quinta-feira, 10 de março de 2011

Sem rastros, nem no muro e nem no batimento cardíaco

No final da história, se distanciou até mesmo de sua própria inocência. Jogou pela janela quase todos seus conceitos, suas verdades e suas vontades. Quebrou suas mentiras no chão, juntou com o resto de seu orgulho e jogou tudo pela privada, antes de dar descarga, jogou a foto, e o fósforo apagado.


Num dia qualquer, a curiosidade gritou. Então, desceu a rua toda, virou a direita e fechou os olhos - era preciso para não sentir saudade daquilo que já existiu e já acabou. Foi até o muro, olhou para trás e para os lados - era necessário conferir, se ninguém, estaria ali para comprovar a sua presença. E uma história que tem seu fim, não deixa rastros nos muros.


Sem peso no coração, saiu leve daquela rua, onde um dia, colocou no muro o começo do fim. Continuou andando até o fim da rua pensando em apenas uma coisa: como pode encostar a cabeça no peito de alguém e sentir uma paz instântanea?


É bem capaz, que você venha até aqui ler isso. E vai pensar no que não deveria pensar. Até porque, ontem eu sonhei, e não era você que estava comigo. Era a sua versao melhorada, lembra? E no sonho, ao lado do meu novo amor – que ainda não é meu, mas será – a reação era de uma adolescente, que explodia de felicidade daquilo ser realidade. Acordei ao som de Billie Holiday dizendo que o sol já tinha nascido, e que eu deveria partir, mesmo sem querer deixá-lo sozinho.


E qual seria o nexo? Nenhum, diria eu. Pela primeira vez, o coração bate tranquilo, sem tristeza, sem saudade, sem angústia. O coração que sempre bateu por alguém, hoje descansa. E era isso, que eu queria tentar dizer. Que ele está em paz e que pagarei o necessário para continuar assim, livre, leve e solto. Sem a espera de alguém que possa roubá-lo.

terça-feira, 1 de março de 2011

E você me falou....

Eu fechei a porta e você ficou do outro lado.

Não adianta bater,

Porque vou ficar quieta,

Fingir que não tem ninguém.


Podem gritar na rua,

Podem colocar faixas em frente de casa,

Podem inventar um monte de mentiras,

Podem contar todas as minhas verdades guardadas do baú.


Daqui ninguém me tira.

Fuçar no passado, não leva a lugar nenhum.

Se fosse bom, estaria aqui.


As noites passam,

E as palavras também,

Da boca pra fora,

Digo que não acredito,

Mas na noite seguinte,

Sozinha em minha cama,

Eu lembro,

Daquilo que ouvi.


Num ato de insanidade,

Querendo provar sei lá o que,

E muito menos pra quem,

Me atirei em braços,

Que prefiro nem lembrar.


E mesmo assim, eu lembro daquilo que ouvi.

E mato minha vontade, sem você saber,

Só para não me atirar de novo,

Nos braços de quem vou querer esquecer depois.


O tempo me distancia. E a tolerância também.

Não gosto de ninguém que queira ser meu dono.

Gosto daqueles que não querem ser.

Mas aí já é outra história.


E pra resumir, hoje eu lembrei daquilo que não ouvi.