase - talvez ela só faça sentido se você estiver no mesmo degrau - a vida é linda, simples e curta. Mas de uns tempos pra cá, percebi que a minha vida é uma cartola, cheia de surpresas. Parece até uma mágica. Dizem por ai, que são as sementes que plantei no ano passado, ou mesmo, na minha vida inteira. É a colheita. Uma vida que só te surpreende a cada dia que passa. A noite fica mais linda, a lua brilha mais, o calor finalmente chegou e o vento espalha pela cidade um verão tardio. Fora isso, você encontra pessoas da mesma vibe em cenários distantes, torna-se amigos de pessoas nunca vistas, orgulha-se mais ainda de seus verdadeiros amigos e quando você acha que não existem mais surpresas, recebe a notícia que ela ta chegando para passar um bom tempo. E mesmo assim, você já olha para a cartola com um sorriso maior que seu próprio corpo e ela te responde com um momento que aquela lá, tão especial, conseguiu te mostrar o seu novo amor, seu filho de cinco meses. Nesses ventos, você tem a plena certeza de uma coisa: basta apenas você querer abrir seus próprios olhos e ver que há sim um “desencontro, veja por esse ponto, há tantas pessoas especiais”. E ai chove, mas chove colorido, porque a vida meu bem, não é em preto e branco. Seja bem vindo ao país do sonho! E desfrute sempre o vento que vem do deserto, bem ali, onde vivem las pistoleras; e entenda que os cactos, ah os cactos! Eles te ensinam tantas coisas. Veja só, floresce apenas uma vez por ano; tenha, por favor, a santa paciência.

Ultimamente, estou num jogo com a cartola. A gente disputa para ver quem traz mais surpresa. E um ultimo exemplo quando falamos do vento: Outra noite, juntaram cinco pessoas dispostas a dominar a pista. Uma delas antes mesmo de entrar, desistiu. Sem xingamentos, ele partiu e nunca mais voltou. No ar as frases: Essa noite nunca mais irá se repetir! / Ele foi embora e isso era único!! Não precisou de xingamentos. O vento virou personagem principal, levou as frases e a vibe da pista totalmente dominada para os ouvidos daquele homem. Tim errou. Ele partiu, mas depois de 1 hora, ele estava no meio da pista.

Surpresas acontecem, pelo menos é isso que a cartola apresenta. Mas e o coelho? O coelho fica de boa, curtindo o escuro colorido. Mas é quando ele precisa sair da cartola para dizer o que nem ele mesmo gostaria de ouvir, ele fica assim: sentado na borda da cartola com suas patas balançando insuportávelmente como se fosse um pêndulo. O coelho está totalmente irritado. Mas não desista! Esqueça do cenário amarelo. Esqueça também do coelho. Fixe seus olhos apenas na cartola! E acredite que eu só estou ali, narrando essa história, tipo Maridiz!