sábado, 30 de janeiro de 2010

O relógio marca o tempo que não passa.
Dá saudade do tempo que não foi.
Dúvido.
Se eu contasse, ninguém acreditaria, mas é real.
Às vezes a razão manda no coração.
O fato é querer, e eu não quero.
Não quero, porque a gaveta está aberta, e eu não vou fechá-la.
Dessa vez não.
De fato, aceitei.
A mudança está quase em todos os dias.
Desembulhei a caixa. Encontrei pessoas com sonhos pequenos, porém lindos. A simplicidade ainda existe e torna o mundo um pouco mais agradável. Entrei nos barracos da favela da Espraiada, sentei no sofá da sala, olhei nos olhos que não brilham, fechei os meus para imaginar como deve ser viver sem janela. O ódio passa a ser totalmente comprenssível. Conheci a cabana de perto, cozinhei, tomei banho e brindei. Pura arte vivida e construída.
Numa noite dessas, com pessoas ainda não conhecidas, provei. A lua aparece para aqueles que são persistentes. Diante de uma cortina, a praça, a luz que não ilumina. Difícil explicar.

odanoisnemid

Não poderia descrever o cenário, porque é algo não dimensionado.
Algo que você precisaria abrir as cortinas antes que começasse o espetáculo.
Em que a dúvida e a imaginação se misturassem de forma clara, tranquila e agressiva.

Depois das cortinas, as pessoas. Também não dimensionadas.

O novo que remete ao vivido.
Novas lembranças.

Não se vicie.
Apesar do ar puro entrar no pulmão,
e sair como gás.
carbônico.

Reciclável.
Transformador.

Mas acredite,
te peço pela última vez:
Não se vicie.

Porque o vício vive atrás das cortinas!

Mari 26/01/10

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Remember this:

As pessoas vão lembrar de você pelo final de sua história e não pelo começo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

E ainda dizem que isso é jornalismo!

Eu não faço mais parte e isso me dá um alívio. Pra que um noticiário da TV precisa dedicar 4 blocos com matérias de diversos ângulos sobre o Haiti????? Alguém pode me responder isso? Por que a Veja e a Época dão a mesma capa escrota sobre o terremoto? Uma mão empoeirada pedindo socorro? Um verdadeiro nojo misturado com um sensacionalismo ao cubo. E a população pede mais. Ela quer assistir o socorro da vítima ao vivo, ela quer ficar sentanda no sofá e depois de ver tudo isso, comparar a sua vida e ver que não está tão ruim assim. O editor ganha um grande salário para aceitar uma nojeira dessa. Pode até justificar dizendo que tem filhos para criar, mas que crie vergonha na cara ao menos uma vez. Seria fácil ouvir que é assim mesmo, em qualquer lugar do mundo a imprensa é sensacionalista. Eu discordo. Presenciei uma queda de um avião em Madrid e não chegou a nem um décimo comparado com o Brasil. Ai uns diriam: então por que não volta ao jornalismo e tenta mudar tudo isso? E eu responderia: O jornalismo é que nem política. Meia palavra basta, creio eu. E só consigo sorrir quando lembro que eles já não são mais meus colegas de trabalho. Pode apostar, isso dá um alívio enorme!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"That's not my name"

Vou tentar. A vontade é só uma. Vomitar tudo aquilo que fermenta meu estomago. Dizer que na mudança achei todas as suas velhas poesias na minha última gaveta. E descobri duas coisas: que um dia você já escreveu poesias bonitas e que aquele seu amigo nunca existiu a não ser na sua própria imaginação. Isso seria engraçado se eu apagasse da minha memória a quantidade de lágrimas que você derramou por ele. Achei que seria mais fácil começar 2010, mas não foi. Diante de tantas desgraças anunciadas na TV, chorei em quase todas. A paciência se mudou de minha mente para um lugar que ainda não descobri qual é, e pior, a tolerância foi junto. Segundos antes de dormir, o chamei na minha cama para trocar uma ideia olho no olho. Adormeci daquele mesmo jeito e no dia seguinte percebi que ele tinha entendido muito bem tudo aquilo que foi conversado. Isso quer dizer que a caixa está novamente em minha frente pronta para ser desembrulhada.

Passei de amarelo, comi lentilha, pulei 7 ondas e pedi muito para não ter mais mudança e comecei o ano mudando. Comecei gargalhando por ouvir histórias do passado e por saber que irrito alguém sem ao menos conhecê-lo. Que doeu quando eu vi. Achei que as cicatrizes não abririam, comprovei mais uma vez, logo no início de 2010, que dói ao apenas ver. Que não quis saber de você, mas foi a primeira coisa que soube. E antes de qualquer coisa, saiba que suas palavras não me machucam. Eu sei que você fez tudo aquilo de propósito, e eu quebrei minhas promessas. Fui atrás. Não de você, mas de suas imagens. Se é amor ou não, foda-se. Não se refere a mim. Aliás, tô pagando para ver amores reais. Porque o que vejo por ai, é tudo amor inventado, daqueles recheados de medo de ficar sozinho. O amor sobe serra? O amor desce serra? Amor de verão dura? Para o amor não existe tempo. E nesses dias vi com os próprios olhos amores de verdade, Silvestri e Alice, Alê e Daniel e os frutos mais lindos recém-nascidos: Anna e Antônio.

E se ainda existe alguma dúvida: “Tire férias de todo esse tempo que passou querendo compreender o sentido das coisas. Elas não têm o menor sentido.”