terça-feira, 28 de abril de 2009

"Deus deu asa aos cobras"

Não tente ver...

Numa tarde um pouco ensolarada, não há visão. Tudo porque a areia está no vento. E o vento percorre as ruas estreitas. Do chão, ele leva subitamente a areia até a altura de nossos olhos. Não há visão, apesar da descrição citada acima remeter a imaginação do leitor. Não imagine e nem tente visualizar. É pior do que querer ver com os olhos fechados. Apesar de não ser escuro e nem negro, é apenas um pouco ensolarado com grãos de areia voando, formando assim uma imagem meio turva. Pra que mesmo ver? Ver tudo aquilo que já vi? Ver tudo aquilo que ditei? Diante da imagem turva, nem os cavalos se mexem. Fica quase tudo paralisado. A não ser, aquelas pessoas encostadas no balcão daquele bar aberto, sem parede, com aparência de velho e um pouco sujo. Os copos no balcão estão vazios, e além de estarem vazios, estão quebrados. Se não existe líquido, o que bebem mesmo? Nada, diria o velho de camisa xadrez apoiado no poste. Nada? Pergunto eu ao velho. E o velho me responde: nada! O velho não existe. Assim como o líquido, o copo quebrado, as pessoas encostadas no balcão e os cavalos. E se mesmo assim, o leitor ainda achar estranho ou duvidoso, eu lembrarei novamente para o leitor um pouco esquecido que simplesmente não há visão!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Devaneios

De repente o tempo para.
E a respiração também.
Não existe ar que circule no corpo.
Se existe, não circula, pois não há quem ordene.
Se tudo faz sentido, eu permaneço sem entender.
Se a vida é linda, simples e curta, aviso que falta mais um adjetivo: frágil.

O varal de roupas continua intácto. Quem vai retirar as roupas secas?
Se a janela ficou aberta, aberta ficará.
E se lhe faltou ar, eu também estou sem.
O meu relógio ainda marca o tempo, mas tão pouco sei se quero mais tempo.
A mente ao invés de parar, borbulha mais uma vez e vai longe como talvez nunca foi.

Se somos donos de nossas vidas,
Como alguém pode decidir a hora que vai e a hora que fica?
E se ela chega assim de repente em desordem,
De que vale mesmo a vida?

Um leve tapa no rosto,
Mas um tapa que dói,
Que faz a mente reiniciar,
Que nos faz descer se estamos no topo...
Só para começar de novo...
E ver com a plena certeza que um dia o nosso tempo acaba, sem ao menos pedir licença.

A licença agora que peço para quem me lê.
Porque hoje meus versos são tristes.
E para terminar essa tristeza, peço somente mais duas coisas baseadas em esperança:
Que o vizinho chegue rápido onde deve chegar e descanse em paz,
E que a bela adormecida acorde tranquilamente de seu sono profundo.


Mari 22/04/09

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Verdade seja dita: o tempo ainda não está na velocidade da luz, por pouco tempo!

Barcelona, agosto de 2008

É no mês de agosto na Europa que você entende o porque todo comércio fecha para férias e todo mundo viaja. Se estiver 35 graus de dia, pode ter certeza que às 2 da manhã estará 30 graus. Numa dessas noites calorosas, eu andava lentamente com meu celular na mão até a Plaza Univesitat. Eu tinha dúvidas. Não sabia se era realmente isso que eu queria. Talvez a única coisa que me convenceu a encontrá-lo, foi que depois teria histórias para contar. Atravessei a Gran Via tentando localizá-lo no meio de tantos skatistas, quando finalmente cheguei na Plaza, a primeira pessoa que me pegou pelo braço foi um vendedor de rosas, no qual eu e Keke apelidamos de Turco. O Turco vende rosas a noite na Rambla e acredita até hoje que eu e Keke nascemos em Istambul, Turquia. Na minha penúltima noite de Barcelona, encontrei o Turco e repeti umas 300 vezes que estava indo embora e que na verdade eu era brasileira. Mas ele achava que eu estava mentindo. O vendedor de rosas me pegou pelo braço para me contar o que acontecia logo ali do lado e no meu outro braço, o skatista puxava querendo me apresentar seu melhor amigo: Pako. Pako era alto, loiro, com cabelos bem catalão e me abraçou como se eu fosse sua prima. Ele estava irradiante: ele seria pai!!! Sua namorada tinha acabado de saber que estava grávida e ele naquela noite era o homem mais feliz do mundo e sem dúvidas, o homem mais bêbado e chapado de Barcelona.

Eu e Pako ficamos sentados no banco da praça, enquanto o skatista, obviamente, andava de skate com os outros amigos. Enquanto isso, Pako me contava que se fosse menina, ela teria o nome de Janna (em espanhol se pronuncia Ranna). Depois de alguns porros, eles me levaram pela primeira vez no MACBA.... e numa sequência de esquerdas e direitas pelo Raval chegamos na calle Luna, entramos num barzinho marroquino, onde só podíamos entrar descalços. Foi numa mesinha baixinha que Pako bêbado e chapado discutiu comigo sobre os famosos e desconhecidos plânctons. E foi ali, que comecei a imaginar o que eu estaria fazendo quando sua filha nascesse. Encontrei diversas vezes Pako ainda no verão e no outono do ano passado. A última vez que o vi, ele queria desesperadamente a camisa do Corinthians que eu tinha dado para o skatista.

São Paulo, março de 2009

Ainda é verão, o outono chegará em poucos dias. As grandes festas já passaram e eu continuo do lado de fora de minha casa. É na rua que minhas ideias fluem, se conectam e se proliferam. A mudança está por vir, e mais uma vez, a mudança será radical. É nessas horas que você vê quem realmente são seus amigos. Desculpe pela arrogância, mas grandes amigos eu tenho muitos, por isso esses que me escapam pelas minhas próprias mãos não são brothers, são talvez colegas. Boca aberta, como diria o Laércio. Quando chego em casa, abro meu gmail: um email do skatista com uma foto de Janna na maternidade! Se o tempo voa? Difícil dizer quando pra mim a Janna surgiu na barriga da mãe no final do verão e nasceu novamente no final do verão...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Graffiti brasileiro ganha medalha na França

Lembram daqueles elefantes no qual eu tinha me apaixonado? Pois é, os franceses também se apaixonaram. O graffiteiro Andrea Brandani recebe no próximo mês a Medaile de Vermeil, da Academia de Arts Sciences e Lettres da França, pelos serviços prestados a arte na rua para a população.
Andrea é conhecido por graffitar os elefantes nas portas de comércios e paredes do bairro de Ipanema, Botafogo e Copacabana. E também pelas esculturas em troncos de arvores na rua Barão da Torre e Vinicius de Moraes em Ipanema.
Depois de receber a Medaile da Academia, o artista abre a mostra L’univers Bresilien na galeria Everarts em Paris com outros cinco artistas brasileiros.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cinco semanas e um novo bubbaloo de tutti frutti (ahrm)

Ela vai. Leva junto uma parte minha.
Sempre levou. E sempre devolveu.
Devolve em dobro, como se estivesse pagando juros.
Mas não paga, porque entre nós, não existe dívida.

Chegou no momento certo.
E só se despediu quando tirou meu curativo.

Se existe uma explicação? Não!
Nem sequer uma justificativa.
E podem anotar: Isso só existe porque há uma distância!
E se não houvesse a distância, o mundo teria sentido e a vida seria ainda melhor.

Mas é na existência da distância que o tempo se torna único,
que os dias conjuntos são mais que vividos,
e que tudo na realidade remete a um sonho.

Coisa igual eu nunca vi e tão pouco ouvi.
Não é amor, não é amizade, não é irmandade...
É além...

Ela vai. London a espera ansiosamente.
E eu espero tranqüilamente a próxima devolução!


Mari 13/04/09

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Do pranto fez-se o riso ou Da noite fez-se o dia

De repente amanheceu. E foi assim, num estralo de dedos, estava sol. Os sobreviventes caminharam até o jardim, dançaram, brindaram e riram. Riram como se fosse a última vez, mas não era a última vez. Sensações assim, a gente reza para vir quase todos os dias. O episódio foi apelidado de: Uma estranha manhã! Até porque é estranho mesmo pensar que os sobreviventes estavam mais loucos do que naquela tarde típica Poderoso Chefão em pleno jardim. Dizem por ai, que loucuras assim só acontecem mesmo em jardins! Agora além de um otorrinolaringologista, procuro também jardins!

Tire essas rugas da testa e abra um sorriso! Porque eu vendi os ingressos do seu show a preços populares. E você queria o que, meu bem? Depois que você convenceu a todos que devia alterar o roteiro original, eu lavei minhas mãos e liquidei os ingressos. "Compre 2 ingressos e ganhe 5" Não sei se alguém te ensinou que obras de arte não se modificam. Você pode até se inspirar ou até recriar, mas alterar nunca. Mas mesmo assim, eu estarei na platéia, porque se ninguém bater palmas, fique tranqüilo, eu baterei palmas até minha mão arder e rirei até meu abdômen não suportar mais a dor.

E no novo mundo, as idéias são costuradas atrás dos quadros. A música continua no mesmo estilo, mas os novos álbuns estão viciantes. E como o mundo é novo, não existe divulgação, só pinceladas e uma pitada de graffiti!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Procura-se

Sentada na mesa de um restaurante espanhol, comemorando o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida, acompanhada de sangria e pessoas incríveis, cheguei a conclusão que estou à procura de um otorrinolaringologísta! Deadline: 6 meses e não me pergunte por que!